Alguns querem a revisão do valor, outros defendem o gasto e outros, ainda, são contra a medida
Os vereadores de Campinas dividem opiniões a respeito da licitação do lanche oferecido nas sessões, que custará aos cofres públicos cerca de R$ 48 mil ao ano. A concorrência causou polêmica entre os parlamentares. Alguns defendem a compra dos alimentos.
Outros acreditam que deve haver revisão do valor máximo ou até mesmo a revogação do certame. Lançada este mês, a concorrência prevê a destinação de até R$ 728,00 a cada reunião para a compra de croissant, sanduíche de metro, bolos, pão de queijo, três frutas da época, patê de azeitona e frango, leite, chocolate em pó, geleia, manteiga e suco de frutas.
Os petiscos vão servir exclusivamente os parlamentares durante as 67 sessões do ano, conforme consta no processo. A empresa contratada também deverá fornecer garçons, copeira e a decoração da mesa.
O vereador Artur Orsi (PSDB) se posicionou contrário à proposta e disse que vai iniciar um movimento pela revogação da licitação. “Vou abordar o tema. Não acho correto e não vejo necessidade.”
Seu colega de Casa, o vereador Antonio Flôres (PSB), não partilha da mesma opinião. Para ele o preço não é exorbitante e existe a necessidade da Casa fornecer a alimentação para os parlamentares durante as sessões. “Vai ter lá uma fruta, algo para o vereador comer durante a sessão. Não vejo nada de exagerado nisso.”
Na última sessão da Câmara, na segunda-feira (18), os parlamentares ignoraram o tema após uma reunião ocorrida na presidência da Casa, onde ficou acertado que não se comentaria o assunto para evitar que houvesse um desgaste da imagem do Legislativo.
O único que tocou no assunto foi Paulo Bufalo (PSOL). O vereador afirmou na ocasião que os R$ 48 mil anuais da licitação poderiam tirar muitas famílias da situação de extrema pobreza.
Os vereadores Pedro Tourinho e Alberto Alves da Fonseca, o professor Alberto (sem partido), defenderam na última semana a revogação ou a revisão do valor da compra do lanche.
O vereador José Carlos Silva (PMDB) disse que conseguiu a doação das frutas para os parlamentares e que, para ele, só precisa ter pão, mortadela e melancia. “Se tiver só isso já está bom demais”, afirmou. Atualmente o cardápio do lanche dos vereadores conta com pão, mortadela, presunto, queijo e refrigerante.
O vereador do PTB Jorge Schneider acha que a licitação trará legalidade para a Câmara.
Segundo o petebista, hoje a compra é feita de forma irregular e o preço colocado na licitação é o valor máximo que será reduzido durante a concorrência.
O discurso do Schneider é o mesmo do presidente da Casa Campos Filho (DEM). Para ele, a abertura da concorrência evita que sejam feitas compras pontuais sem justificativa ou aval legal.
No ano passado, o lanche era adquirido pelo ex-presidente Thiago Ferrari (PTB). Segundo ele, o gasto semanal era de R$ 100,00.
Para o parlamentar André Von Zuben (PPS), a proposta da presidência da Casa é razoável e o valor não é absurdo.
“Eu já fiz muitas licitações. O preço final cai. A Câmara não vai pagar todo esse valor. É preciso ter algo para comer à noite. Muitos vereadores passam o dia todo na Casa e as algumas sessões terminam tarde, por volta das 23h”, afirmou.
Edital
No edital publicado pela Câmara, entre as obrigações da contratada estão o fornecimento de copos, pratos, jarras, travessas, bandejas, talheres, guardanapos, toalhas e montagem de mesas. Também ficou detalhado que a equipe prevista pela contratada para fornecer alimentos para deverá ser constituída por pessoal de apoio (serviços de copa) e garçons para servir e repor a mesa.
O petista Angelo Barreto defende que o edital seja reformulado para diminuir o preço, mas também não enxerga nenhum tipo de problema na licitação. “Eu na realidade pouco entro na sala para comer. Mas não vejo nenhum problema. O que podemos discutir é o preço.”