Advogados do presidente da Câmara e do assessor vão estudar as acusações
Vereadores participam de sessão ordinária no Teatro Bento Quirino (Kamá Ribeiro)
O vereador e presidente da Câmara de Campinas, Zé Carlos (PSB), e o subsecretário de relações institucionais da Casa, Rafael Creato, tiveram, no final da tarde de quarta-feira (25), a autorização da Justiça para acessar os autos das denúncias realizadas pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) na semana passada. A dupla é acusada de pedir propina a empresas terceirizadas que atuam na Casa de Leis em troca de renovação dos contratos.
Com o acesso, as defesas de Zé Carlos e de Creato poderão conhecer os conteúdos gravados por empresários e que provariam o pedido de propina. Um dos abordados foi o dono do Grupo Mais (Mais Comunicação Integrada e Marketing), empresa que, em 2019, ganhou a licitação de R$ 4,6 milhões para a gestão da TV Câmara. Ele é uma das testemunhas do MPSP e gravou os supostos pedidos de propina que foram feitos pela dupla.
"Após determinação judicial da magistrada da 5ª Vara Criminal, tivemos acesso aos autos. A partir de agora iremos analisar os documentos encartados para esclarecimentos ao Ministério Público quando intimado a prestá-lo", afirmou Haroldo Cardella, responsável pela defesa de Creato.
O advogado Ralph Tórtima Filho, que representa Zé Carlos, afirmou que o acesso foi dado no final da tarde de ontem e que irá se debruçar no conteúdo para entender melhor todas as acusações feitas pelo Ministério Público a partir desta quinta-feira.
O acesso aos autos, e principalmente aos áudios, é também uma demanda dos vereadores da Câmara. Os parlamentares necessitam das gravações para dar andamento em ações no Legislativo, como a instalação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) e até um pedido de afastamento do mandatário da Câmara.
Até agora, o denunciante do caso, Marcelo Silva (PSD), Nelson Hossri (PSD), que propôs a Comissão Especial, e a bancada do PT já procuraram o MP ou a Justiça de forma oficial em busca de acesso aos autos e aos áudios. Por enquanto nenhum deles obteve sucesso.
A investigação começou a ser realizada no segundo semestre do ano passado, após denúncia feita por Marcelo Silva junto ao MPSP. O vereador recebeu de um funcionário de uma empresa terceirizada três gravações realizadas nas dependências da Câmara que demonstrariam os pedidos de propinas feitos pelos investigados.