Relatório do divulgado pelo IPS Brasil também mostrou Campinas em 2˚ lugar entre os municípios com mais de 500 mil habitantes e que não são capitais
Além de estar bem posicionada no ranking geral, Jaguariúna ficou na quarta colocação entre os municípios que possuem de 20 mil a 100 mil habitantes; o indicador avalia a realidade socioambiental de todos os 5.570 municípios do país no atendimento das necessidades básicas da população (Prefeitura de Jaguariúna)
Três cidades da Região Metropolitana – Campinas, Jaguariúna e Engenheiro Coelho – foram ranqueadas entre as com melhor qualidade de vida no Brasil, na comparação com municípios com número de habitantes semelhante, segundo relatório do Índice de Progresso Social (IPS) Brasil 2025, divulgado na quarta-feira. Jaguariúna, inclusive, ficou em 16º lugar na avaliação geral, a única cidade entre as 20 melhores do país. Com a nota 69,49, o município também conquistou a 4ª colocação entre os com 20 mil a 100 mil habitantes. Campinas ficou em segundo lugar no ranking nacional entre as cidades com mais de 500 mil habitantes que não são capitais, recebendo a nota 68,74.
Engenheiro Coelho ficou em 8º no mesmo recorte de Jaguariúna, entre as cidades com 20 mil a 100 mil moradores, ao receber a nota 68,81. Todos municípios melhores colocados nesses recortes estão concentrados em quatro Estados das regiões Sudeste (São Paulo e Minas Gerais) e Sul do país (Paraná e Santa Catarina). A escala vai de 0 a 100, com as cidades mais próximas da avaliação máxima apresentando o melhor cenários entre os temas avaliados.
O indicador avalia a realidade socioambiental de todos os 5.570 municípios do país no atendimento das necessidades básicas da população, considerando três eixos principais (necessidades humanas básicas, fundamentos do bem-estar e oportunidades), divididos em 12 componentes (nutrição e cuidados médicos básicos, água e saneamento, moradia, segurança pessoal, acesso ao conhecimento básico, acesso à informação e comunicação, saúde e bemestar, qualidade do meio ambiente, direitos individuais, liberdades individuais e de escolha, inclusão social e acesso à educação superior).
“São Paulo tem uma boa rede viária, serviços de saúde e educação de qualidade, é por isso que as cidades pequenas apresentam boas performances. Há ainda o fenômeno de cidades maiores, polos locais, que apoiam as menores. É uma particularidade de São Paulo, onde riqueza se transforma em progresso social. Em muitos outros lugares isso não acontece”, explicou um dos autores da nova edição do IPS, Beto Veríssimo.
AVALIAÇÕES
“O IPS permite visualizar desigualdades que não são explicadas apenas por indicadores econômicos”, afirmou uma das coordenadoras do IPS Brasil, Melissa Wilm. “Com o IPS, é possível identificar onde as políticas públicas estão funcionando e onde é necessário intervir com mais urgência. Ele transforma dados complexos em um retrato claro e comparável entre municípios e Estados”, acrescentou.
Campinas, conhecida por ser um polo de tecnologia, é cortada por algumas das principais rodovias paulistas: conta com o Aeroporto Internacional de Viracopos, um dos maiores do país, e conta com instituições de ensino superior com destaque nacional, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a PUC-Campinas. Essas instituições também mantêm hospitais que são referências para a RMC e outras regiões do Estado, com a rede de saúde sendo formada ainda por outras unidades privadas e públicas com destaque.
Além disso, investimentos feitos têm buscado a melhoria da qualidade de vida. Somente a Sociedade de Abastecimento e Saneamento S.A. (Sanasa) investiu cerca de R$ 1 bilhão nos últimos quatro anos para universalizar os serviços, atendendo 99,84% da população urbana com água tratada, 96,42% com coleta e afastamento de esgoto e 94,04% com tratamento. Esse quadro levou a empresa a conquistar no final do ano passado o troféu Quíron ESG Ouro Nível II da categoria As Melhores Empresas em Gestão no Saneamento Ambiental (AMEGSA), considerado o Oscar do setor. Ela também ficou em 1º lugar entre os municípios brasileiros com mais de 500 mil habitantes da premiação do Instituto Trata Brasil, ao atingir a pontuação máxima em atendimento, melhoria do atendimento e nível de eficiência.
