Semana de eventos marca aniversário de entidade filantrópica mantida pela própria comunidade
Palestras, apresentações artísticas, almoço, bazar e missa marcam, nesta semana, os 85 anos do Instituto Campineiro dos Cegos Trabalhadores (ICCT), uma das mais antigas (e reconhecidas) entidades filantrópicas da cidade. Atualmente, pouco mais de 100 pessoas — com visão parcialmente ou totalmente comprometida — são assistidas pela entidade e não pagam um centavo sequer. Aprendem braile, estudam informática, participam de atividades culturais, praticam esportes. E um grupo de 24 profissionais contratados _ psicólogos, terapeutas ocupacionais, professores, orientadores de mobilidade _ se junta a um time de voluntários na prestação dos serviços. Até o final de semana, os assistidos vão participar de workshops sobre empreendedorismo, trabalho e tecnologia assistiva. No sábado, acontecem o bazar solidário, uma apresentação teatral e um show de capoeira. No domingo, acontecem uma missa e um almoço especial, imperdível, ao som de cantores líricos. Hoje em dia, o ICCT tem custos da ordem de R$ 80 mil mensais para se manter. Além dos salários do pessoal técnico, os recursos são usados para o pagamento de despesas como as contas fixas e a refeição oferecida ao grupo de deficientes atendidos. Para conseguir o dinheiro — como aconteceu nas últimas oito décadas e meia — a entidade sai “de pires na mão” e pede ajuda. Conta com cerca de 500 colaboradores fiéis, que fazem doações esporádicas, de quanto podem. O ICCT também aluga parte do terreno da própria sede como estacionamento ou espaço de eventos. Também chegam os repasses imprescindíveis da Prefeitura e da própria Federação das Entidades Assistenciais de Campinas (Feac). Nem sempre, no entanto, a contabilidade fecha no azul. “Já chegamos, recentemente, a ter um prejuízo mensal da ordem de R$ 10 mil. É nesse momento que a gente recorre aos velhos parceiros, gente que reconhece a seriedade e a importância no nosso trabalho”, afirma o tesoureiro Valtinho Fernandes, voluntário. “Campinas tem benfeitores”, completa. História O ICCT, que nasceu como “Liga Campineira dos Cegos Trabalhadores”, foi fundado no dia 22 de abril de 1933. A primeira reunião de voluntários aconteceu em uma sala cedida na sede do Correio Popular, no Centro. No começo, a assistência acontecia em imóveis alugados pela Prefeitura, nas ruas Regente Feijó e Cônego Cipião, por exemplo. Mas o trabalho alavancou de fato no final dos anos 40, quando o instituto foi agraciado com a doação de um terreno de quase 20 mil metros quadrados na Avenida Washington Luiz, na Vila Marieta, doado pela benemérita Risoleta Ferreira Jorge, onde funciona até hoje. A relação do instituto com o Correio Popular sempre foi intensa. Tanto é que Sylvino de Godoy, presidente do jornal na década de 1940 (avô do presidente atual), comandou a entidade durante 16 anos. Hoje á frente do instituto está Vicente Moteiro, advogado. Ao longo das décadas, o instituto fez fama porque os cegos assistidos fabricavam, de maneira artesanal, vassouras, espanadores e escovas. A atividade ajudava o instituto a pagar as próprias despesas, e fez o serviço cair nas graças dos campineiros.