CAMPINAS

Instituto Federal está abandonado no Jardim Satélite Íris I

Moradores da região relatam que a empresa responsável pela construção deixou de trabalhar no local há pelo menos seis meses.

Eric Rocha
eric.rocha@rac.com.br
20/06/2015 às 20:59.
Atualizado em 28/04/2022 às 15:29

O IFSP disse que obras estão paradas pois a empresa que ganhou a licitação não cumpriu o contrato (Eric Rocha/AAN)

O abandono do canteiro de obras do campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFSP), no bairro Jardim Satélite Íris I, na região do Campo Grande, em Campinas, fez com que o local virasse ponto fácil para vândalos furtarem materiais de construção e até partes do alambrado que cerca a área. Moradores da região relatam que a empresa responsável pela construção deixou de trabalhar no local há pelo menos seis meses. A obra foi anunciada em 2009 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e na gestão do ex-prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT), mas uma série de problemas nesses seis anos fizeram com que as instalações nem estejam perto de ficar prontas. O IFSP informou que precisou rescindir o contrato com a construtora.Na área de 2.840 m², pouco faz lembrar que o espaço, que em plena atividade, deveria abrigar a estrutura necessária para atender até 1,2 mil alunos dos cursos de automação, química, mecânica e informática. A obra, localizada na Rua Heitor Lacerda Guedes, praticamente não avançou e apenas alguns alicerces foram levantados pelos trabalhadores. Com a saída deles, o local ficou abandonado e virou uma terra sem dono. Ferragens, fios e cabos elétricos, madeira, blocos de concreto, areia e até o alambrado têm virado alvo de vândalos que não têm horário para agir. “É até à luz do dia, às duas, três horas da tarde, pessoal estava roubando”, contou a executiva de vendas e vizinha da área, Denise Gomes. O comerciante Isaac Martins da Silva disse ter visto até uma cena inusitada: o campi virou espaço para criação de gado, ao invés de um canteiro de obras. “Mudou totalmente a paisagem. Parece um cenário de guerra, com ferragem exposta. É perigoso até alguém se machucar à noite”, afirmou. A reportagem encontrou no local um poço de 1,5 metro de profundidade completamente tomado pela água da chuva. A estrutura — provavelmente feita para abrigar a área de um elevador — é um possível foco para a reprodução das larvas do mosquito transmissor da dengue. “Uma obra dessa ia ajudar essa região carente. É uma judiação porque é dinheiro público. Quem vai devolver esse dinheiro?”, perguntou o comerciante. DificuldadesO campus do Campo Grande do IFSP foi orçado em R$ 7 milhões em 2009. O valor subiu para R$ 10 milhões no ano passado. Uma cerimônia marcou o início das obras em junho de 2014 e a previsão de entrega à época era o primeiro semestre deste ano. A estrutura não saiu do papel antes por causa de uma série de pendências e problemas no projeto e processo licitatório. Em agosto de 2011, uma empresa venceu a licitação, mas teve negado um aditivo de R$ 4 milhões. Um novo certame deveria ter sido feito logo na sequência, mas isso não ocorreu. Em 2013, o processo foi concluído e uma construtora escolhida. As obras chegaram a começar, mas logo pararam. “Muita gente ficou empolgada com a obra, melhorou pra gente algumas coisas. Só que agora simplesmente parou tudo, ninguém aparece”, disse a dona de casa, Nádia Silva. O que poderia ajudar a mudar a realidade do bairro, agora deixou de ser algo concreto. “Teve gente que fez até planos de montar banquinhas para vender e melhorar a vida”, disse Denise.Em nota, o IFSP informou que rescindiu o contrato com a empresa porque a construtora “não cumpriu o cronograma da obra” e não atendeu os requisitos para a celebração de um termo aditivo de prazo. O Instituto afirmou também que está “tomando todas as medidas administrativas para executar as cláusulas do contrato e aplicação das sanções previstas na Lei de Licitações”. Os trâmites administrativos para um novo processo licitatório já foram iniciados, mas ainda não há um prazo para a sua publicação. Sobre o possível foco de dengue, a Prefeitura de Campinas disse que uma equipe da Secretaria de Saúde irá ao canteiro de obras para verificar a situação e “tomar as providências cabíveis”.

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