Isolamento e um novo olhar sobre o mundo

Quase metade da população mundial se encontra neste momento com algum tipo de restrição de circulação em razão da epidemia de coronavírus. Como se sabe, as regras de isolamento foram adotadas com objetivo de reduzir a propagação da doença; cem mil novos casos foram registrados no mundo em apenas dois dias. Para os brasileiros, afora as questões de cunho social e econômico — que vem sendo exaustivamente debatidas — a quarentena trouxe desafios pessoais, no que tange a viver, mesmo que momentaneamente, de uma forma inteiramente nova. É uma realidade que traz reflexões sobre as rotinas de trabalho, a vivência familiar, com filhos e amigos, a maneira de enxergar o mundo, de atuar e se relacionar em comunidade. Home office, videoconferências, banco de horas e outros conceitos do mundo corporativo foram incorporados na fala cotidiana. As consequências e impactos sociais da crise do coronavírus no mundo do trabalho são ainda imprevisíveis, mas há gestores que já vislumbram que o surto de Covid-19 pode levar à geração de novos hábitos e comportamentos, com a revisão de processos e estruturas nas empresas. Muitos funcionários, quando a atividade econômica assim permitiu, estão há dias conectados desenvolvendo suas atividades em casa, cumprindo a quarentena, buscando ser ativos e produtivos em suas funções, apesar das incertezas e temores vigentes. Manter a saúde física e mental nesta situação até então desconhecida é outro assunto que tem sido motivo de preocupação. Obrigatoriamente, o momento exige o encontro de alternativas diferentes, maneiras inovadoras de realizar as atividades. Por meio da internet e redes sociais pipocam iniciativas que procuram ajudar as pessoas, durante o período de isolamento, a se manterem ativas na prática de exercícios físicos, especialistas que fornecem apoio psicológico e disponibilizam dicas para a manutenção do equilíbrio e redução do estresse. Na sexta (27) o Correio publicou reportagem sobre um grupo de psicólogos que se uniram para, voluntariamente, ajudar pessoas a atravessar essa fase difícil. Hoje o jornal traz reportagens com orientações e exemplos de aulas on-line (página A4) para se manter em movimento mesmo reclusos em casa. Em meio a números e estatísticas da pandemia, esse olhar diverso pode ajudar a humanizar o enfrentamento dessa realidade desconhecida, assustadora e inesperada a que todos estão expostos. E a enxergar a luz no final do túnel.