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Isolamento social é ignorado na região

Índice de isolamento social em Campinas é de 37%, abaixo do Estado (40%) e da Grande SP (39%)

Rodrigo Piomonte/ Correio Popular
06/03/2021 às 14:09.
Atualizado em 22/03/2022 às 02:58
Apesar da decretação da fase vermelha pelo Estado, a movimentação no comércio de Cosmópolis foi intensa ontem, graças à aprovação da Prefeitura (Diogo Zacarias/ Correio Popular)

Apesar da decretação da fase vermelha pelo Estado, a movimentação no comércio de Cosmópolis foi intensa ontem, graças à aprovação da Prefeitura (Diogo Zacarias/ Correio Popular)

Apesar de Campinas estar na fase vermelha do Plano São Paulo, teoricamente a mais restritiva estratégia de combate à covid-19, o índice de isolamento social na cidade continua bem abaixo de muitas cidades do interior, do próprio Estado e do recomendado para o controle do avanço da doença. De acordo com o Sistema de Monitoramento Inteligente (Simi), do Governo Paulista, o município registra uma taxa de isolamento de 37%. O dado é referente ao último dia 4, segundo dia após o anúncio da Prefeitura de endurecimento das medidas de controle. No Estado, o índice de ontem foi de 40% e na Grande São Paulo, 39%.

A marca atual em Campinas também é bem inferior à registrada na última ocasião em que a cidade ficou na fase vermelha, que foi no feriado do Ano Novo. Apesar de temporária, naquela ocasião a taxa de isolamento aferida foi de 48%. Especialistas defendem taxas entre 55% e 70% para conter o avanço do novo coronavírus. Ontem, dados da Prefeitura informaram que a cidade contabilizou mais 13 óbitos pela doença. Desses, seis foram de pessoas com idades de 46 a 59 anos. No total, Campinas soma 1.927 moradores mortos pelo coronavírus. Ao todo, 71.393 pessoas foram contaminadas pela doença. Ontem, foram registrados 598 novos casos.

Na região, Monte Mor está entre as 20 cidades do Estado com as melhores taxas de isolamento - 48%. A decisão do governo de Campinas de decretar as medidas restritivas ocorreu antes de o governo paulista determinar as mesmas restrições em nível estadual, por causa da saturação do sistema de saúde. Até ontem, Campinas contava com 654 pessoas internadas por covid-19, dessas 291 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 363 em leitos de enfermaria.

A professora da disciplina de Infectologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Raquel Stucchi, faz um alerta sobre o reflexo do comportamento social em relação às medidas mais restritivas de pouca duração, como as vivenciadas no Natal e Ano Novo. Segundo ela, do ponto de vista do controle da pandemia e da redução no número de casos, isso pode favorecer a desconfiança da população em relação à efetividade das estratégias adotadas. "Medidas como aconteceram no final de ano, de fechamento por três dias e abertura por outros quatro, são inúteis. Servem como recado do tipo: olha, se piorar vou tomar uma medida mais drástica", avalia.

A baixa adesão às medidas adotadas pela Prefeitura é facilmente percebida andando pelas ruas do Centro e periferia. O que se pode observar é um evidente desrespeito. A Administração informa que mantém a fiscalização. Raquel Stucchi ressalta que o papel das autoridades é fundamental para alterar o comportamento social e elevar as taxas de isolamento. "Temos visto o presidente da República fomentando aglomeração e a dispensa do uso de máscara. Isso traz uma confusão maior para a população, que não sabe quem deve seguir", conclui.

A medida de restrição em Campinas é válida até o dia 16 de março, porém a cidade, mesmo antecipando a fase vermelha em três dias, deve acompanhar o decreto do Estado e manter as restrições até dia 19. Essa fase impõe que apenas serviços essenciais possam funcionar. A medida restringe ainda a abertura do comércio, bares e restaurantes, que devem atender por meio de delivery ou drive-thru. Proíbe, ainda, aulas presenciais nas redes pública e privada.

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