ABASTECIMENTO

Início do outono traz de volta preocupação com a estiagem

Abaixo do limite ideal, Cantareira pode ter volume de água ainda mais reduzido

Da Redação
20/03/2021 às 18:19.
Atualizado em 21/03/2022 às 23:22
Dez pacientes que estavam internados na UPA de Ermelino Matarazzo, na zona leste de São Paulo, com sintomas de covid-19, precisaram ser transferidos na noite desta sexta-feira, 19, por falta de oxigênio (AFP)

Dez pacientes que estavam internados na UPA de Ermelino Matarazzo, na zona leste de São Paulo, com sintomas de covid-19, precisaram ser transferidos na noite desta sexta-feira, 19, por falta de oxigênio (AFP)

A chegada do outono, hoje, amplia os cuidados na gestão dos mananciais que abastecem a região. O principal reservatório que fornece água para Campinas e municípios vizinhos, o Sistema Cantareira, entra neste período com 52% do seu volume útil, 13% abaixo do ideal, de acordo com José Cezar Saad, coordenador de projetos do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).

Durante o último verão, o volume de chuva foi 12% menor que a média esperada para o período na região de Campinas, de acordo com Cezar. O problema maior é que as precipitações foram isoladas. Isso faz com que a chuva não atinja grandes áreas, apenas pontos específicos. "Em alguns lugares choveu mais, em outros menos. No Sistema Cantareira, o volume de chuva registrado entre dezembro e fevereiro foi ainda menor que o contabilizado em Campinas, sendo 25% inferior à média prevista para a estação", informou o representante do PCJ.

A falta de chuva e o mau uso da água por parte dos consumidores contribuíram para que o Cantareira entrasse na nova estação com o volume menor que o ideal. Depois da crise hídrica de 2014, algumas adaptações foram feitas no fornecimento de água daquele Sistema. "Em 2018, foi feita uma transposição, que resultou na transferência de água da represa de Igaratá para a represa do rio Atibainha, sendo esta uma das fontes que alimentam o Cantareira. A ideia era melhorar a disponibilidade de água para cidades como Campinas, Paulínia, Valinhos e Sumaré", explicou.

A partir de hoje, tem início a estação que marca o começo da estiagem. O volume de chuva vai diminuir até chegar ao período mais crítico que é o inverno, como observou Cezar. "Vamos ter que usar a água com moderação nos próximos meses, para que ela não falte no futuro. Em março de 2013, ano que antecedeu a crise hídrica, o Cantareira estava com 59% do seu volume útil, acima do registrado hoje. Em março de 2014, ano da crise, o nível caiu para 14,4%. Por isso precisamos nos precaver agora, para evitar uma piora na sequência", afirmou.

Cezar ressalta que a população precisa ficar atenta ao consumo, e não contribuir com o uso inconsciente da água. As previsões meteorológicas não indicam um período com abundância de chuva nos próximos meses. "Não acredito que vá ocorrer uma crise igual há de sete anos, porque várias ações foram adotadas para evitar isso, como a transposição. Hoje sabemos o que e como fazer para que o problema não se repita, mas a população precisa ajudar a evitar o colapso. Atualmente, o Sistema Cantareira abastece 95% da cidade de Campinas, sendo que o restante provém do rio Capivari", concluiu. 

Característica da estação é de pouca chuva

O verão é responsável por 50% de todo o volume de chuva registrado durante o ano. A outra metade se distribui ao longo das demais estações. De acordo com Ana Ávila, meteorologista do Centro de Pesquisas Meteorológicas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, a média de chuva prevista para a estação mais quente do ano é de 680 milímetros. No outono, o volume esperado é 50% inferior (303 milímetros). "Março ainda é considerado um mês de transição. Por isso, até o final do atual período haverá chuva normalmente. Vamos começar a perceber a diminuição das precipitações entre abril e maio. No outono do ano passado não tivemos nenhum dia de chuva", lembrou Ana.

A temperatura também tende a cair nos próximos meses. "Até o final deste mês vamos continuar com as temperaturas mais elevadas. A transição é lenta. 

Quando estivermos mais perto do inverno, as noites serão mais frias. É quando notamos a chamada amplitude térmica, com temperaturas um pouco mais altas durante o dia, e uma queda brusca à noite. A mudança de estação está relacionada ao movimento da Terra em torno do Sol. Hoje vai ocorrer o equinócio de outono, que é quando os hemisférios Norte e Sul recebem a mesma quantidade de radiação solar, e os dias e noites têm a mesma duração",

informou.

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