Para o prefeito em exercício Wanderley de Almeida (PSB), o bom desempenho de Campinas reflete os resultados de políticas que buscam a constante melhoria dos serviços prestados à população. “Ficamos contentes em constatar a avaliação positiva da cidade. Isso espelha parte do nosso foco como gestores públicos. Estamos investindo em áreas prioritárias para a melhoria da qualidade de vida da população e isso aparece nos indicadores.”
OUTRAS CIDADES
Entre as cidades com mais de 500 mil habitantes, a primeira colocação foi de Ribeirão Preto-SP, com a nota 69,57. Depois de Campinas, a segunda colocada, aparecem Uberlândia-MG (68,53), São Bernardo do Campo-SP (68,34), JoinvilleSC (67,70), Juiz de Fora-MG (67,37), São José dos Campos-SP (67,14), GuarulhosSP (67,10), Londrina-PR (66,29) e Sorocaba-SP (66,25).
Com 59.437 habitantes, Jaguariúna foi a cidade da RMC a obter a maior nota na RMC. “O resultado do Índice de Progresso Social, que coloca Jaguariúna entre as 20 melhores cidades do Brasil e na 4ª colocação entre os municípios de 20 mil a 100 mil habitantes é um reconhecimento extremamente significativo. Esse indicador reflete, de forma clara, o comprometimento do município com políticas públicas eficazes e integradas, sempre priorizando a qualidade de vida da nossa população”, disse o prefeito Davi Neto (PTB).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o salário médio mensal dos trabalhadores formais em Jaguariúna foi de 3,7 salários mínimos em 2022, o equivalente hoje a R$ 5.616,60, o 35º maior do país, com as principais atividades econômica sendo a indústria de tecnologia de ponta e prestação de serviços. Dados do órgão apontaram ainda que o município tem uma taxa de mortalidade infantil média de 8,96 para 1.000 nascidos vivos, abaixo da nacional, 12 por 1.000. Além disso, 95% dos domicílios contam com esgotamento sanitário adequado e 82,9% deles estão em vias arborizadas. Jaguariúna fechou 2024 com cerca de R$ 23 milhões em caixa para investimentos.
MAIS DADOS
Engenheiro Coelho, terceira menor cidade da Região Metropolitana, com 19.566 moradores, também teve uma boa classificação. A cidade teve Produto Interno Bruto (PIB) per capta de R$ 30.446,44 em 2021, segundo o IBGE, tendo uma população predominantemente jovem. O Censo 2022 apontou que 14.070 dos moradores têm entre 0 e 44 anos, o equivalente a 71,91% do total. “Estamos trabalhando firmemente para oferecer uma educação pública de qualidade, com estrutura, capacitação e oportunidades reais para nossos alunos e profissionais”, relatou o prefeito Pedro Franco (MDB). No dia 16, ele esteve na Secretaria Estadual de Educação, em São Paulo, em busca de parceria para projetos na área. “A parceria com o governo do Estado é essencial para que possamos avançar ainda mais.”
O IPS 2025 apontou Gavião Peixoto, uma das menores cidades paulistas, como a que possui a melhor qualidade de vida no Brasil. A cidade atingiu a pontuação 73,6 e é o segundo ano consecutivo que ocupa a liderança. O município de 4.702 habitantes, na região de Araraquara, tem a maior média salarial do Estado, R$ 6.279,20, de acordo com o Cadastro Central de Empresa (Cempre) divulgado pelo IBGE, com base nos dados de 2022. O valor é puxado para cima pela existência de uma fábrica de montagem final de aviões executivos e de defesa.
São Paulo tem 14 cidades entre as 20 melhores do país, com Gabriel Monteiro (71,29) aparecendo na 2ª colocação e Jundiaí (70,70), na 3ª. Apenas três capitais aparecem nessa lista: CuritibaPR (69,89), Campo GrandeMS (69,63) e Brasília-DF (69,04). A cidade com pior qualidade de vida do Brasil é Uiramutã-RR, que teve 37,59 pontos, de acordo com o IPS. Em seguida, aparecem Jacareacanga-PA, com 40,04 pontos, e Amajari-RR, 40,95.
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