Número de roubo seguido de morte é maior do que a soma dos casos registrados nos 2 últimos anos
Aumentar o policiamento nas ruas não é o suficiente, diz especialista, que também alerta para as praças abandonadas, ruas escuras e mato alto (Cedoc/RAC)
Dados obtidos no começo da semana passada pela reportagem do Correio Popular junto à Secretária de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo mostram que o número de latrocínios em Campinas disparou nos primeiros sete meses do ano na comparação com períodos anteriores. Até o dia 31 de julho, nove roubos seguidos de morte foram registrados em 2020. Trata-se de um índice que nos últimos 13 anos só não é maior do que o verificado em 2008, quando 10 crimes desta natureza ocorreram na cidade entre os meses de janeiro e julho. A quantidade de ocorrências em 2020 também é maior do que a somatória dos últimos dois anos. Entre os dias 1º de janeiro de 2018 e 31 de dezembro de 2019, oito roubos seguidos de morte aconteceram no município — o que representa uma média de um latrocínio praticado a cada três meses. Neste ano, o índice aumentou para mais de um caso por mês. Somente fevereiro e maio não registraram nenhuma ocorrência do tipo. Ao todo, foram três vidas perdidas em janeiro, duas em março, uma em abril, uma em junho, além de outras duas em julho. De acordo com José Henrique Specie, especialista na área de segurança pública, o latrocínio é um tipo de crime que precisa de uma maior atenção por parte das autoridades públicas. "A gente não pode fechar os olhos para isso. O latrocínio é um crime contra o patrimônio e um tipo de delito difícil de identificar porque geralmente não tem uma organização criminosa por trás ou uma conexão com uma região especifica", afirma ele. "Uma medida importante seria aumentar o policiamento nas ruas. Quanto maior o efetivo, maior é a tendência de diminuição deste e de outros tipos de crimes", destacou. Além de cobrar uma maior atuação das equipes de segurança, Specie ressaltou que algumas medidas simples poderiam ser tomadas pelos governos municipais para evitar o alastramento das ocorrências. "Locais onde há um descuido maior por parte da Prefeitura, como praças mal cuidadas, locais com pouca iluminação e mato alto, propiciam a prática do latrocínio. Uma cidade bem cuidada e com a infraestrutura adequada ajuda a inibir o crescimento dos roubos seguidos de morte", lembrou. Ao todo, Campinas possui 13 Distritos Policiais (DP) espalhados por toda a cidade. Entre os meses de janeiro e julho deste ano, a unidade que computou o maior número de latrocínios foi o 6º DP, com um terço das ocorrências (três das nove). O espaço atende os moradores que vivem nos arredores do Jardim Novo Campos Eliseos. Outros dois registros ocorreram no 3º DP, no Centro. Os demais casos (um em cada) foram computados nos: 2º, 9º, 11º e 12º distritos policiais, que atentem as regiões dos bairros São Bernardo, Vila Aeroporto, Jardim Ipaussurama e do distrito de Sousas, respectivamente. O crime de latrocínio consta no Artigo 157 do Código Penal Brasileiro. A pena para quem o comete é de 20 a 30 anos de reclusão. Ocorrências de estupro também aumentam Campinas não teve um aumento apenas no número de casos de latrocínio. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, a cidade também registrou em julho um crescimento nas ocorrências de estupro e de homicídio culposo (quando não há intenção de matar) por acidente de trânsito na comparação com o mesmo período do ano anterior. Por outro lado, a secretaria informou que houve queda nos casos de homicídio doloso, roubos e furtos. De acordo com os dados, foram 15 casos de estupro computados pela Policia Civil no mês passado — um aumento de 36% em relação ao mesmo período de 2019, quando houve 11 ocorrências. Já o crime de homicídio culposo por acidente de trânsito registrou 13 ocorrências em julho, o que representa um volume 85,7% maior do que no mesmo período do ano anterior, quando houve sete casos. Os dados criminais de julho mostram ainda que houve queda de 44,4% nos casos de homicídios dolosos (quando existe a intenção de matar) na cidade. Ao todo, foram cinco assassinatos em julho, contra nove no mesmo mês de 2019. Os dados mais expressivos da SSP, no entanto, ficaram por conta dos roubos e dos furtos em geral, que apresentaram redução de 43,4% e 39,2% entre os meses de julho de 2019 e 2020, respectivamente. O total de roubos caiu de 652 para 369, enquanto o de furtos despencou de 1.522 para 847. SAIBA MAIS LATROCÍNIOS EM CAMPINAS Ano (jan. a jul.) Total 2008.................................................10 2009..................................................8 2010..................................................6 2011..................................................2 2012..................................................6 2013..................................................7 2014..................................................4 2015..................................................8 2016..................................................6 2017..................................................5 2018..................................................1 2019..................................................2 2020..................................................9 Fonte: SSP