CURVA ASCENDENTE

Investimento em serviços na RMC é o maior do Estado

Com R$ 15,6 bilhões em empreendimentos no primeiro quadrimestre, região foi responsável por 78% do total anunciado para São Paulo

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
05/08/2023 às 09:35.
Atualizado em 05/08/2023 às 09:35
O maior valor entre as empresas foi investido por uma multinacional que está construindo um ‘data center’ em Paulínia; vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) participaram de cerimônia que deu o pontapé inicial às obras (Rodrigo Zanotto)

O maior valor entre as empresas foi investido por uma multinacional que está construindo um ‘data center’ em Paulínia; vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) participaram de cerimônia que deu o pontapé inicial às obras (Rodrigo Zanotto)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) liderou os investimentos na área de serviço no primeiro quadrimestre deste ano no Estado. Ela concentrou o total de R$15,6 bilhões em novos empreendimentos, o que representa 78,39% dos R$ 19,9 bilhões anunciados para São Paulo entre janeiro e abril, de acordo com estudo divulgado pelo Sistema Estadual de Análise de Dados (Sede), fundação ligada ao governo paulista. Apenas o montante voltado para a RMC é o maior desde 2019 e tem uma participação de 33,05% dos R$ 47,2 bilhões anunciados para o Estado de janeiro de 2021 a abril passado.

“O valor apurado nos primeiros quatro meses de 2023 foi o mais elevado no período, decorrente dos investimentos no setor de tecnologia de informação no interior do Estado”, apontou o relatório da Pesquisa de Investimento do Estado de São Paulo (Piesp) elaborado pelo Seade.

De acordo com o estudo, mais de um terço dos investimentos no Estado, R$ 16,3 bilhões, foram direcionados a serviços de informação, mais especificamente em data centers para armazenar dados de terceiros.

Na sequência, aparecem as atividades imobiliárias com novos empreendimentos comerciais, que somaram R$ 9,1 bilhões, locação de veículos (R$ 6,4 bilhões), serviços de saúde (R$ 4,3 bilhões), de alojamento (R$ 2,7 bilhões) e de intermediação financeira (R$ 1,5 bilhão). Os demais subsetores somaram R$ 7 bilhões.

PROJETOS

De acordo com o Piesp, o maior valor entre as empresas corresponde aos R$ 15,6 bilhões investidos por um multinacional que iniciou este ano a construção de um data center em Paulínia, o maior do país. A primeira fase do projeto deverá entrar em operação no segundo semestre do próximo ano, ocupando uma área de 200 mil metros quadrados, Essa é a primeira unidade da empresa no Brasil e o maior da companhia em todo o Hemisfério Sul. Em sua primeira fase, ele terá 144 MW (megawatts) de capacidade instalada.

A empresa já antecipou que, logo após a inauguração dessa unidade, tem planos para dobrar a potência instalada com a construção de mais três prédios, chegando a 288 MW.

“É importante que os dados gerados no Brasil fiquem no Brasil”, justificou o CEO da companhia, Hossein Fateh. O data center gerará cerca de mil empregos durante a fase de construção.

De acordo com o Piesp, o setor de serviços no Estado de São Paulo gerou investimentos de R$ 10,6 bilhões em 2019, valor que caiu para R$ 7,4 bilhões no ano seguinte, início da pandemia de covid-19. A retomada ocorreu a partir de 2021, quando a soma foi de R$ 11,9 bilhões, iniciando uma curva ascendente que se mantém. No ano passado, os investimentos nesse setor somaram R$ 15,4 bilhões.

A RMC se destaca nessa área desde 2019, principalmente na área de informações. O maior data center em operação no país fica em Vinhedo, que em 2020 recebeu um investimento em R$ 200 milhões para sua expansão. O dois prédios do campus somam 46 mil metros quadrados de área total. Dos 22 data centers da empresa no país, 15 estão instalados na RMC, tendo unidades também em Sumaré, Paulínia, Hortolândia e Campinas. É quase a metade das 34 unidades da companhia instaladas no Brasil, Chile, México e Colômbia.

“A grande movimentação nos negócios tem sido impulsionada pela alta demanda por infraestrutura na região (de Campinas), que cresce juntamente ao mercado de cloud (informações armazenadas em nuvens) e às inovações no mercado de telecomunicações”, explicou o vice-presidente de operações da empresa, Marcos Siqueira.

Desde 2021, a empresa investiu US$ 250 milhões (R$ 1,21 bilhão) em cinco novas instalações em Hortolândia e Sumaré, das quais quatro entraram em operação no início deste ano.

O estudo do Seade mostrou que, desde 2021, os investimentos na área de serviço totalizaram R$ 17,3 bilhões na Região Administrativa (RA) de Campinas, formada por 90 municípios. É o segundo maior valor no Estado, com uma participação de 36,7% do total destinado. O valor fica atrás apenas dos R$ 27,9 bilhões destinados para a Região Metropolitana de São Paulo, o equivalente a quase 60% do valor geral.

As demais regiões paulista somaram 4,1% dos investimentos. “Os investimentos são importantes para gerar empregos, aumentar a arrecadação tributária, além de ter grande importância para estimular fornecedores e prestadores de serviços”, explicou o economista Feliz Queiroz.

ENERGIA

O Piesp aponta ainda que uma empresa do ramo de distribuição de energia, sediada em Campinas, liderada os novos investimentos na infraestrutura elétrica paulista anunciados no primeiro semestre deste ano. A empresa, controlada por uma companhia chinesa, destinará R$ 10,8 bilhões no período de 2023 a 2027, o equivalente a 96,43% dos R$ 11,2 bilhões anunciados para o Estado de janeiro a junho deste ano.

Esse total superou os valores anuais apurados pelo estudo desde 2020. É inferior apenas aos R$ 16,4 bilhões anunciados em 2019. O montante destinado pela companhia será para distribuição de energia, com a diferença sendo destinada para transmissão (R$ 343 milhões) e geração de eletricidade (R$ 143 milhões).

O maior investimento, R$ 8,5 bilhões, será feito pela subsidiária que atende as regiões de Campinas, Ribeirão Preto, Bauru e São José do Rio Preto, totalizando 234 cidades e 4,9 milhões de clientes.

Outros R$ 2,3 bilhões serão aplicados pela subsidiária de Piratininga, que atende 1,9 milhão de clientes e cobre 27 cidades, sendo Santos, Sorocaba, Jundiaí e Indaiatuba as principais.

Os novos investimentos da companhia seguem um programa de ampliação e modernização da rede de distribuição. Em sua área de cobertura, a companhia ultrapassou a marca de R$ 2 bilhões em 2022, o maior valor da história da distribuidora.

Em Campinas, os investimentos saltaram de R$ 68,8 milhões, em 2021, para R$ 113,7 milhões em 2022, alta de 65,26%.

“A cidade de Campinas é sede de uma região metropolitana, referência nacional em ciência, tecnologia e conhecimento, e no ano passado ficou em quinto lugar no ranking das cidades mais inteligentes e conectadas do País. Energia confiável é fundamental para o município e seu entorno”, disse o presidente da subsidiária, Roberto Sartori.

Valinhos também teve um grande crescimento no aporte, de R$ 7,9 milhões em 2021 para R$ 39,3 milhões em 2022. A maior parte dos recursos, R$ 33 milhões, foi destinada para a nova subestação da empresa na Vila Embaré. Dessa parcela, R$ 24,6 milhões foram destinados para as obras de infraestrutura e R$ 3,2 milhões na rede de distribuição.

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