COMUNICAÇÃO

Jornais debatem relação com o leitor

Nova realidade do setor exige aprimoramento editorial aliado a um produto ágil e interativo

Rogério Verzignasse
rogerio@rac.com.br
22/10/2013 às 07:57.
Atualizado em 24/04/2022 às 23:53

Osvaldo Moscon, diretor de desenvolvimento de O Boticário, durante a palestra de em Campinas: é preciso ouvir queixas e pedir opiniões (Janaína Maciel/Especial a AAN )

Representantes dos principais jornais brasileiros iniciaram nesta segunda-feira (21) em Campinas um encontro para o debate de estratégias para a fidelização do leitor. O seminário Mercado Leitor, promovido pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ), reúne profissionais de marketing e venda, além de diretores responsáveis pela solução do grande desafio do setor: como manter e ampliar o público consumidor em um segmento que sofre a concorrência cada vez maior da mídia eletrônica. Os debates do primeiro dia do evento lotaram o Centro de Convenções do Vitória Hotel Concept. E cada um dos participantes saiu com uma certeza: o aprimoramento editorial e a oferta de um produto ágil e interativo são compromissos inadiáveis para quem pretende sobreviver no setor.O ciclo de debates tem um componente inovador. Executivos de empresas líderes de mercado em seus segmentos fizeram exposições sobre como os jornais precisam se adequar às exigências do próprio leitor. Apesar do consenso de que nunca se consumiu tanta informação jornalística no Brasil — graças ao avanço dos portais digitais —, os participantes admitem que a prestação de serviço diferenciado vai definir qual fatia do mercado será ocupada por cada empreendedor.Diego Quevedo, diretor de operações da Net, afirmou que os jornais precisam “energizar, empoderar e entreter”. Segundo o executivo, o leitor precisa encarar o jornal como um produto básico diário. Ele tem de ter certeza de que precisa ler o noticiário, que o jornal trata de assuntos importantes e de seu interesse, reforçou o diretor.Na opinião de Quevedo, a credibilidade, virtude histórica dos jornais impressos, passa necessariamente pela fidelização dos próprios compromissos da empresa editorial. “O jornal precisa estabelecer, claramente, que produto vai colocar na banca ou na internet. Saber quem é e qual é a necessidade do seu leitor”, afirmou. ColaboradoresOutro executivo presente ontem foi Osvaldo Moscon, diretor de desenvolvimento de Canais e Franchising de O Boticário, empresa fundada em 1977 e que se tornou líder absoluta em um segmento que faz do Brasil o segundo consumidor do mercado mundial da beleza.Para Moscon, a grande estratégia de O Boticário, e que precisa ser compartilhada por empresas de todos os segmentos, é o aprimoramento da relação estabelecida com o cliente. E a ponte dessa relação é o prestador do serviço. “O empresário precisa valorizar seu time de colaboradores. Além disso, precisa ter humildade para se sentar, ouvir queixas, pedir opiniões”, afirmou. “É a força de trabalho, em contato direto com o consumidor, a pessoa mais indicada para apontar deficiências da linha de produção”, disse.Moscon afirmou que o empresário dono de um veículo de comunicação precisa descobrir quem, dentro do time de colaboradores, está de fato engajado com os propósitos da empresa. “Às vezes, um cidadão em um cargo estratégico, feliz com o seu salário, não se importa em resolver carências ou deficiências”, disse. O funcionário comprometido, afirmou, é o principal patrimônio da empresa que pretende crescer. Foto: Janaína Maciel/Especial a AAN Sylvino de Godoy Neto, do Grupo RAC, vice-presidente da ANJ, com Carlos Fernando Lindenberg Neto, presidente da entidade: credibilidade  Modernização faz parte da pauta cotidianaO primeiro dia de debates do encontro Mercado Leitor reforçou conceitos essenciais de qualidade. Para o diretor-presidente do Grupo RAC, Sylvino de Godoy Neto, vice-presidente da ANJ, a modernização gráfica e editorial, premissa básica do encontro, tem de estar na pauta cotidiana das empresas na busca pela credibilidade e pela conquista do leitor. Jerônimo Nazário Júnior, gerente