SEGURANÇA PÚBLICA

Inquilino ameaça barrar instalação de Seccional

Prédio alugado pelo Estado para funcionar nova delegacia ainda tem negócios funcionando no local

Cecília Polycarpo
24/05/2013 às 23:25.
Atualizado em 25/04/2022 às 14:38
Imagem da Rua Oswaldo Oscar Barthelson, 713, onde vai funcionar a 2ª Delegacia Seccional, no Jardim Londres, em Campinas (Rodrigo Zanotto/AAN)

Imagem da Rua Oswaldo Oscar Barthelson, 713, onde vai funcionar a 2ª Delegacia Seccional, no Jardim Londres, em Campinas (Rodrigo Zanotto/AAN)

A notícia de que a segunda Delegacia Seccional de Campinas será instalada provisoriamente em um prédio comercial no Jardim Londres surpreendeu profissionais que trabalham no local. Apesar de a maioria das 65 salas do imóvel estar vazia, ainda funcionam um consultório odontológico, um salão de beleza e uma academia de ginástica no endereço. Os locatários alegam que não foi estipulado um prazo para eles saírem do prédio.

O anúncio de que a Seccional funcionará na Rua Oswaldo Oscar Barthelson, paralela à Avenida John Boyd Dunlop, foi feito na última terça-feira, durante visita do governador Geraldo Alckmin (PSDB) a Campinas. O prédio tem 1,6 mil metros quadrados de área construída, mais 5 mil de estacionamento. A delegacia será inaugurada até o final de 2013 e deve ficar no local por cerca de três anos. O local definitivo ainda não foi definido. O diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior 2 (Deinter-2), Licurgo Nunes Costa, informou que as salas comerciais devem ser desocupadas em 60 dias. No entanto, o advogado do proprietário do imóvel disse que os locatários terão três meses para sair.

Transtorno

O dentista Carlo César Oliveira contou que conversou recentemente com representantes do dono do prédio e eles haviam lhe garantido que o consultório não precisaria sair do imóvel. “Por isso me assustei quando vi nos jornais que a delegacia seria aqui. Será um transtorno ter que mudar de consultório agora. Ainda nem fui comunicado oficialmente”, disse. De acordo com Oliveira, o prédio está abandonado há mais de um ano e os poucos condôminos rateiam as contas de luz, água e as despesas com limpeza e segurança.

Dona do salão de beleza no 2º andar, a cabeleireira Roberta Cristina Lima disse que chegou a fazer o destrato com a empresa que alugou o imóvel, mas teve que pagar um valor “indevido”. “O administrador da salas comerciais sumiu, deixou o prédio imundo, sem segurança, e cheio de contas para pagar. E eu ainda tive que pagar um valor referente aos aluguéis atrasados.” Segundo ela, não houve aviso de que o local abrigaria a delegacia.

A reportagem procurou o dono da academia que funciona no imóvel, mas ele não quis comentar o assunto. A empresa Mesquita & Fernandes Ltda, que alugou o prédio para instalar o centro comercial, não foi encontrada para falar sobre o caso. Anderi Nogueira de Souza advogado de Alberto Gianfrancesco, proprietário do prédio, disse que os locatários remanescentes já haviam sido avisados para sair do endereço. “Eles sabiam há muito tempo que haveria a desocupação. Tanto que todas as outras lojas saíram. Vamos dar até 90 dias para eles se mudarem”, disse Souza. Segundo o advogado, técnicos da Secretaria de Segurança Pública (SSP) farão uma perícia para determinar o valor do aluguel e fazer o projeto de adaptação para a delegacia.

SSP

Em nota, a SSP informou que já foi firmado um contrato de compromisso com o proprietário do imóvel e “tanto o comunicado quanto a desocupação do prédio são responsabilidades do locador”.

O imóvel passará por reformas de adequação para receber diversos setores da Polícia Civil, além de um contingente de cerca de 200 funcionários. Além da Seccional, o prédio irá abrigar a segunda unidade da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), a Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise), um plantão 24 horas e uma sala do Acessa São Paulo, programa de inclusão digital do governo do Estado. O nome do delegado seccional que assumirá o novo posto ainda não foi definido.

A delegacia será responsável por uma área com cerca de 600 mil habitantes — 400 mil de Campinas, que representam 1/3 da cidade, e mais 200 mil de Indaiatuba.

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