Lagoa do Taquaral continuará fechada por ao menos 10 dias

Situação começa a preocupar os comerciantes do local, que temem a falência

Bianca Velloso/ [email protected]

28/02/2023 às 08:33.

Atualizado em 28/02/2023 às 13:16

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Quiosques da Lagoa do Taquaral devem permanecer fechados por ao menos mais 10 dias, até que os trabalhos de poda e remoção de árvores na área interna do parque estejam concluídos: comerciantes estão apreensivos (Rodrigo Zanotto)

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Há mais de um mês fechada, em razão da queda de um eucalipto que matou a menina Isabela Firmino Tiburcio, 7 anos, a Lagoa do Taquaral deverá permanecer assim por ao menos mais dez dias para a conclusão dos trabalhos, segundo afirmou o diretor de Parques e Jardins, Luís Cláudio Mollo. Os comerciantes do local estão preocupados com a possibilidade de o prazo se estender mais, pois admitem correr o risco de falência, apesar de a Prefeitura ter prometido não cobrar o aluguel pelos dias em que os quiosques ficarem fechados. Mesmo que a Lagoa do Taquaral seja prioridade para reabertura, pois conta com a circulação de cerca de 30 mil pessoas nos finais de semana, as equipes da Prefeitura de Campinas seguem trabalhando nos 16 parques da cidade que continuam fechados.

Na Lagoa do Taquaral, as equipes da Prefeitura já concluíram a etapa chamada poda de borda, que consiste na retirada dos galhos que invadiam a área da calçada externa e árvores no entorno do parque. Agora, a equipe está concentrada na área do Portão 1 e da pista de caminhada do parque. Segundo o diretor de Parques e Jardins, Luís Cláudio Mollo, todos os eucaliptos que apresentavam risco já foram removidos e agora estão extraindo árvores com baixo risco de queda. "Por conta das chuvas fora do normal, a gente vai tirar essas árvores e fazer todo esse trabalho interno para que a gente abra a Lagoa. A previsão é de 10 dias. Vamos terminar o laudo que foi feito pelos nossos técnicos, a parte externa do parque já está pronta", disse Mollo. A previsão é que a equipe dobre de número, passando de 30 para 60 funcionários trabalhando para a conclusão dos trabalhos.

O diretor de Parques e Jardins explicou que os funcionários da Prefeitura estão retirando galhos secos e galhos grandes que apresentam riscos, segundo avaliações. Mollo disse que por se tratar de uma área com intensa circulação de pessoas, essas medidas preventivas precisaram ser tomadas para evitar acidentes. Quanto aos eucaliptos, ele disse que não apresentam mais riscos e que a área onde essas árvores ficam, vai ser isolada com tapumes até a remoção total. "Vamos fazer um novo parque naquela área de 10 mil metros quadrados", prometeu Mollo.

O replantio não está sendo feito no momento, pois, segundo informou o diretor de Parques e Jardins, será realizado um estudo para avaliação de quais espécies devem ser plantadas, bem como a localização. "O problema aqui é um plantio muito adensado, porque se você ver tem uma árvore do lado da outra. Então é sombreamento, é galhos que apodrecem, árvores que têm o ataque de pragas. Isso pode ocorrer agora como daqui a três meses. Então por isso temos que fazer o manejo permanente de árvores", explicou.

O destino dos galhos e árvores extraídos é a Usina de Compostagem da Prefeitura Municipal de Campinas, localizada nas Chácaras Campos dos Amarais, em Campinas. Lá, as árvores serão transformadas em adubo. "As árvores serão batidas e misturadas com um composto da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), tem todo um processo e vira adubo", contou o servidor que trabalha há 38 anos na Prefeitura.

Comerciantes

Os comerciantes que têm como fonte de renda a venda de produtos na Lagoa do Taquaral estão preocupados com a possibilidade de o prazo se entender ainda mais, pois, segundo o representante dos comerciantes, Ricardo Pedroso, de 46 anos, eles correm o risco de falir. "Estamos na expectativa de reabertura neste fim de semana, não tem como adiar mais. Vamos falir", disse o comerciante proprietário do quiosque Milho na Lagoa, que está no local desde junho de 2001. Como forma de tentar amenizar os prejuízos desses trabalhadores, a Prefeitura de Campinas os isentou de pagar a taxa de uso do solo, como é chamada, para Serviços Técnicos Gerais (Setec), enquanto estiverem impossibilitados de realizar suas atividades.

Pedroso disse que teve que cortar gastos para enfrentar a situação. "Prejuízo foi grande, pois deixei de ganhar e gastei minhas reservas. Esse ano eu não recupero esse prejuízo", contou. Ele disse que ainda é difícil pensar em valores e que teve que "cuidar da mente", porque ficou muito estressado no período.

"Meu principal fornecedor é um agricultor cuja sua única fonte de renda é vender milho para mim", disse Pedroso que parou de fazer compras de matéria-prima no último mês, pois ele suspendeu totalmente as atividades de produção de produtos.

Parques em Campinas

A queda do eucalipto na Lagoa do Taquaral que vitimou a menina Isabela Firmino Tiburcio, 7 anos, acendeu um alerta na Prefeitura para novos acidentes, que acabou determinando, no dia 24 de janeiro, o fechamento dos 25 parques da cidade, por tempo indeterminado. Gradualmente, na medida que os trabalhos de vistorias, podas e extrações são concluídos, os parques da segunda cidade mais arborizada do Brasil vão sendo liberados. Até agora, depois de mais de um mês da interdição, nove parques já foram liberados e dezesseis seguem interditados. Veja no quadro ao lado a situação de cada parque da cidade.