de vendas e relacionamento do Grupo RAC, saiu entusiasmado do evento. Na opinião dele, a exposição feita pelos debatedores comprovou que o jornal precisa buscar a renovação constante para fidelizar o público leitor. “A gente precisa estar atento à exigência cada vez maior do público”, disse. ‘É tolice disputar com as mídias eletrônicas’O Brasil nunca consumiu tanta informação jornalística. E as mídias digitais se transformaram em uma ferramenta essencial para empresas do setor, na busca por novos leitores. A internet serve para que a empresa de comunicação diversifique seu público, conquiste consumidores mais jovens, e amplie os próprios negócios. A opinião é de Carlos Fernando Lindenberg Neto, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), organismo que reúne 141 dos mais importantes veículos do País.Lindenberg Neto, de 47 anos, dirige a Rede Gazeta, que mantém em Vitória (ES) emissoras de rádio e TV, jornal impresso, emissoras de rádio e portal na internet. Economista por formação, Café, como é conhecido no meio, assumiu o controle da empresa em 2001 e, desde então, enfrenta o desafio de oferecer produtos diversificados ao público consumidor específico de cada plataforma de serviços. Atuação, por sinal, que lhe rendeu a indicação para presidir a ANJ.O executivo, que está em Campinas para participar do ciclo de debates sobre tendências, inovação e comportamento do consumidor, visitou ontem a redação do Correio Popular e falou à reportagem sobre a atuação das empresas jornalísticas na disputa do mercado. Confira abaixo os principais trechos da entrevista. Novas possibilidades“O advento da internet abriu o leque de possibilidades de atuação para as empresas. Os jornais impressos, hoje, alcançam um público específico, tradicional, menor a cada dia. É que os mais jovens resistem ao papel. Preferem o computador, a informação rápida. Então, cabe ao jornal investir em seu portal e conquistar uma nova fatia do mercado. A missão é oferecer bons produtos em cada plataforma de serviço, é diversificar a própria atuação.”Futuro do jornal de papel“A mídia impressa, historicamente, representa a credibilidade da notícia. O leitor confia no artigo que lê, tem certeza de que a informação impressa tem fundamento, mas é tolice disputar leitor com as mídias eletrônicas, ágeis e atraentes. O jornal precisa oferecer ao leitor um produto inédito. O cidadão precisa saber que, no jornal impresso, ele vai encontrar conteúdos exclusivos, ainda não divulgados pela televisão e pela internet.”Interação de tecnologias“O empresário historicamente estava acostumado a um mercado de mão única. Ele publicava e o leitor simplesmente consumia a informação. Hoje, não. No momento em que o sujeito recebe o jornal em casa, ele precisa ter em mãos um produto diferenciado, que avança para além das notícias a que ele já teve acesso. Cabe ao empresário modernizar o produto notícia, saber usar todas as tecnologias disponíveis e fazer com que elas estejam interagindo, o tempo todo.”Compromisso histórico“O jornal não deve apenas estar antenado com a tecnologia, a empresa também precisa criar mecanismos para que a sociedade volte a vê-lo como prestador de serviços relevantes. É missão sagrada do jornal impresso ser um agente fiscalizador do poder público e de defesa dos interesses da comunidade. O jornal não pode abrir mão desse compromisso: precisa levar à banca informações que o cidadão efetivamente precisa.”PROGRAMAÇÃOO encontro Mercado Leitor segue hoje, no Vitória Hotel Concept, com a participação de Rogério Bruxelas (diretor de de marketing do Magazine Luiza), Sérgio Ferreira (gerente de trade marketing da DGB/Dinap), Fernando Bomfiglio (gerente de relações internacionais da Souza Cruz), Jáder Barbalho Filho (diretor-presidente do Diário do Pará), Welter Arduíni (gerente de mercado leitor e logística do Correio da Bahia), Cristiane Nogueira (coordenadora comercial de assinaturas do Grupo Jaime Câmara/Daqui, Goiás) e Luis Gabriel Castllo (diretor de marketing do jornal El Tiempo, da Colômbia).

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