Mesmo após MEC suspender o processo de implantação do modelo, prefeito busca alternativas
O prefeito Jonas Donizette (PSB) disse em entrevista coletiva, na manhã de ontem, que não vai desistir da implantação da escola cívico-militar em Campinas, apesar de o Ministério da Educação (MEC) ter determinado a suspensão do processo na cidade. O prefeito afirmou que busca informações sobre como deverá proceder para pedir uma nova adesão. Anteontem, o MEC informou que a instalação da escola cívico-militar em Campinas estava suspensa por conta de uma série de problemas de ordem jurídica e que não haveria mais tempo para a implantação do sistema ainda este ano. Campinas era a única do Estado de São Paulo habilitada a receber o modelo cívico-militar – que, segundo o MEC, deverá ser instalado em todos os estados da federação e no Distrito Federal. "Não desisti. Vejo com muito pesar tudo isso que aconteceu. Tem muito pai e muita mãe em Campinas que gostaria de matricular o filho numa escola cívico-militar. Então, eu não desisti. Pelo contrário, fui eu que inscrevi Campinas, senão não teria tido nada deste debate", afirmou o prefeito. Jonas disse que é um divisor de águas o pedido ter partido dele, pois mostra que não há ideologia na Administração. "Mas infelizmente foi um debate politizado, ideologizado, com muito confronto. Não me deixaram fazer a consulta aos pais. Eu queria consultar o pai, a mãe. Para vocês terem uma ideia de como é difícil, quando eu implantei a escola de tempo integral em Campinas eu tive essa mesma luta. Teve gente que era contra a gente colocar escola pública integral, nós vencemos", relembrou. A consulta sobre o modelo em Campinas foi barrada por decisão judicial. "Eu tive que parar a consulta, entrei na justiça, não consegui reverter. O MEC queria que eu desistisse, eu não desisti. Saiu uma decisão unilateral do MEC tirando campinas, não partiu de mim", justificou. Jonas ressaltou que já vai adiantar o pedido para o próximo ano. "Ano que vem não serei mais eu o prefeito. Vou fazer a inscrição de Campinas esse ano para o ano que vem. Além da escola cívico-militar, vou fazer o pedido ao general Tomás (Miguel Miné Ribeiro Paiva), do Rio de Janeiro, que é o responsável pelo departamento de ensino do Exército, para construir uma escola militar em campinas na área do Exército", completou. Em ofício enviado à Secretaria de Educação no início de março, mas que só foi divulgado na última quinta-feira o MEC anunciou o encerramento do processo de implantação da escola cívico-militar em Campinas. Segundo a secretaria de Educação, o ministério explicou no documento que “problemas de ordem jurídica” impediram que o modelo fosse instalado a tempo de começar a operar ainda este ano. O Correio Popular tentou contato com o MEC, mas não recebeu resposta até o fechamento desta edição. A unidade de Campinas seria instalada na Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Odila Maria Rocha Brito, no Jardim São Domingos, mas o projeto encontrou forte resistência da comunidade escolar. Sob alegação de que a proposta era inconstitucional e que não havia sido discutida de forma adequada, um grupo contrário à implantação foi à Justiça, para interromper o processo. No dia seis de março o Conselho Municipal de Educação, se reuniu com integrantes da Secretaria Municipal de Educação e do Conselho das Escolas de Campinas e decidiu que o processo seria suspenso por três meses Houve ainda, uma recomendação do Ministério Público e uma decisão judicial que impedia a consulta à comunidade até que a proposta fosse amplamente discutida. Caso extrapola a esfera do ensino local Processo de implantação do modelo cívico-militar foi suspenso num primeiro momento, no dia 18 de dezembro de 2019. Na ocasião, a juíza Fernanda Silva Gonçalves, da 2ª Vara da Fazenda Pública de Campinas, aceitou um pedido de liminar e adiou a votação. O pedido de liminar foi feito pelo promotor do Ministério Público de São Paulo, de Justiça da Infância e Juventude de Campinas, Rodrigo Augusto de Oliveira. A Secretaria Municipal de Educação pediu a cassação da liminar para dar continuidade ao processo, mas não teve resposta ainda.Além disso, o mesmo promotor pediu, no dia 27 de fevereiro passado, que fossem realizadas melhorias na escola. O promotor alegou que desde 2015 a escola não bate a meta do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).