forte demanda

Jonas: crise explica falta de remédio

A falta de remédios na rede básica de saúde dos municípios está relacionada à crise econômica pela qual o Brasil atravessa, segundo o prefeito de Campinas

Alenita Ramirez
14/11/2018 às 07:49.
Atualizado em 05/04/2022 às 20:34

A falta de remédios na rede básica de saúde dos municípios está relacionada à crise econômica pela qual o Brasil atravessa, segundo o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB). O comentário foi feito na manhã de ontem, durante inauguração do novo Centro de Saúde “Laura Simões Carvalheira Amicucci”, na Vila Perseu Leite de Barros. A obra faz parte do “Saúde em Ação”, parceria entre Prefeitura, Estado e BID, e vai beneficiar mais de 10 mil pessoas. Durante o discurso, Jonas falou que houve um aumento de 40% na demanda das unidades, o que contribuiu para que muitos medicamentos faltassem nas farmácias. “As pessoas que antes não dependiam de remédio público perderam o emprego e passaram a usar a rede pública. Se a Prefeitura gastava um tanto, aumentou em duas vezes e isso pressionou os custos de saúde”, disse o Chefe do Executivo. Ainda segundo Jonas, já foi solicitado junto ao Estado uma verba no valor de R$ 10 milhões para a compra de medicamentos, em especial os de uso contínuo, para que não haja falta nos meses de dezembro e janeiro. “A demanda começou a aumentar em 2017. Neste ano, tive que aumentar de 15% para quase 30% a receita para a Saúde”, falou. Saúde em Ação O novo CS faz parte do Programa “Saúde em Ação”e vai substituir o antigo CS Perseu Leite de Barros, que funcionava na Rua Paulo Provenza Sobrinho. Ele começa a operar plenamente a partir do dia 3 de dezembro. Neste período, haverá a mudança da antiga unidade que, segundo o secretário municipal de Saúde Carmino de Souza, se tornou pequena para a demanda, além de apresentar problemas estruturais. “O antigo prédio não ficará abandonado. Será reformado e usado para outras atividades na área de saúde. Por enquanto, uma parte está ocupada, até maio, pelo CS Ipaussurama”, disse. A nova unidade atenderá moradores dos bairros Jardim Londres, Jardim Novo Campos Elíseos, Jardim Novo Londres, Vila Perseu Leite de Barros, Jardim Roseira, Parque Tropical e Residencial Parque da Fazenda. Este centro de saúde terá capacidade para atender mais de 300 pessoas por dia e será totalmente informatizado. O prédio conta com sala de triagem, banheiros adaptados para pessoas com deficiência e leitos para observação de curta permanência. Ao todo 46 profissionais vão atender no local, que funcionária de segunda a sexta-feira das 7h às 19h. Protesto Durante a cerimônia de inauguração houve protesto silencioso de usuários da saúde. Ao menos oito pessoas usaram de cartazes com frases do tipo “Queremos segurança 24h no Centro de Saúde”, “Exigimos que tenha medicamentos e insumos” e “Reivindicamos equipes completas para trabalhar aqui”. Os manifestantes ficaram do lado de fora da unidade, na calçada. “Nossa reivindicação é justa e queremos que essa unidade funcione. Hoje não há médicos, não há funcionários suficientes. Não adianta termos uma unidade linda como essa se não há clínico e pediatra. Além disso, queremos que os funcionários usem crachá de identificação e tenham controle eletrônico do horário de entrada e saída”, disse a conselheira municipal de Saúde local e de moradores do Jardim Roseira, Isabel Pereira de Oliveira. “Existem problemas na rede? Claro que existem, mas estamos trabalhando para melhorar. Sou uma pessoa com muitas imperfeições, mas faço o máximo para ser um bom prefeito”, disse Jonas. Aposentado relata calvário rotineiro para ser atendido A dificuldade do campineiro conseguir um medicamento de alto custo é crônico. Filas imensas, demora no atendimento e excesso de burocracia são as principais reclamações de usuários. Portadores de doenças crônicas ou raras contam que têm sofrido cada vez mais para conseguir medicamentos gratuitos em Campinas por meio da SPDM. Há relatos de até 6 horas de espera. O aposentado Antônio Sorati Jr, de 78 anos, disse que chegou à farmácia ontem às 8h30 e só conseguiu sair às 14h30 com o medicamento para fígado para sua esposa e filho. “O atendimento nem é ruim, mas tem muita gente na fila. É sempre assim. Teve dia que o pessoal em casa até achou que eu tinha morrido, porque não aparecia mais em casa. E nessa demora toda a gente acaba ficando em pé muito tempo, e nem consegue almoçar”, relatou. Margareth Fusaro, 65 anos, dona de casa, é outra usuária incomodada. “Preciso de uma injeção para psoríase (doença crônica na pele) e não consegui. Cheguei às 11h20 para fazer renovação do cadastro, fiquei até 17h e disseram que tinha acabado a injeção”. Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que em virtude dos “diversos feriados de novembro, houve aumento atípico na demanda espontânea da Farmácia de Alto Custo de Campinas, mas a unidade segue atendendo todos os que procuram o serviço”.

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