Itaú-Unibanco forneceu informações financeiras erradas ao juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro. Empresa vai decidir se buscará reparação na Justiça
O juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, homologou um requerimento do Ministério Público Federal (MPF) esclarecendo que a empresa Viena de Indaiatuba Incorporadora Imobiliária não está sob investigação na Operação Lava Jato. A Procuradoria informou que o nome da sociedade foi incluída de forma errada na lista porque o banco Itaú-Unibanco inicialmente indicou que havia movimentação financeira da empresa em contas investigadas. O Correio, nas versões impressa e online, citou em reportagem do dia 17 de abril que a Viena fazia parte do rol de investigadas, baseando-se à época em relatório da Operação.Segundo o Ministério Público, o banco teria informado que “incorreções materiais” o levaram a erro. “Fica assim esclarecido que a empresa Viena de Indaiatuba não é investigada e não tem qualquer relação com os fatos, tendo havido aparentemente um equívoco nas informações prestadas pela instituição financeira”, escreveu o magistrado em decisão na última segunda-feira, mas que só foi divulgada nesta quinta, 11. A informação inicial era de que um rastreamento da Receita Federal nas contas do tesoureiro afastado do PT, João Vaccari Neto, mostrou que havia um depósito no valor de R$ 280 mil da Viena na conta de Nayara Vaccari, filha do petista. Isso teria despertado a suspeita dos investigadores. No entanto, segundo o advogado da Viena, Ralph Tórtima Stettinger Filho, como evidencia a decisão judicial, a empresa e seus sócios, notadamente Luis Carlos de Queiroz, Antonio Geraldo Lorenzette, Paulo Roberto Bonavita, Hueber Baía de Oliveira, Julio Cezar Generoso Iannuzzo e as empresas que representam, “jamais tiveram qualquer vinculação com o depósito”.Tórtima Filho também afirmou que o episódio foi um equívoco e uma gritante injustiça. “Foi um grande alívio (a decisão), porque resgata a dignidade pessoal e empresarial que haviam sido abaladas. É o reconhecimento de que tudo não passou de um grande erro da instituição financeira”, disse. O defensor informou que os sócios ainda não decidiram se vão buscar uma reparação na Justiça por conta do caso. O Itaú-Unibanco informou em nota que “lamenta qualquer transtorno causado aos envolvidos” e que “houve um erro processual pontual na compilação das informações a serem enviadas ao Ministério Público Federal no âmbito das investigações relativas à Operação Lava-Jato”. Segundo o banco, tão logo que detectado, ele foi “espontaneamente corrigido”. A instituição também afirmou que mantém “total colaboração com as autoridades”.ErrataEm errata publicada no dia 20 de abril, o Correio informou que “diferentemente do que foi publicado na edição de sexta-feira (17), na matéria sob o título “Rastreamento da RF recoloca Indaiatuba na mira da polícia’, a Bonavita Viação não é de propriedade de Francisco Almeida Bonavita Barros, ex-vice-prefeito de Paulínia”. De acordo com a defesa, Paulo Roberto Bonavita, sócio da Viena, “jamais foi sócio do ex-vice-prefeito da gestão de Edson Moura Júnior (PMDB), nem nunca adquiriu qualquer empresa a ele pertencente”.A reportagem também afirmou na época que a concessionária de veículos Ivesa também faria parte do quadro societário da Viena. Segundo Tórtima Filho, a informação não procede. De acordo com Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), o sócio na verdade é a empresa Ivesa Empreendimentos e Participações, que funciona no mesmo endereço da concessionária.