Raio X da polícia será apresentado a prefeito, secretário e presidente da Câmara; ontem, Campinas registrou o segundo caso de latrocínio
Caça-níqueis apreendidos na área externa do 9
O prefeito Jonas Donizette (PSB) e o juiz corregedor da Polícia Civil de Campinas, Nelson Augusto Bernardes, se reúnem hoje na Cidade Judiciária para debater a crise de segurança na cidade. O juiz irá expor o mapeamento feito pelo Judiciário das deficiências estruturais e de efetivo da Polícia Civil no município, que enfraquecem as ações da corporação. A intenção é dividir as informações apuradas para que elas sejam utilizadas no Gabinete de Segurança criado no início deste mês pelo Estado e Prefeitura para combater a escalada de crimes.
Ontem, Campinas registrou o segundo caso de latrocínio (roubo seguido de morte) em menos de 20 dias. O empresário Romário de Freitas Borges, de 76 anos, morreu com um tiro na cabeça em uma tentativa de roubo à sua caminhonete, na Vila Castelo Branco.
Além de Jonas e Bernardes, o presidente da Câmara Municipal, Campos Filho (DEM), e o secretário municipal de Segurança Pública, Luiz Augusto Baggio, também estarão no encontro. A reunião será a partir da 14h30.
Correições
No ano passado, o juiz fez duas correições, nos meses de junho e novembro, nos 13 distritos policiais e nas oito delegacias especializadas. Nas ações ele constatou uma situação alarmante, principalmente pela falta de pessoal, de estrutura e de material de trabalho. No 9º Distrito Policial, no Jardim Aeroporto, por exemplo, havia mais de mil inquéritos parados há mais de um ano. A crise da corporação ganhou destaque em reportagens do Correio ao longo do ano passado.
“A intenção é apresentar tudo o que foi apurado em todos os setores da Polícia Civil em Campinas. Desde situações de falha na estrutura até os problemas gerados pela falta de funcionários. Entre a primeira e a segunda correição, houve uma melhora. Porém, a situação ainda é ruim. Reconheço o esforço da polícia local, mas é necessário medidas para melhorar este quadro”, afirmou.
O juiz acredita que o Município precisa se inteirar de toda a situação em que se encontram os órgãos de segurança pública para assim utilizar os argumentos e conseguir ações efetivas na cidade. “É uma forma de contribuir com o Gabinete instaurado, que é de grande valia. E a Prefeitura tem demonstrado que quer melhorar a situação. Por isso vou passar o que puder para dar força a este grupo.”
Bernardes também apresentou os problemas para o secretário de Estado da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, e pediu uma solução emergencial para a corporação. “Depois disso ele determinou o aumento da Delegacia de Defesa da Mulher e veio até Campinas para se encontrar com o prefeito e lançar o Gabinete, que é uma forma da cidade dizer não à violência.” O juiz não fará parte do grupo por não pertencer à esfera executiva, mas se colocou à disposição para ajudar no que for preciso.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de da Prefeitura para comentar o assunto com Jonas, mas ele estava em um evento com o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), e não pôde atender à solicitação.
Gabinete
A Prefeitura e o Estado anunciaram no último dia 7 a criação de um Gabinete de Segurança para traçar as diretrizes de combate à violência em Campinas. O comunicado foi feito após uma reunião entre o prefeito Jonas Donizette e o secretário de Estado da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, que veio a Campinas para tratar o assunto. Além de comandantes das polícias Militar e Civil, farão parte do comitê as secretarias municipais de Segurança, Assistência Social, Saúde e um membro do alto escalão da Secretaria de Estado da Segurança Pública (que ainda terá o nome indicado).