O Instituto Centro de Gestão de Tecnologia e Informação (CGTI), com sede em Campinas, lançou oficialmente ontem, seu Dispositivo Separador Óleo Água
O Instituto Centro de Gestão de Tecnologia e Informação (CGTI), com sede em Campinas, lançou oficialmente ontem, durante 25ª edição do Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (SNPTEE), em Belo Horizonte, seu Dispositivo Separador Óleo Água. O projeto – também chamado de ‘caixa ecológica’, trabalha na prevenção de vazamentos de óleos nas subestações de energia elétrica. O dispositivo, que consumiu oito anos de pesquisa e envolveu uma equipe com mais de 20 profissionais, emite um alarme remoto, em caso de vazamentos. “As subestações concentram grandes quantidades de óleo, entre 50 e 60 mil litros, e o nosso sistema, além do alerta, protege o solo, impedindo, por exemplo, a contaminação do lençol freático da área”, explica o diretor comercial do instituto, José Eduardo Blanco Querido. O equipamento traz à tona um tema polêmico: a responsabilidade de se prevenir tragédias ambientais e as possibilidades de prevenção utilizando a tecnologia. No início deste ano, o Brasil mais uma vez sofreu com queda da barreira de Brumadinho, e a morte de centenas de trabalhadores da mineradora Vale. Já atualmente, os ambientalistas ainda mensuram impactos da contaminação do litoral Nordestino por petróleo – sabe-se, de antemão, que os componentes químicos têm potencial para matar espécies marinhas, impossibilitar pesca e turismo, além causar graves doenças, como câncer, nos seres humanos. As subestações utilizam óleo na função de isolamento elétrico uma, através de troca de calor com o ambiente externo. Em 2013, um dos mais conhecidos casos de vazamento de óleo em subestações de energia, aconteceu no Sul, quando 12 mil litros de óleo mineral vazam de subestação desativada da Celesc, na Tapera. O Brasil atualizou em 2015 normas regulamentadoras do setor como a NBR-13231 “Proteção Contra Incêndio em SE’s (Requisitos)” e NBR-13859 “Proteção contra Incêndio em SE’s (Critérios).” Ambas prescrevem a instalação de equipamentos sobre as bacias de contenção, ou captação, de vazamento de óleo, para prevenção. “As novas subestações já possuem esse sistema, porém o debate era sobre as antigas. Não temos dados de quantas ainda precisam se adequar, mas sabemos que existe a necessidade”, diz Querido. Pesquisa Antes de chegar ao mercado, o projeto de pesquisa e desenvolvimento contou com parceria da EDF Norte Fluminense, a EDP Bandeiras e a Light Serviços de Eletricidade, do Rio de Janeiro, que testaram o sistema nos últimos cinco anos. “Um dos desafios foi fazer um equipamento mais compacto do que o convencional, porque muitas dessas estações mais antigas, estão em ambientes urbanos, onde o espaço físico é uma limitação para a implantação da caixa. O nosso é entre 50 e 70 vezes menor”, conta, Além da estrutura física, o projeto utiliza tecnologia de ponta por um sensor que monitora a subestação 24 horas e, em caso de vazamento ou alterações, emite o alerta remoto. O sensor precisou ser desenvolvido pelos engenheiros do instituto, uma vez que, até então, nenhum outro do mercado, atendia a necessidade da peça. Além disso, é possível acompanhar, por uma central, o trabalho da caixa no monitoramento do óleo. Ela separa, monitora, sinaliza e bloqueia a passagem de óleo, retendo-o na ocorrência de vazamento em subestações. “O mais importante é mostrarmos que a sustentabilidade, especialmente no setor eletrético, é uma preocupação do setor. As pesquisas por novas tecnologias estão cada vez mais recorrentes”, acredita o representante do CGTI. Já o engenheiro e diretor do instituto, Adelfo Braz Barnabé, especialista em subestações, destaca o fato do sistema estar adequado as normas estabelecidas para evitar a contaminação do solo e subsolo na eventualidade de vazamentos de óleo. O dispositivo desenvolvido tem como diferencial ainda, a sinalização do status do equipamento para a Central de Operação. O projeto contou com apoio do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). 'Transformador verde' está entre projetos de referência Referência na realização de projetos do Programa de P&D ANEEL, o Instituto CGTI (Centro de Gestão de Tecnologia e Inovação) atua em pesquisa e inovação para o setor de energia, desenvolvendo e aplicando novas tecnologias em projetos que resultam produtos ou serviços para o mercado, viáveis economicamente e sustentáveis. Entre seus projetos de maior visibilidade está o “Transformador Verde”, um transformador de distribuição que utiliza óleo isolante vegetal biodegradável. Ele é utilizado na rede de distribuição de energia elétrica em substituição aos transformadores convencionais que utilizam óleo mineral e funciona com os mesmos princípios elétricos do transformador convencional. Além disso, reduz riscos de acidentes ambientais pela substituição do óleo isolante mineral pelo óleo isolante vegetal biodegradável, diminuindo o tempo de degradação do óleo no solo de 15 anos para 45 dias. De acordo com a empresa, somente em Campinas, o alcanço do projeto passou de 340 unidades em 2007, quando foi lançado, para mais de 16 mil em 2017 (última contagem). “Note que apesar de ser um projeto antigo, permanece extremamente atual”, destaca Querido.