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Institutos de estatística sofrem com fake news

O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Roberto Olinto, disse que o fenômeno da divulgação de informações falsas pelas redes sociais, as fake news, é um desafio para os órgãos estatísticos

Agência Brasil
18/03/2018 às 11:06.
Atualizado em 23/04/2022 às 06:40
Institutos de estatística sofrem com fake news (Divulgação)

Institutos de estatística sofrem com fake news (Divulgação)

O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Roberto Olinto, disse que o fenômeno da divulgação de informações falsas pelas redes sociais, as fake news, é um desafio para os órgãos estatísticos. “Ainda tem essa novidade do fake news, que afeta a gente. Volta e meia sai uma notícia que, associada a alguma questão econômica, social, (dá a entender que) o IBGE está envolvido nessa confusão”, destacou, em palestra promovida pela Associação Nacional de Editores de Revistas. Na avaliação de Olinto, a grande proliferação de informações de uma maneira geral é um cenário adverso para os institutos produtores de dados. “A sociedade está se afogando na quantidade de números gerados”, enfatizou. Ele disse que, nesse contexto, é cada vez mais difícil manter a credibilidade do IBGE, ainda mais com a grande circulação de diversos pontos de vista. “Excesso de opinião. Opinião também afeta a estatística oficial, porque você tem que se contrapor, de certa forma, com um dado de confiança”, ressaltou. Segundo Olinto, mesmo índices consolidados ainda são alvo de dúvidas da sociedade: “50% da população brasileira acha que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é errado, que dentro da sua casa a inflação não é aquela e não acredita na gente de forma nenhuma”, afirmou. Por causa desse tipo de problema, o IBGE investe em campanhas explicativas nas redes sociais. “Na internet tem uns videozinhos em que tentamos explicar esse tipo de questão.” Imprensa Além disso, ele destacou que nos últimos anos o IBGE tem construído uma relação próxima e de confiança com a imprensa. “A credibilidade dos institutos de estatística só existe a partir do momento que existe uma boa relação de comunicação com a sociedade. É preciso ser transparente. Isso tem que ser feito através dos diversos instrumentos disponíveis para a comunicação.” Para Olinto, outro fator importante para manter a credibilidade dos estudos é evitar interferências externas ou políticas nos trabalhos. “As pesquisas do IBGE tem que ser protegidas com uma imparcialidade muito grande”, destacou o executivo. Comissão analisa projetos sobre o tema O Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional criou neste mês uma comissão de relatoria destinada a analisar os projetos de lei que tramitam na Câmara e no Senado sobre o combate às fake news. Após negar que elaborariam uma nova proposta sobre o tema, os conselheiros aprovaram o nome de seis membros da comissão, que deverá apresentar um relatório após ouvir os autores das propostas. Devido a controvérsias em torno da competência do conselho para elaborar propostas legislativas e da possibilidade de os primeiros rascunhos do texto proporem a censura de notícias na internet sem decisões judiciais, o presidente do colegiado, Murillo de Aragão, negou a intenção de formular um projeto. “Nosso papel é meramente suplementar, de debate, de trazer os temas à discussão perante representantes da sociedade, dos trabalhadores e dos empresários, aberto à sociedade civil para receber contribuições. Qualquer iniciativa que traga ameaça à liberdade de imprensa será plenamente refutada por este conselho. Não cabe (a nós) a iniciativa de projetos de lei, mas sim o exame e a opinião sobre temas que estão em debate”, disse o cientista político. De acordo com o conselheiro José Francisco de Araújo Lima, porém, uma versão da proposta chegou a ser enviada aos membros do conselho. “Eu tomei conhecimento no dia 27 (de fevereiro), por correspondência, de que havia um estudo. E não era estudo, já estava mesmo em formato de um projeto, que o conselho apresentaria ou submeteria oportunamente. Eu não me conformei com isso. Temos uma comunicação que fazemos através de mensagem de texto no grupo dos conselheiros, onde manifestei minha surpresa e meu inconformismo diante da forma que foi feita", afirmou.

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