NEM OTIMISMO, NEM PESSIMISMO

Indústrias da região indicam estabilidade nas vendas de fim de ano

Volume deve se manter semelhante ao de 2022 para 44% das empresas; 28% acreditam em aumento, mesma quantidade das que preveem queda

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
27/09/2023 às 09:36.
Atualizado em 27/09/2023 às 09:36
Em uma empresa metalúrgica de Campinas, a avaliação é que a produção está estável; com as vendas estagnadas, estratégia passa a ser manter a carteira de clientes (Rodrigo Zanotto)

Em uma empresa metalúrgica de Campinas, a avaliação é que a produção está estável; com as vendas estagnadas, estratégia passa a ser manter a carteira de clientes (Rodrigo Zanotto)

As indústrias da região apontam para estabilidade nas vendas de final de ano. Para 44% das empresas, o desempenho deverá ser igual ao de 2022, enquanto 28% preveem aumento, mesma quantidade dos que estimam queda, de acordo com a Sondagem Industrial deste mês divulgada na terça-feira (26) pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp)-Regional Campinas. A atividade industrial neste período serve como um termômetro sobre a expectativa do varejo para as vendas de novembro e dezembro porque agora as fabricantes estão atendendo as encomendas que chegarão às lojas em breve.

“É uma situação menos otimista do que deveria ser”, disse o diretor titular do Ciesp-Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, uma vez que o final de ano é considerado o melhor período para o comércio. O reflexo é que 81% das indústrias que participaram do levantamento não farão contratações temporárias, 5% já aumentaram a mão de obra para atender os pedidos e 14% preveem elevar provisoriamente o número de funcionários nos próximos meses para atender a demanda.

Para Corrêa, os números são uma consequência da readequação que as empresas iniciaram antes mesmo da pandemia de covid-19 para equilibrar a produção e o quadro de colaboradores com as vendas. “Para nós a produção está estável, com as vendas sendo iguais às do ano passado”, disse o diretor de uma indústria metalúrgica de Campinas, Mário José Matuo.

Esse desempenho levou a empresa a manter o quadro de pessoal em torno de 47 funcionários. Mesmo assim, o empresário diz que hoje trabalha com uma margem de lucro menor, pois não conseguiu repassar para o preço final dos produtos o aumento em torno de 10% no custo da matériaprima ocorrido no começo de 2023. Com as vendas estagnadas, a estratégia passa a ser manter a carteira de clientes.

OUTROS DADOS

Para José Henrique Toledo Corrêa, “a situação era muito melhor em 2022, sem dúvida, incomparavelmente. O governo tinha uma política que premiava a iniciativa privada”. A Sondagem Industrial do Ciesp aponta que, em setembro, 33% dos entrevistados diminuíram a produção em relação ao mês anterior, 48% permaneceram estáveis e 19% aumentaram. Os números são piores do que de igual período de 2022, quando 36% haviam aumentado a produção, 50% continuaram com o mesmo nível e 14% diminuíram.

Porém, esse otimismo se frustrou com o desempenho das vendas do varejo no final do ano. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) previa crescimento no Natal de 2022 de 2,1%, mas a alta ficou em 1,2%. Foi o primeiro resultado positivo durante a pandemia, mas as vendas foram inferiores na comparação com o mesmo período de 2019, último ano antes dos surgimento dos casos de covid-19 no país.

A pesquisa do Ciesp-Campinas apontou ainda que 67% das empresas mantiveram o número de funcionários em setembro, 14% aumentaram e 19% diminuíram. Para o diretor titular da entidade, esses números “são preocupantes”, pois as demissões indicam queda na produção para adequação ao volume de vendas. Para Toledo Corrêa, a tendência é de manutenção desse quadro para as indústrias da região no curto prazo.

A análise é feita com base na queda de importações de 20,4% no acumulado deste ano na região. Como as indústrias são grandes importadoras de insumos para fabricarem seus produtos, esse é mais um indicador de queda da atividade. Entre janeiro e agosto deste ano, as importações da região somaram US$ 7,46 bilhões (37,15 bilhões) contra US$ 9,37 bilhões (R$ 47,67 bilhões) nos primeiros oito meses de 2022.

No mês passado, as empresas da região também registraram uma queda de 15,6% nas exportações, que ficaram em US$ 311,4 milhões (R$ 1,55 bilhão). Em agosto de 2022, o acumulado foi de US$ 368,1 milhões (R$ 1,83 bilhão). No entanto, o diretor do Departamento de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas, Anselmo Riso, observou que é que é preciso aguardar os próximos resultados para avaliar se a redução foi pontual ou se a queda nas vendas ao exterior se manterão.

No acumulado de janeiro a agosto de ano, as exportações da região totalizaram US$ 2,46 bilhões (R$ 12,24 bilhões), alta de 1,4% em comparação aos US$ 2,43 bilhões (R$ 12,1 bilhões) de igual período de 2022. Com isso, a balança comercial regional fechou os oito primeiros meses do ano com déficit acumulado de US$ 9,93 bilhões (R$ 49,46 bilhões), queda de 15,9% em relação aos US$ 11,8 bilhões (R$ 58,57 bilhões) de igual período de 2022.

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