Juiz atendeu pedido de mãe de jovem de 21 anos, moradora de rua e dependente de crack
Um mandado judicial determinou a internação compulsória de uma moradora de rua e viciada de crack em Campinas no começo da noite de terça-feira (19).
B.N.S., de 21 anos, foi recolhida pela Guarda Municipal (GM) com o apoio do Serviço Móvel de Urgência (Samu). A jovem estava sentada na calçada entre as ruas José de Alencar e Duque de Caxias, no Centro, região conhecia pela grande circulação de usuários de drogas e álcool.
Ela resistiu à abordagem, agrediu os guardas e ainda tentou quebrar os vidros da viatura da corporação. A mulher teve que ser algemada para ser colocada dentro da ambulância do Samu. A jovem foi encaminhada para o Pronto Atendimento (PA) Centro, onde foi sedada e de lá seria encaminhada para o hospital Cândido Ferreira.
A internação foi autorizada pelo juiz da 2 Vara da Fazenda Pública, Wagner Roby Gídaro, a pedido da mãe da jovem, a vendedora Maria Aparecida Neris. A mulher afirmou que a filha é viciada em crack desde os 15 anos e que esperava há três meses pelo mandado de internação.
“Ela fica um mês desaparecida. Venho ao Centro e a encontro jogada na calçada, machucada. Pego e a levo para o hospital e depois para casa. Ela some de novo. Faço isso há anos, não aguento mais. Ela precisa de tratamento e não tem condição de decidir o que é melhor para ela.”
No documento, o magistrado determina que a Prefeitura providencie internação para o tratamento de dependência química. O mandado ainda solicita que ela seja encaminhada para um local especializado da rede credenciada no Município que inclua serviços médicos, de assistência social, psicólogos e terapeutas ocupacionais.
“Quando o Judiciário determina esse tipo de internação, nós fazemos. Mas Campinas ainda opta por outros caminhos e deixa a internação compulsória como o último caso”, afirmou a diretora de Saúde do Município, Maria Luisa Ardinghi Brollo. Ela afirmou que ainda não está nos planos da secretaria esse tipo de ação, como vem ocorrendo em São Paulo e no Rio de Janeiro.
“Não somos contra a internação compulsória, mas ainda optamos pela internação que desintoxica a pessoa e é ela quem decide se fica ou não”, explicou.
Para a mãe da jovem, a internação compulsória foi a única alternativa para tentar devolver a vida à filha. “Ela não consegue sozinha. Eu só tenho ela na minha vida, não posso deixá-la largada na rua, sofrendo abuso e violência. Só quem tem alguém nessa situação em casa sabe a dor e a batalha que é.”
Rio
No Rio, a Prefeitura deu início de terça à internação forçada de usuários de crack. A operação às margens da Avenida Brasil, próximo a favelas, resultou no acolhimento de 91 adultos e oito crianças e adolescentes. Desse total, 29 adultos foram internados involuntariamente e outros 30 aceitaram o tratamento.