Custo estimado é de R$ 350,8 milhões, incluindo o barramento, construção de elevatória, sistema adutor de 12 quilômetros para levar a água às estações de tratamento e desapropriações
O prefeito Jonas Donizette mostra localização de reservatório a ser construído em área do distrito de Sousas (Patrícia Domingos/AAN)
O prefeito Jonas Donizette (PSB) declarou, na quarta-feira (22), de utilidade pública para fins de desapropriação, uma área de 3,58 milhões de metros quadrados no distrito de Sousas, onde será construído um reservatório de água bruta no Rio Atibaia que dará mais 2 metros cúbicos por segundo (m3/s) à cidade e garantirá a segurança hídrica para Campinas por mais 50 anos. O empreendimento tem custo estimado de R$ 350,8 milhões, incluindo o barramento, construção de elevatória, sistema adutor de 12 quilômetros para levar a água às estações de tratamento e desapropriações. O barramento dará autonomia de abastecimento à cidade por 70 dias de estiagem severa, como a que ocorreu há três anos. Jonas disse que quer fazer essa obra, que considera essencial para a cidade depois das lições tiradas na crise hídrica de 2014, em que o Rio Atibaia quase secou na área de captação da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), ainda no seu mandato, mas reconhece que não será tarefa fácil, especialmente pelo momento econômico em que vive o País. A intenção é que o empreendimento seja feito por meio de uma parceria público-privada, em que o investidor construiria todo o sistema e a Sanasa passaria a comprar a água que a cidade necessitar. A represa, que será construída na região conhecida como Três Pontes, terá capacidade para armazenar 17,4 bilhões de litros de volume útil. "Algumas prospecções que fizemos indicam que há interessados em participar do empreendimento, mas se isso não for possível, vamos buscar linhas de financiamento porque Campinas não pode ficar na dependência do Sistema Cantareira", afirmou. Cálculos feitos pela Sanasa indicam que serão necessários 36 meses, assim que a obra começar, incluindo as licenças ambientais, para o início da operação da represa. Quando o barramento estiver concluído, a Sanasa desativará a captação e a estação de tratamento no Rio Capivari, permitindo assim a redução de custos operacionais da empresa, hoje de cerca de R$ 16 milhões anuais com essa estrutura. A definição do local de implantação da barragem ocorreu após avaliação de seis outras áreas. Na faixa de garantia de oferta de água de até 0,5m3/s, foram analisadas captações no Ribeirão das Cabras e no Ribeirão Anhumas, descartadas pelo custo de operação e baixa oferta de água. Na faixa de até 1m3/s as opções eram captar na Usina Hidrelétrica do Jaguari ou na Pequena Central Hidrelétrica (PCJ) Macaco Branco. Custo e baixa vazão afastaram também essas alternativas, aliados ao fato de que a Macaco Branco será inundada na construção da barragem de Pedreira no Rio Jaguari. Na faixa de até 2m3/s, estudou-se barramento no Atibaia no Clube de Campos de Valinhos e também em Sousas, com um sistema adutor interligando às estações de tratamento de água (ETAs) 3 e 4. A opção foi por essa última alternativa, já que para a outra, haveria necessidade de negociações com Valinhos. A alternativa escolhida vai possibilitar interligação com a represa de Pedreira, reduzir custos com o encerramento da captação no Rio Capivari e é obra em território de Campinas O diretor-presidente da Agência das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), Sérgio Razera, afirmou que a represa não será importante apenas para Campinas, mas para as cidades que estão depois da captação de Campinas. "Acrescentar uma oferta de água de 2m3/s, significa garantir o abastecimento de uma cidade de 500 mil habitantes. O município terá garantia de abastecimento nos momentos de crise, porque sua reserva será suficiente para fornecer água por 70 dias", afirmou. Segundo ele, uma cidade do porte de Campinas não pode ser abastecida a fio de d?água, ou seja, dependendo do volume de água que está passando no rio. "É preciso ter reservação que garanta pelo menos 50% da água que ela necessita", afirmou o presidente da agência.