MORTO ESPANCADO

Justiça nega pedido para prender padrasto de menino

Tiago Rodrigues, de 5 anos, morreu ao apanhar da mãe de vassoura; irmão depôs que padrasto também costumava espancar o menino e maltratá-lo

Luciana Félix
06/03/2015 às 21:34.
Atualizado em 23/04/2022 às 18:14

A Justiça negou pedido de prisão contra Tiago Rodrigues, padrasto do menino Adriano Henrique Jardim Ramos, de 5 anos, morto após apanhar da mãe, Jane Aparecida Jardim, de 27 anos, em Cristais Paulista, no último final de semana.   O pedido foi feito nesta sexta-feira (6) pela polícia de Franca logo após seu irmão mais velho, que tem 12 anos, ter prestado depoimento na Delegacia da Infância e Juventude. O garoto, que após a morte do irmão, passou a morar com o pai, no Jardim Florence, em Campinas, fez acusações graves contra o padastro. Ele afirmou que Rodrigues era mais violento que a mãe, e que o irmão mais novo sempre apanhava do casal por defecar na roupa. Um vizinho confirmou as informações do garoto.O menino foi ouvido durante todo o dia. Ele contou que o padrasto bebia muito. "Era difícil. Uma vez quase me matou de tanto me enforcar. Ele é pior do que ela. Dava chicotada, cintada, borrachada, tudo" , afirmou o menino que contou que era obrigado a roçar o mato (ele, a mãe, o irmão e o padastro moravam em uma fazenda).   "Falava pra arrancar mato e se eu não arrancasse ia ficar sem comer. Uma vez ele amarrou o Adriano na árvore, só porque o moleque não queria levantar da cama. A única coisa que queria é que ele fosse parar na cadeia" , disse o menino.   O irmão mais velho relatou também que o menor era o que mais sofria. "O Adriano apanhava de vara, de cinta, chicotada, borrachada quem dava era o Tiago. Colocava pra dormir dentro do galinheiro porque ele fazia cocô na roupa. Fiquei em estado de choque quando soube que ele tinha morrido, minha vontade era de ter ido com ele" , falou o garoto.Pai e filho voltaram hoje à noite para Campinas após as denúncias à polícia. "Nunca soube o que acontecia. Eles foram morar com ela no final do ano passado. Não sabia desses problemas" , disse Reginaldo Ramos. Ele afirmou que quando ainda morava com a mãe das crianças ela nunca demostrou qualquer reação violenta. "Se desconfiasse não teria deixado eles irem morar com ela". O avô do garoto, José Jerônimo Ramos, afirmou que também só soube da violência quando foi buscar o neto mais velho. "Até pote de pimenta ele (padastro) fez os meninos comerem de castigo. Ele é desumano, tem que ser preso que nem a mãe. Um dos peritos que analisaram o corpo do meu neto disse que ele estava com várias pancadas na cabeça, muitos hematomas" , afirmou.O casoO garoto morava com o irmão de 5 anos, a mãe e padastro em uma fazenda. Em depoimento, a mãe contou ter usado uma vassoura, que foi achada com o cabo quebrado, e um cinto para bater no filho. No momento da agressão o irmão maior estava na escola e o padrasto no trabalho. ReconstituiçãoA Polícia Civil reconstituiu na última quarta-feira (4) a morte do garoto. A mãe alegou ter batido no filho porque ele teria defecado na cama, versão que foi contestada. O garoto teve ferimentos em várias partes do corpo e traumatismo craniano.O padrasto não estava na casa e nega que fosse violento com os enteados, enquanto que a mãe foi presa e mandada para Tremembé.    

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