MINISTÉRIO PÚBLICO

Jurandir e Walker viram réus em caso do Metrô

Nove são acusados de improbidade na compra de 26 trens

Maria Teresa Costa
teresa@rac.com.br
19/04/2018 às 07:34.
Atualizado em 27/04/2022 às 13:03

O ex-secretário Jurandir Fernandes: "Não é verdade que compramos os trens com as obras paralisadas" (Cedoc/RAC)

Jurandir Fernandes, ex-secretário de Transportes Metropolitanos do Estado, e Peter Walker, ex-presidente do Metrô, são réus em ação de improbidade administrativa pela compra de 26 trens, que custaram R$ 615 milhões e, segundo o Ministério Público, ficaram sem uso porque a Linha 5-Lilás do Metrô não estava pronta. Fernandes foi secretário de Transportes de Campinas entre 1993 e 1996 e integra o Conselho de Administração da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), e Walker foi presidente da Sanasa entre 1992 e 1996. O contrato da compra foi assinado no governo de Geraldo Alckmin (PSDB). A Justiça de São Paulo tornou réus também Paulo Menezes de Figueiredo, atual presidente do Metrô; Clodoaldo Pelissioni, atual secretário de Transportes Metropolitanos e ex-presidente do Metrô; Sérgio Avelleda, ex-presidente do Metrô e atual chefe de gabinete da Prefeitura de São Paulo; dois outros ex-presidentes do Metrô, Jorge Fagali e Luiz Antonio Pacheco; e dois ex-executivos do Metrô, Laércio Biazzotti e David Turubuk. O Metrô também terá que responder na Justiça. Licitação irregular Segundo a denúncia, as obras da linha foram paralisadas em 2010 por irregularidades no processo de licitação e mesmo assim, em 2011, os trens foram comprados. Na ação, o promotor afirmou que os trens estão abandonados e vandalizados. Além disso, os novos trens têm bitolas diferentes da usada na linha. Jurandir Fernandes, que está no México em um evento sobre transporte (ele é presidente na América Latina da União Internacional de Transportes Públicos), disse ontem que a ação apresenta denúncia de irregularidades que não correspondem à realidade. Ele afirmou que assinou o contrato para a compra dos trens por prerrogativa de um decreto de Alckmin, que permitia a compra direta pelo Estado sem a tributação do ICMS. Dos 26 trens, 25 estão em operação hoje. Na decisão, o juiz Adriano Marcos Laroca afirma que “segundo informações técnicas constantes dos autos, o teste definitivo do trem só poderia ser realizado na própria linha e, mesmo estando os trens parados sem uso em diversos locais, há mais ou menos quatro anos, além de outros desgastes do produto adquirido, e também o serviço de assistência técnica que pode ter sido afetado, exigindo nova contratação”. “Quando começou o processo de licitação houve denúncia de lobby nas obras da Linha 5 e elas ficaram dez meses paralisadas. Só assinamos o contrato dos trens quando as obras foram retomadas. Não é verdade que compramos os trens com as obras paralisadas, como também não é verdade que eles foram vandalizados. Uma parte ficou guardada na CAF, em Sumaré, e outra no pátio da Linha 5, para serem testados”, afirmou Fernandes. Ele disse também que o Estado não perdeu a garantia dos trens, porque ela começou a partir do início da operação. Vagão fotografado Ainda segundo o ex-secretário de Transportes Metropolitanos, o sindicato fotografou um dos 156 vagões grafitado e denunciou vandalismo. “Um entre 156”, disse. Fernandes afirmou também que não procede a afirmação da Promotoria de que os trens não serviam para o Metrô, por diferença de bitola. “Os trens têm bitola internacional, de 1.435, mas na ação foi escrito 1.345. Na hora de digitar alguém deve ter trocado o número. Já mostramos isso ao MP, mas, mesmo assim, a ação foi adiante”, disse. O ex-secretário avaliou que a ação se baseou em uma série de denúncias apressadas. “Vamos mostrar isso na defesa”, disse. Peter Walker disse que não há quase nada a declarar e sugeriu uma visita à Linha 5, para ver os trens rodando “apesar de sermos acusados de comprar trens de bitolas erradas”. (Com agências)

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por