O colegiado de chefes de Executivo pretende se reunir com a direção da companhia, que monopoliza o terminal campineiro, e com outras empresas do setor
O prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), apoia o movimento do Conselho de Desenvolvimento da RMC, que na última terça definiu como uma de suas demandas prioritárias a redução dos valores praticados pela Azul Linhas Aéreas na comercialização de bilhetes no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. O colegiado de chefes de Executivo pretende se reunir com a direção da companhia, que monopoliza o terminal campineiro, e com outras empresas do setor. O intuito é sensibilizar a Azul a equiparar as tarifas praticadas em Congonhas e Cumbica, terminais procurados por passageiros da região que buscam preços mais justos, e, conjuntamente, estimular uma maior operação das concorrentes já existentes — Gol e Latam. O êxodo de passageiros para os terminas da Capital e Guarulhos, segundo Jonas, serve de alerta para a Azul, que precisa analisar que há uma fatia do mercado local que não está sendo atendida pela companhia. Só a viação LiraBus, segundo nota da sua assessoria de imprensa, transportou de Campinas para Cumbica e Congonhas, em média, cerca de 1,3 mil pessoas por dia nos primeiros sete meses de 2019. "O que baixa preço é concorrência", garantiu Jonas. "Se você tem dois voos para o mesmo lugar, por exemplo, de Campinas para Brasília, com a Gol cobrando R$ 600 na passagem, a Azul não vai cobrar R$ 1 mil", contextualizou. O prefeito esclareceu ainda que se trata de uma questão de oferta e demanda e revelou já ter conversado com a direção da Azul. Jonas recordou que, na oportunidade, foi informado que entre 70% e 80% das aeronaves da companhia, em Viracopos, decolam lotadas. "É uma lógica de mercado", ponderou. "Não dá apenas para pedirmos para baixar o valor dos bilhetes e pronto. Precisamos tentar entender", completou. Recentemente, o diretor de operações da Aeroportos Brasil Viracopos, concessionária que administra Viracopos, informou que um trabalho já está sendo feito com o intuito de atrair novas companhias. Jonas elogiou a Medida Provisória 863/18, aprovada pelo Senado em maio passado, que trata da liberação de 100% de capital estrangeiro no setor, e por consequência, a abertura do mercado de aviação no Brasil. Disse ainda que está previsto para 2020 o início das operações de uma grande companhia aérea europeia no País. "Isso vai trazer mais concorrência, reduzindo tarifas", reforçou. Na ótica do prefeito de Campinas, o alto custo das passagens aéreas e, atualmente, dos hotéis, são problemas nacionais. Na última terça-feira, o debate acerca das tarifas chegou até a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). O deputado estadual Rafa Zimbaldi (PSB), ex-presidente da Câmara Municipal de Campinas, protocolou um requerimento na Comissão de Defesa dos Direitos dos Consumidores solicitando a presença do presidente da Azul, John Rodgerson, para esclarecer os preços, em suas palavras, “abusivos”. Composição Questionada sobre o assunto nos últimos dias, a Azul Linhas Aéreas informou, em nota, que "os preços praticados na comercialização de seus bilhetes variam de acordo com alguns fatores importantes, como trecho, sazonalidade, compra antecipada, disponibilidade de assentos, entre outros. Além disso, a companhia ressalta que as altas do dólar e do combustível também são elementos que influenciam nos valores das passagens." Preços A Azul Linhas Aéreas projeta, a partir de 2020, reduzir as tarifas praticadas na comercialização de bilhetes no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. Em entrevista ao Correio, anteontem, John Rodgerson, que comanda a empresa desde 2017, disse que o cenário será enfrentado com um investimento na ordem de US$ 1,5 bilhão em novas aeronaves. Esses aviões serão mais eficientes, ou seja, farão as rotas gastando menos combustível, medida que deve reduzir os gastos operacionais, consequentemente, possibilitando tarifas menores, salientou o executivo. “O cliente está sempre em primeiro lugar para a Azul", garantiu. Prefeito elogia importância da companhia para cidade Apesar de apoiar o Conselho da RMC na busca pela redução dos valores praticados pela Azul Linhas Aéreas na comercialização de bilhetes no Aeroporto Internacional de Viracopos, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), garante que tem dificuldade para criticar a companhia, por reconhecer a importância da aérea. "Em nome de Campinas, digo que temos gratidão pela Azul. Sem ela, não teríamos Viracopos", enfatizou. Jonas lembra que o terminal campineiro estava abandonado antes da chegada da Azul, que investiu pesado em infraestrutura. "Por vários anos, Viracopos foi um dos aeroportos que mais cresceram no mundo. Perdeu só para Istambul, na Turquia", destacou. Os agradecimentos, de acordo com o chefe do Executivo local, se ampliam pelo fato da Azul ter trazido para cá o treinamento de seus colaboradores e o serviço de manutenção das aeronaves. Fatos que, obviamente, influenciam na economia da cidade.