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Investimento volta aos planos das empresas

Ibef aponta que 76% delas planejam tirar projetos das gavetas

Maria Teresa Costa
06/03/2018 às 07:40.
Atualizado em 22/04/2022 às 15:20
Apresentação da pesquisa do Ibef: empresas mais animadas para tocar projetos que estavam na gaveta (Dominique Torquato)

Apresentação da pesquisa do Ibef: empresas mais animadas para tocar projetos que estavam na gaveta (Dominique Torquato)

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças (Ibef-Campinas) divulgada ontem aponta que 78% dos setores da indústria, comércio e serviços da Região Metropolitana de Campinas (RMC) planejam fazer investimentos este ano - e 52% em valores superiores aos do ano passado. O levantamento mostra também que os executivos acreditam que o principal fato que impactará nos negócios este ano será a retomada da economia (67%) e a política (28%). Já a variação cambial e o aumento dos juros nos Estados Unidos terão pouca influência nos negócios, segundo avaliam. A pesquisa foi realizada entre o final de fevereiro e o início deste mês com 180 associados para traçar o cenário econômico e as perspectivas de recuperação da economia da RMC em 2018. “A maior parte dos entrevistados acredita que haverá crescimento das receitas”, disse o presidente do Ibef-Campinas, Marcos Ebert. “Isso mostra otimismo e retomada da confiança dos empresários O levantamento apontou que 45% deles estão prevendo crescimento superior a 10% nas receitas, enquanto 47% acreditam que será inferior a dois dígitos. E apenas 8% preveem queda no faturamento”, ressaltou. Na pesquisa realizada no ano passado, o percentual dos executivos que acreditavam no crescimento de acima dos dois dígitos era de apenas 33%. Para o vice-presidente da entidade, Ricardo Eguchi, o dado é muito significativo, porque indica que 92% das empresas esperam um faturamento melhor, ainda que em intensidades diferentes. “A ressalva fica por conta do novo governo e dos fundamentos da economia, como a deflação. Tivemos no ano passado a maior deflação anual desde 1998 (-0,58%). Com isso, o Banco Central consegue talvez encontro mais espaço para cortar as taxas de juros”, afirmou. Na avaliação de Eguchi, o mundo nunca cresceu tanto como nos últimos quatro anos - ao contrário do Brasil. “Se o País crescer numa média de 2,5% ao ano, até 2020 ou 2021 poderemos voltar à situação de pleno emprego que existia antes da crise”, afirmou. Descoladas da política A diretora financeira da multinacional CCL Industries do Brasil, Viviane Dias, que ganhou o Prêmio Equilibrista de 2017, avaliou que as empresas estão trabalhando nmais descoladas da política e fazendo investimentos. “Este ainda será um ano ainda de alguma instabilidade, mas a política já não nos impacta tanto como no passado. Temos o problema das finanças públicas, que vai exigir mudanças em pleno ano eleitorial, e até agora não temos ainda um candidato que diga que vai abraçar essa causa das mudanças”, avaliou. Os números da pesquisa confirmam essa tendência ainda cautelosa das empresas - por exemplo, quase a metade delas (48%) não pretendem captar recursos; os investimentos programados serão feitos com aporte dos proprietários (17%), empréstimo de bancos de fomento (14%), aporte de grupos controladores (12%) ou empréstimos em bancos de varejo (9%). Isso mostra, segundo Eguchi, que as empresas fizeram a lição de casa, reduziram o endividamento e que agora capitalizadas o suficiente para não precisarem recorrer ao mercado financeiro. “Elas só precisam de um pouco mais de segurança para realizarem os investimentos”, disse. Recuperação O cenário, de toda forma, é propício para a recuperação da economia. Segundo a pesquisa, cresceu de 36% no ano passado para 44% este ano o número de empresas que pretendem contratar, embora tenha caído de 56% para 47% o percentual das que pretendem manter o número atual de vagas, e aumentou de 8% para 9% as que falam em cortes. Apesar de ter perdido o selo de investidor das agências internacionais de classificação de risco. o Brasil está “barato”, com boas oportunidades de aquisições e fusões por empresas estrangeiras. Para Ebert, também é preciso considerar a questão da da reforma da Previdência. “O próximo governo terá obrigatoriamente que tocar nesse tema, para sinalizar aos mercados que o País voltará aos eixos. No geral, temos hoje um cenário economicamente melhor. O maior problema é que temos que combater não apenas a corrupção no governo, mas também a incompetência na gestão da coisa pública. Precisamos eleger um governo que, pelo menos, não atrapalhe o desenvolvimento do País. O mercado fará seu papel de criar empregos, atender a demanda e atrair investidores”, disse.

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