ESTRADA PARA O FUTURO

Jovens da Fundação Casa estudam para vestibular

Parceria com Unicamp alimenta o sonho de cursar a faculdade

Ronnie Romanini/ [email protected]
16/09/2022 às 10:09.
Atualizado em 16/09/2022 às 10:09
Adolescentes da Fundação Casa participam de cursinho para vestibular (Gustavo Tilio)

Adolescentes da Fundação Casa participam de cursinho para vestibular (Gustavo Tilio)

Graças a uma parceria firmada entre a Unicamp e Fundação Casa, o sonho de ingressar numa universidade poderá se concretizar para 39 adolescentes que cumprem medida socioeducativa na instituição. Por meio do Programa Colmeia de cursinhos pré-vestibulares, apoiado pela Pró-Reitoria de Extensão da Unicamp, o grupo participa de aulas on-line preparatórias para o vestibular. As disciplinas básicas oferecidas no curso são Biologia, Matemática, Física, História, Geografia, Filosofia, Sociologia, Redação, Gramática, Química, Literatura e Inglês, além das oficinas interdisciplinares.

Para participar os jovens precisam ter concluído o Ensino Médio ou estarem no último ano. Em Campinas, são oito estudantes da Casa Maestro Carlos Gomes que participam do cursinho. Embora o cursinho pré-vestibular não seja obrigatório, todos os jovens da Casa Carlos Gomes que cumprem os requisitos toparam participar das aulas.

Eles contaram à reportagem o que buscam com o aprendizado que estão tendo, além de uma maior preparação para continuar os estudos quando saírem da Fundação. "Eu topei participar porque quero buscar mais conhecimento e ter mais coisas na minha mente para poder passar quando fizer uma prova, vestibular ou mesmo concurso público. Eu quero ir para a área de Engenharia Mecânica, então a Matemática me ajuda bastante. O Português também, que vai me ajudar na interpretação das coisas. As aulas me ajudam agora aqui no presente, mas olhando para o futuro", contou o único garoto que disse se identificar com matérias de exatas.

Além disso, os adolescentes consideram essa uma oportunidade que não pode ser desperdiçada. "Lá fora nós não tivemos a mesma oportunidade que estamos tendo aqui. Então temos que aproveitar ao máximo. É para mudar de vida. É uma oportunidade que está vindo e que agora não tem mais como eu falar que é falta de opção. Eu estou tendo a opção agora", relatou um garoto que assumiu não ter identificação com exatas, mas relevou sua paixão pela área de humanas. 

Se há consenso de que essa é uma oportunidade para ser agarrada, a mesma coisa não acontece em relação às disciplinas preferidas. Os jovens citaram Sociologia, História, Redação, Engenharia Mecânica, Física e Direito como matérias que mais gostam de estudar. O fascínio por História e Sociologia, conforme explicaram, tem a ver com conhecer o passado e a sociedade de uma maneira que não imaginavam. Um dos garotos relatou que a forma didática que as educadoras apresentam o conteúdo despertou o interesse. 

Um deles, que declarou gostar de tudo que envolve atualidades, disse que está aprendendo bastante sobre a Guerra da Ucrânia e também sobre política e o processo eleitoral que está em andamento.

Demais cidades

Os outros 31 adolescentes estão divididos nas cidades de Limeira, Mogi Mirim, Piracicaba, Franco da Rocha e Cerqueira César, esta última unidade com meninas. "Ter esses 39 jovens fazendo o cursinho preparatório para o vestibular é mais uma importante medida de preparação e de oportunidade para que esses jovens possam ingressar no curso superior, possam se capacitar ainda mais para ter uma vida melhor nos momentos em que eles saem da Fundação Casa. Agradeço a Unicamp por esse termo de cooperação", disse o secretário da Justiça e Cidadania e presidente da Fundação Casa, Fernando José da Costa.

Ele ainda exaltou a presença das meninas, mesmo em número baixo. Isso porque, segundo ele, 95% dos adolescentes que estão nas Casas são meninos, portanto a presença de meninas no projeto, mesmo que em menor número, o satisfaz. "Temos uma bandeira aqui no Estado de São Paulo da igualdade de gênero. Não podemos ter nenhum tipo de preconceito, de discriminação contra a mulher. Na Fundação Casa, é claro, as oportunidades são dadas igualmente aos meninos e meninas. Para nós é muito positivo." 

Ele revelou que alguns adolescentes que cumprem medidas socioeducativas estão no ensino superior ou técnico. No início do ano eram aproximadamente 30. No caso de aulas externas presenciais, os próprios servidores da Fundação Casa são responsáveis por levar e retornar com os adolescentes - e a informação de que eles estão cumprindo medidas socioeducativas é sigilosa para evitar qualquer tipo de estigmatização. A Fundação Casa atende 4.789 adolescentes, sendo que 2.060 cursam o Ensino Médio, em todas as séries, e 63 completaram a educação básica.

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