EM CAMPINAS

Ladrões de carros fazem 27 vítimas todos os dias

Em 11 anos, 105 mil veículos foram roubados ou furtados em Campinas; 40% são recuperados

Luciana Félix
19/02/2013 às 07:49.
Atualizado em 26/04/2022 às 04:07
Viatura do PM em frente a carro roubado, interceptado após perseguição; assaltante só parou depois que policial atirou no motor (Raquel Valli/AAN)

Viatura do PM em frente a carro roubado, interceptado após perseguição; assaltante só parou depois que policial atirou no motor (Raquel Valli/AAN)

Os crimes de roubo e furto de veículos em Campinas mantêm desde 2002 um ritmo acelerado e constante e fizeram, na média dos últimos 11 anos, 27 vítimas por dia na cidade. São quase 30 campineiros que ficam sem seus veículos todos os dias na cidade em ocorrências que podem ser violentas e com ameaça, com o ladrão armado, ou silenciosas, quando a pessoa volta para pegar o veículo e não o encontra mais. Ao todo, os casos atingem um número que preocupa: foram 105 mil furtos ou roubos desde 2002, número similar às frotas totais, somadas, de Hortolândia (60 mil) e Sumaré (45mil).

Os dados são das estatísticas oficiais de crimes divulgadas pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP). Em 2002, foram 10.377 casos de furto/roubo de veículos na cidade (média de 28,4/dia). Dez anos depois, em 2012, foram 9.965 ocorrências (27,3/dia). Hoje, segundo a polícia, a média de recuperação desses veículos gira em torno de 30% a 40%.

Nos últimos 11 anos, esses dois tipos de crime só tiveram redução nos anos de 2007 (8.682, ou 23,7 casos/dia) e 2008 (7.525, ou 20,6 casos/dia). Em 2009, os casos voltaram a aumentar (22%).

No período, a cidade cresceu. Houve aumento de 100 mil pessoas na população (de 989 mil para 1,090 milhão) e de 318 mil veículos nas ruas (de 482 mil em 2002 para 800 mil em 2012). Mas, mesmo assim, especialistas acreditam que seria possível reduzir os casos de roubos e furtos de veículos com ações preventivas.

Mapa

No ano passado, 2.010 veículos foram roubados nas regiões dos bairros Taquaral (4º DP), Castelo e Chapadão (3º DP) e São Bernardo (2º DP). Já os furtos de veículos somaram 2.400 casos no São Bernardo (2º DP), Centro e Botafogo (1º DP) e Taquaral (4ºDP). Esses são os principais bairros onde há esse tipo de delito.

“As pessoas devem ter cuidado ao deixar os veículos em qualquer bolsão de estacionamento. Devem deixar onde tem alguém próximo olhando e evitar deixar mochilas que chamem a atenção de bandidos no banco do carro”, alertou o delegado responsável pelo 4ºDP, Maurício Geremonte.

O motoboy Wadson Rocha, de 32 anos, conhece o risco de perder o veículo e toma medidas extremas para evitar. Sempre que vai à Lagoa do Taquaral, procura estar próximo ao veículo ou deixa alguém no carro para cuidar. “Sei que, se alguém chegar com arma, vai levar, mas furtar não.”

Áreas de ‘desova’ são conhecidas pela polícia

A maior parte dos veículos recuperados em Campinas é abandonada pelos bandidos após fazerem outros ataques criminosos. Eles são achados em bairros também conhecidos pela polícia como áreas de desova, nas regiões Sudoeste e Noroeste da cidade. Quando um veículo é recuperado, na maioria das vezes poucas horas após o delito, uma viatura da Polícia Militar fica aguardando horas a chegada de um guincho para recolher o veículo.

“O roubo e o furto acontecem por motivos diferentes, alguns criminosos fazem para facilitar a fuga até o local onde moram, para fazer outro roubos e até para passear”, afirmou o porta-voz da Polícia Militar (PM) em Campinas, o major Marci Elber Resende da Silva. Porém, a grande maioria dos veículos é levada para abastecer desmanches. “O mercado de peças usadas é muito grande”, afirmou.

De acordo com a polícia, os criminosos que roubam e furtam veículos têm perfis diferentes, na maioria das vezes. Nos casos de roubos de veículos, os ladrões são mais jovens — até 25 anos —, têm baixa escolaridade e agem por oportunidade. “São bandidos menos experientes, se arriscam e muitas vezes estão armados e querem o que encontrarem pela frente”, explicou o major da PM.

Já os criminosos que fazem furto, ainda segundo a polícia, têm mais idade e “experiência”. “Fazem de tudo para não chamar a atenção e agem sabendo o que vão fazer. Muitos saem com uma lista de veículos a serem subtraídos. Muitos vão para desmanches, como os nacionais de marca populares que servem para abastecer de peças essas quadrilhas. Já os veículos com mais potência são usados para roubos e crimes que precisam fugir rapidamente”, disse o major.

O tempo usado para que um ladrão considerado “experiente” furte um carro não passa de 50 segundos. “Eles são muito rápidos e agem em local onde sabem que o dono vai demorar para voltar”, afirmou.

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