HABITAÇÃO

Invadida há uma semana, área já tem 250 famílias

A área já foi tomada por barracas de lona e também por tapumes. Famílias inteiras, inclusive dezenas de crianças, já estão morando no espaço de forma inadequada

Shana Pereira
shana.pereira@rac.com.br
12/07/2016 às 22:20.
Atualizado em 22/04/2022 às 23:30

O número de famílias que invadiram um terreno público entre os bairros Núcleo Residencial Rosalina, DIC V e o Eldorado dos Carajás, em Campinas, mais que dobrou nos últimos dias mesmo com a ordem da Justiça de reintegração de posse do local. No início da ocupação eram 100 famílias — nesta terça havia pelo menos 250, totalizando 600 pessoas no terreno. Todos buscam moradia. A área já foi tomada por barracas de lona e também por tapumes. Famílias inteiras, inclusive dezenas de crianças, já estão morando no espaço de forma inadequada. O terreno é da Prefeitura de Campinas e foi invadido no último dia 4. O juiz Mauro Iuji Fukumoto, da 1ª Vara da Fazenda Pública, já concedeu uma liminar para a reintegração, e o prazo venceu anteontem, mas os invasores afirmam que ainda não foram notificados. A sentença expedida pelo juiz informa que, “considerando que se trata de ocupação recente, ainda não consolidada, em área municipal, justifica-se a imediata ordem de reintegração de posse”. Após a notificação, as famílias tinham um prazo de cinco dias para deixar o terreno, sob pena de reintegração forçada. Mesmo com o término do prazo, os invasores permanecem na área. O jardineiro Gilson Queiroz Américo, de 27 anos, diz que a ocupação espera pela ordem judicial, e caso as autoridades cheguem a realizar a reintegração de posse, as famílias irão fazer um protesto e prometem fechar a Rodovia Santos Dumont (SP-75). “Só queremos os nossos direitos. Queremos um lugar para morar”, afirmou. A ocupação já foi batizada pelos novos moradores de “Campos do Eldorado”. Questionados, eles dizem que não deixarão o local, pois não têm para onde ir. Nos últimos dias, as famílias começaram a fazer marcações no terreno, assegurando lotes para a construção de moradias. Eles também reservaram espaços para a construção de uma escola e também de uma creche. Algumas famílias já ergueram seus barracos com tapumes e outras improvisaram com lonas, painéis publicitários e restos de materiais de construção. Na área, os ocupantes improvisaram também um fogão a lenha. E encontraram uma nascente próxima ao local, onde retiram água para beber, cozinhar e utilizar nos afazeres diários. A maior parte do terreno é de terra batida e em algumas regiões onde há mato, foram limpadas pelos invasores. Eles também começaram a abrir ruas, dando à área características urbanas. Quem são O motorista Joseilton Souza Santos, de 37 anos, é quem está realizando as medições do espaço. Ele afirmou que a intenção é provar para a Prefeitura que são organizados. “Estamos medindo e adequando os espaços. Também preservamos as nascentes e a área verde que existe aqui”, afirmou. A família de Juliano Luiz Pereira, de 32 anos, já se acomodou no barraco de apenas um cômodo. Ele, uma filha de 11 anos e o filho de 4 anos levaram roupas, colchões, móveis e alguns eletrodomésticos. Pereira morava junto com a sogra e não tem condições de assumir gastos com aluguel, pois está desempregado. “Estou trazendo minhas coisas ao poucos. A minha esposa está no hospital com o meu filho recém-nascido. Assim que tiver alta, vamos permanecer aqui”, disse. Ele conta também que já fez a inscrição na Companhia de Habitação Popular de Campinas (Cohab) e tem esperança de conseguir uma casa popular. O vendedor Leandro Michael Garcia de Oliveira, de 20 anos, conta que está desempregado e também não tem condições de pagar aluguel. “Trouxe minha mãe e meus irmãos. Temos que optar em morar ou comer”, contou. Sehab estuda criar área de interesse social A Secretaria de Habitação (Sehab) informou que aguarda a manifestação da Justiça para realizar o encaminhamento da execução da reintegração de posse. A pasta diz ainda que está concluindo estudos para verificar a viabilidade de implantação de um empreendimento de interesse social na área, o que deve favorecer o processo de regularização fundiária. O Tribunal de Justiça informou que ainda não há uma data agendada para a reintegração.

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