ASSEMBLEIA GERAL

Irmandade vota nesta quarta aprovação de novo complexo imobiliário

Empreendimento contará com shopping, novo hospital e uma extensa área verde

Da Redação
21/12/2022 às 09:02.
Atualizado em 21/12/2022 às 09:02
O grupo de investidores prevê que a capacidade de atendimento da Santa Casa com um novo prédio para atividades médicas e hospitalares poderá ser triplicada: iniciativa, segundo os empresários, é inovadora (Gustavo Tilio)

O grupo de investidores prevê que a capacidade de atendimento da Santa Casa com um novo prédio para atividades médicas e hospitalares poderá ser triplicada: iniciativa, segundo os empresários, é inovadora (Gustavo Tilio)

A Irmandade de Misericórdia da Santa Casa (IMC) realiza nesta quarta-feira (21), às 9h, Assembleia Geral Extraordinária para tratar da construção de um novo complexo imobiliário projetado para a área que abriga a IMC, provedora da Santa Casa de Campinas e do Hospital Irmãos Penteado.

O empreendimento pretende modernizar o complexo hospitalar mediante novas construções, como a de um centro comercial e prédio residencial, além de reformar o que foi tombado como patrimônio histórico pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc). Serão R$ 600 milhões em investimentos, oriundos da iniciativa privada.

Na assembleia de nesta quarta-feira, duas votações vão ser realizadas. Uma delas será a do "Primeiro Aditivo ao Compromisso Particular de Permuta com Torna e Concessão do Direito Real de Superfície e Outros Pactos". O documento já está assinado, com a data de 13 de novembro de 2015, e a votação será para ratificar o compromisso.

Também será colocada em votação a prorrogação do cronograma de aprovação do projeto previsto no "Compromisso Particular de Permuta com Torna e Concessão do Direito Real de Superfície e Outros Pactos", também assinado na mesma data de 2015.

Vale ressaltar que, mesmo com a aprovação, as duas instituições que o projeto busca também revitalizar - o Irmãos Penteado e a Santa Casa - permanecerão instalados no mesmo local, no bairro Cambuí. O grupo de investidores prevê que a capacidade de atendimento da Santa Casa com a construção de um novo prédio para atividades médicas e hospitalares poderá ser triplicada.

A ideia, que surgiu há cerca de uma década, foi retomada no final do ano passado, quando da apresentação dela ao prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos).

Conforme os investidores explicaram, o intuito é o de unir o "ultramoderno" com o "antigo". A área tombada será revitalizada, mas não serão alterações profundas, apenas reformas. Estão previstas novas construções no complexo, como um centro comercial, que deve ocupar 35 mil m², e uma torre residencial, de seis mil m². E, ainda, uma torre hospitalar, com nove mil m² e uma grande área de preservação, com bastante área verde, de 7,5 mil m².

Outra expectativa é a de que a construção do prédio -, que teria o shopping embaixo e a área residencial na parte de cima - seja um dos maiores da cidade, com 37 andares. Os investidores cuidariam da parte residencial, enquanto o setor comercial do novo complexo, com restaurantes, cafés, padarias, ficaria sob a responsabilidade da própria Santa Casa.

Tudo isso, daria vida nova ao Centro, conforme explicou à época da retomada do projeto um dos investidores, Max Lobato Sales. "Vai ser uma vida nova para a região central. Haverá um antes e um depois. O projeto é icônico e se tornará uma marca. Além disso, esperamos construir o prédio mais alto da cidade, com 37 andares, localizado no ponto mais alto do município. A construção será vista de muito longe. Campinas tem muito a ganhar com o projeto."

Sobre a inclusão de um centro comercial no empreendimento, Sales foi enfático ao destacar a iniciativa inovadora. "Seria o primeiro shopping no Centro. Isso nos atraiu e foi muito importante no passado, quando tomamos a decisão de investir em Campinas. Ela é uma cidade diferente. Geralmente, você encontra centros comerciais em áreas centrais dos municípios. Campinas tem vários na periferia, mas ainda falta um nesta região. Será uma marca relevante a construção do primeiro", finalizou o empresário.

O grupo de investidores vai pagar o aluguel do shopping para a Santa Casa pelo período de 50 anos e, depois disso, o empreendimento fica para ela. A expectativa é a de que isso ajude o hospital a “respirar” financeiramente, valorizando e melhorando o próprio patrimônio em busca de, no mínimo, mais 150 anos de existência."

Entrevista exclusiva

Em fevereiro, o Correio Popular recebeu o grupo de investidores que está à frente do empreendimento para uma entrevista exclusiva: Fernando Aoad, da Fact Invest; Jorge Felipe Lemann e Carolina Burg, da JFL; e Max Lobato Sales, da Sena Construções. Na ocasião, todos concordaram que essa pode ser a oportunidade de Campinas tornar-se um lugar atrativo para interessados em novos investimentos e empreendimentos. Para eles, Campinas está caracterizada, em São Paulo e adjacências, como um município que dificulta a vida dos empreendedores.

"É algo recorrente. Vem um investidor de lá, algo dá errado e o cara volta e critica. Parece que a cidade é grande, mas não é. Todo mundo escuta (...) Se destravar esse projeto, virá muita gente, garanto. A fama de Campinas é difícil mesmo. Se esse núcleo que está aqui, bem conhecido em São Paulo, passar a informação de que fomos bem recebidos, que está dando certo, vai destravar um monte, pode ter certeza disso.", justificou Sales.

Ele também detalhou as possibilidades futuras para a Santa Casa com a revitalização. "Como a Santa Casa estará mais moderna, com instalações maiores, mais leitos, ela, provavelmente, poderá incrementar atividades de alta complexidade. No âmbito do SUS, a ideia é a de ampliar a alta complexidade e atrair outras especialidades não exercidas hoje por falta de equipamento, espaço. Em relação à área verde, será feita uma praça, na qual todo o convívio do Cambuí poderá acontecer ali. A área verde será mais ou menos do mesmo tamanho da que existe no Centro de Convivência (...)"

A atenção às exigências do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) também esteve presente em toda a elaboração do projeto. Uma das torres - a que ficaria em cima do prédio do Shopping - seria para o novo hospital, porém, uma das exigências do Condepacc é a retirada da poluição visual no local, segundo os empresários. "Atualmente, o hospital ocupa uma área de 2,8 mil m² e vai passar a 7,5 mil m², então, quase triplica a área que hoje ocupa o Irmãos Penteado. Isso pode fazer com que ele saia de 60 para 180 leitos, mais ou menos."

O primeiro shopping na área central da cidade poderá ficar com a Santa Casa depois de um período de 50 anos. "A Santa Casa tem propriedade de tudo. A única coisa que pode ser vendida é a incorporação dos apartamentos. O resto, é tudo casa. O que é térreo e abaixo do térreo é dela. A gente vai ter um pedaço do 'ar'. O shopping não. É só dela. Pagamos um aluguel e, depois de um determinado prazo, ou devolvemos à Santa Casa ou renovamos o contrato. O térreo é da Santa Casa e foi isso que convenceu o pessoal da Irmandade. O terreno continua sendo dela, mas podemos explorar e gerar uma renda extra para ela. Como o terreno é dela, o que existe é um ganho de patrimônio substancial para a Santa Casa." 

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