Tradição do distrito campineiro ganha Carnaval de Itaquera, em São Paulo
Artesãs finalizam os oito bonecos gigantes confeccionados em ateliê no distrito de Joaquim Egídio e que serão enviados para animar o Carnaval de São Paulo (Elcio Alves/AAN)
Oito bonecos gigantes criados pela artista plástica do distrito de Joaquim Egídio, em Campinas, Natasha Faria vão invadir, animar e colorir o Carnaval do Sesc Itaquera, referência no Estado de São Paulo.
Os bonecões, que há alguns anos animavam a folia de Joaquim Egídio, foram feitos em tempo recorde para compor a decoração especialmente montada para o tema da festa Maracatudo - Do frevo ao maracatu, que faz alusão às manifestações populares que acontecem nas cidades de Olinda e Recife, em Pernambuco.
“Cada boneco custa em média R$ 1,5 mil e demora cerca de dois meses para ficar pronto, mas esses foram feitos em tempo recorde. Em 20 dias fiz os oito bonecos gigantes e todo o restante da decoração. A secagem dos bonecões foi a fase mais difícil, principalmente por causa das chuvas dos últimos dias”, completou a artista.
Também vão compor a decoração do Sesc 12 bois-bumbás, 25 bonecos de mesa e quatro painéis temáticos da artista. “É importante fazer um Carnaval com a cultura típica do Brasil, com o colorido e a arte popular do País”, disse Natasha. Os painéis ilustram o maracatu, o Galo da Madrugada, o frevo e os bonecos gigantes.
Inspirados no Carnaval de Olinda, os bonecos gigantes, que desta vez referem-se a personagens típicos do mamulengo, serão uma nova atração na folia da Zona Leste de São Paulo. Amanhã, os bonecões deixam o ateliê em Joaquim Egídio para entrar na festa, carregados pelos foliões. São oito figuras bem alegres e coloridas de até 3 metros de altura.
Para dar conta do recado, neste ano Natasha, de 41 anos, contou com mais quatro pessoas, entre elas a costureira Irene Tarifa e a artista Eliane Pimenta Rocha. Os bonecões já alegraram a festa de várias cidades, como Amparo e Caconde, em São Paulo, e São Gonçalo do Rio Abaixo, em Minas Gerais.
A tradição de Joaquim Egídio foi levada à Zona Leste de São Paulo com base no resultado do trabalho do distrito campineiro.
Entre 2004 e 2009, Natasha colocou os bonecões de papel machê, tecido e material reciclável nas ruas, no Carnaval, e em espetáculos de mamulengo (marionetes) que encheram os olhos de adultos e crianças na sede da associação Inventor de Sonhos. No Carnaval de Joaquim Egídio, os bonecões atraíam milhares de foliões e turistas.
O trabalho nasceu para disseminar o folclore, o teatro e a poesia. Os mais de 20 anos de experiência da artista levaram o Ministério da Cultura a reconhecer o ateliê em Joaquim Egídio como um dos 650 pontos de cultura do País. “Levar os bonecos para o Sesc realmente é uma valorização, um reconhecimento de anos de trabalho pesado. É muito difícil, tudo manufaturado, artesanal. O tema deste ano favoreceu muito. Estou muito feliz”, concluiu Natasha.
Animação
Mesmo sem os bonecos gigantes de Natasha, o Carnaval de Joaquim Egídio promete muita animação, mantendo tradições e incluindo algumas novidades no roteiro. Entre os dias 9 e 12, a população contará com apresentações de blocos de rua, muito samba, entre outros ritmos, como a marchinha.
As ruas serão enfeitadas pela comunidade. Os organizadores estimam que 4 mil pessoas passarão pelos distritos diariamente para acompanhar as diversas atrações, como o bloco Unidos da Tribo, que confecciona com material reciclável os próprios bonecos e máscaras gigantes em papel machê.
O bloco conta com o patrocínio do comércio local e se apresentará nas quatro noites de folia.