Sobreviver em um mercado cada vez mais competitivo e em época de recessão é uma tarefa difícil
Guilherme Gray e o sócio Efraim Albrecht Neto na nova sede da Agricef: inovação é a chave para o crescimento das pequenas e médias empresas (Patrícia Domingos/AAN)
Sobreviver em um mercado cada vez mais competitivo e em época de recessão é uma tarefa difícil. No Brasil, a taxa de mortalidade de uma pequena e média empresa gira em torno de 70%. Conhecer o mercado em que se pretende atuar é importante, mas especialistas são taxativos ao afirmar que inovar é fundamental. “A taxa de mortalidade de empresa no Brasil é muito alta e isso acontece por falta de conhecimento do mercado em que está entrando”, diz o diretor da Faculdade de Ciências Econômicas da PUC-Campinas, Izaias de Carvalho Borges. Segundo ele, a inovação é a saída para que as pequenas e médias empresas consigam conquistar seu lugar ao sol. “Até 1994 o mercado estava muito fechado, depois com a abertura e a chegada de muitas empresas de fora, a inovação se tornou uma condição para você continuar no mercado”, completa. Em tempos de crise, o empreendedorismo acaba sendo o caminho natural para fugir do desemprego. O número de empresas que nascem todos os dias no Brasil é alto e a competição é grande. Uma pequena empresa não consegue se destacar das demais cobrando preços menores. Os especialistas lembram que as grandes empresas sempre levarão vantagem nesse quesito e, por isso, inovar é fundamental. Eles reforçam, ainda, que a inovação não precisa ser, necessariamente, algo disruptivo. “As empresas podem inovar melhorando o processo produtivo, aumentando a produtividade e reduzindo custos”, explica o economista. Álvaro Sedlacek, diretor de negócios da Desenvolve SP, agência do governo do estado de São Paulo que tem como objetivo financiar o desenvolvimento dos pequenos e médios empresários, afirma que conhecimento é a base da inovação. “Inovação é você se perguntar porque você foi bem sucedido ou porque foi mal sucedido. É se questionar o que faz um produto ser tão bem aceito, é entender o seu cliente e o mercado. Se não entender, não é capaz de inovar”, ensina. Guilherme Gray, um dos sócios da Agricef - Soluções Tecnológicas e Inovadoras para a Agricultura, não só trabalha para que a inovação atinja um maior número de produtores rurais, mas construiu sua história inovando. Sua empresa desenvolve máquinas e equipamentos para melhorar a produtividade no campo. Gray e o sócio Efraim Albrecht Neto recorreram a uma linha de financiamento da Desenvolve SP voltada para a inovação para construir a nova sede da empresa, em Paulínia. “As taxas de juros são mais acessíveis quando se trata de financiamento para inovação, e tivemos uma boa assessoria para escolher a melhor opção”, lembra. Gray conta que, antes de recorrer à agência de desenvolvimento paulista, procurou bancos privados e encontrou dificuldades para obter mais informações sobre as melhores opções de linhas de financiamento. “A Desenvolve SP é mais aberta que os outros bancos, que vão nas linhas mais tradicionais do BNDES. Quando você tem uma necessidade específica, como a voltada para inovação, que tem uma necessidade maior de documentos, que tem que ter patentes depositadas, tem que comprovar que a gente trabalha com inovação, foi a melhor opção porque os gerentes de banco não têm muita prática”, explica. Saídas Procurar parcerias com institutos de pesquisa e universidades são outra dica importante. “É preciso investir em formação e treinamento, buscar o conhecimento, treinar funcionários, estudar mais, entender como está o mercado”, diz Borges. O Sebrae também pode ajudar. A entidade oferece consultoria para quem procura entrar no mercado. Em Campinas, o empresariado conta com boas opções: a Agência de Inovação da Unicamp (Inova) e a Puc-Campinas, que tem propostas e projetos de extensão voltados para a área e está criando um núcleo de inovação tecnológica. “A gente tem profissionais qualificados para isso. Dá pra fazer inovação no Brasil. Aqui na nossa região tem muita mão de obra qualificada e parques tecnológicos”, conta Gray. Borges concorda e é taxativo ao afirmar que “o pequeno empresário pode encontrar a solução dos seus problemas na universidade”. E foi exatamente isso que Gray fez quando fundou, 2005, a Agricef na Unicamp. A empresa ficou incubada na universidade até 2008. “Até ano passado funcionávamos em uma sede em Barão Geraldo. No ano passado inauguramos nova sede. Fazemos projetos de desenvolvimento de máquinas agrícolas, temos projetos para atender demandas específicas e atuamos com grandes fabricantes de máquinas agrícolas”, diz.