As medidas de isolamento social estabelecidas para conter o avanço do coronavírus estão sendo benéficas ao meio ambiente
As medidas de isolamento social estabelecidas para conter o avanço do coronavírus, além de impedir o aumento de casos da doença, estão sendo benéficas ao meio ambiente. Especialistas de universidades de Campinas realizaram um estudo que constatou neste período de isolamento a redução na emissão de poluentes no ar, principalmente as substâncias liberadas por veículos. Campinas registrou redução de 73% no poluente de óxido de nitrogênio e de 45% nas partículas inaláveis, em abril deste ano, comparado aos índices de poluição registrados nos meses de abril dos últimos quatro anos. As medições foram feitas a partir de dados das estações de monitoramento da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), em Campinas. O estudo foi elaborado pelo por Rodrigo Custódio Urban, professor e diretor da Faculdade de Engenharia Ambiental da PUC-Campinas, e por Liane Yuri Kondo Nakada, pesquisadora do departamento de Infraestrutura e Ambiente da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp e professora de Engenharia Ambiental da Universidade Santo Amaro (Unisa). Segundo Urban, a redução desses poluentes na atmosfera se traduz em melhoria na qualidade de vida e na saúde das pessoas. “Houve uma redução de 45% do material particulado no ar. Além disso, foi registrada a diminuição do óxido de nitrogênio. Esses dois poluentes interferem na capacidade respiratória das pessoas e isso representa melhor qualidade de vida”, afirmou. Os resultados obtidos são importantes também, segundo Urban, porque o monóxido de nitrogênio tem uma tendência de crescimento de até 50% entre março, abril e maio. “Nesse período de transição para o Inverno, as condições atmosféricas, tempo mais seco, dificultam a dispersão de poluentes e existe essa piora nas condições. Mesmo assim, houve redução de poluentes”, comentou. Urban destacou que a redução é resultado direto da diminuição de circulação de veículos e sugere que sejam adotadas políticas de meio ambiente mais firmes nas cidades para que se mantenham índices mais baixos de emissão de poluentes. O professor sugeriu também reflexão social para manter parte dos benefícios ao término da pandemia. “Algumas mudanças realizadas em função do coronavírus podem ser mantidas, como o trabalho remoto em atividades que não necessitam da presença no local de trabalho. Essas medidas ajudariam a diminuir o fluxo de carros nas ruas.” “Esse e alguns outros estudos deixam a impressão de que o lockdown é uma bênção escondida nos benefícios ambientais, mas não é assim. É preciso equilíbrio para minimizar os prejuízos sociais. O importante é aprender lições que nos levem a melhorar nossa atuação em prol do meio ambiente”, comentou. O estudo foi publicado na revista Science of the Total Environment, que incluiu dados da redução de índices de poluição atmosférica na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).