Enquanto a situação melhora no setor privado, no público a pressão se mantém
Recepção do Hospital Ouro Verde em Campinas, que viveu ontem um dia mais calmo, após a avalanche de pacientes contaminados por covid em fevereiro e março (Ricardo Lima/ Correio Popular)
Campinas inicia a semana com uma redução de 29% no número de pessoas internadas por covid-19 nos últimos 30 dias. A diminuição da hospitalização foi puxada pelo setor privado. No sistema público a pressão ainda é grande com praticamente todos os leitos destinados a pacientes acometidos pelo coronavírus ocupados. Apesar da redução na hospitalização ser positiva do ponto de vista do combate à pandemia, os números ainda são considerados estacionados em um patamar muito alto. Isto significa que qualquer aumento na taxa de contágio pode pode ser necessário retomar as medidas de isolamento mais rígidas na cidade.
De acordo com os números divulgados pelo boletim epidemiológico da Prefeitura, existem ainda 670 pacientes contaminados por covid internados na cidade. Em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) são 329, o restante se encontra em enfermarias. Na fila à espera de leitos estão 33 pessoas.
No final do mês de março, haviam 947 pessoas hospitalizadas por complicações com o coronavírus. Desse total, 412 pacientes estavam internados em UTIs, e 535 em leitos de enfermaria. Eram 213 pessoas à espera por leitos na cidade, conforme divulgado pela Prefeitura em boletim no dia 25 de março.
A redução nas hospitalizações coincide com o período de medidas mais rigorosas de controle da pandemia adotadas pela cidade e pelo Estado. Desde o final de março, ações mais duras têm sido implementadas, entre elas a restrição de circulação a partir do toque de recolher, que ainda vigora. Agora, com a flexibilização das medidas de restrição adotadas na atual fase de transição do Plano São Paulo, as autoridades sanitárias estão em atentas a qualquer sinal de volta dos contágios.
A maior redução da hospitalização foi registrada nos pacientes em leitos clínicos, 35%. Na comparação entre o final de março e agora, a cidade passou de 535 leitos de enfermaria ocupados para 341, atualmente. Em UTIs havia 412 internados um mês atrás. Agora, o número divulgado é de 329 pessoas. Uma redução de 20%.
A redução registrada em Campinas, supera a observada no Estado, onde a diminuição nas internações no número de pessoas hospitalizadas por covid-19 foi de 26,9%.
Atualmente, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde há 22.319 pacientes internados, sendo 10.556 em UTIs e 11.763 em enfermaria. Em 25 de março, havia 30.549 hospitalizados, 8.230 a mais.
No entanto, mesmo com a redução da hospitalização nos últimos 30 dias, pouco se viu em diminuição da pressão no sistema público de saúde. A taxa de ocupação de leitos de UTI SUS Municipal ainda continua crítica. A cidade iniciou a semana com uma taxa de ocupação em 98,77%, conforme dados divulgados ontem pela Prefeitura. Nos leitos particulares é possível observar um fôlego. A taxa de ocupação caiu para 71%. Há 62 leitos disponíveis. No Estado a taxa de ocupação está em 80% e na Grande São Paulo em 79%.
Desde o início da pandemia já são 2.914 registros de morte na cidade, 21 casos de óbitos a mais que no balanço divulgado dia 23 de abril. O número de pessoas que já contraíram a doença em Campinas se aproxima das 90 mil desde o início da pandemia. O último balanço divulgado pela Prefeitura, aponta para a marca de 89.429 casos de coronavírus.
Secretário comemora queda, mas pede mais cautela
O secretário Municipal de Saúde, Lair Zambon, disse ontem que a redução nas hospitalizações registrada nas últimas quatro semanas está relacionada diretamente às medidas mais restritivas de isolamento social adotadas antecipadamente pela cidade em relação ao Estado. No entanto, observa que apesar da diminuição nas internações, a "estabilidade" acontece em patamares muito elevados, o que é um risco muito grande.
"O comportamento que registramos nesta semana e nas próximas será determinante para a volta ou não de novas medidas de restrição de isolamento. É muito difícil para nós adotarmos medidas de restrição mais rígidas, mas se a taxa de contaminação que caiu voltar a subir, teremos que escolher entre não restringir e salvar vidas, e escolhemos salvar vidas", disse Zambon.
O secretário adiantou que a prefeitura prepara a divulgação de indicadores que servirão para medir o nível de restrição necessária a ser implementada na cidade. "A ideia é melhorar a comunicação e o entendimento da população quanto a necessidade de serem respeitadas todas as regras de isolamento social e uso de máscara", explica.
O secretário afirmou também que a Prefeitura se prepara para a abertura de dez a 15 leitos de UTI pediátricos para as próximas semanas no hospital Mário Gatti. Mas para isso conta com um avanço ainda maior na redução das hospitalizações de leitos municipais. A readequação, segundo ele, é necessária e será um processo visando um aumento de demanda de casos não covid-19 com a chegada das baixas temperaturas e o aumento de casos de síndromes gripais graves.
"A população precisa nos ajudar. O momento não é para festas. Os donos de bares e restaurantes precisam exigir o cumprimento das regras. O uso de máscara é em todo lugar", reforça.
O secretário disse acreditar que as medidas antecipadas adotadas pela Prefeitura de Campinas em relação ao Estado irão controlar o número de mortes pela covid-19 neste mês em relação ao mês de março, considerado o mais letal desde o início da pandemia.
Novas Medidas
A Prefeitura de Campinas publica nesta terça-feira, 27 de abril, no Diário Oficial uma alteração no decreto municipal da Fase de Transição do Plano São Paulo. Entre os dias 27 e 30 de abril, o setor de comércio e rua e serviços, inclusive galerias e estabelecimentos congêneres poderão funcionar entre 10h e 18h. Já para os shoppings, o horário de funcionamento será entre 12h e 20h.