Nove em cada 10 industriais da região de Campinas são a favor da liberação consciente do fluxo de pessoas e da reabertura do comércio
Nove em cada 10 industriais da região de Campinas são a favor da liberação consciente do fluxo de pessoas e da reabertura do comércio a partir de 1° de junho, próxima segunda-feira. De acordo com dados divulgados ontem pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Campinas, 21,95% das 494 empresas associadas, ou seja, cerca de 108 delas, realizaram demissões em decorrência da quarentena decretada no Estado nos últimos dois meses, por causa da pandemia da Covid-19. A pesquisa informou ainda que essa mesma quantidade de empresários prevê cortes no quadro de funcionários em junho. Diretor da entidade, José Nunes Filho analisa que se a economia não for reaberta, o Brasil vai quebrar. “Estamos destruindo o emprego, gerando miséria, desgraça, todos estão comprometidos”, esbravejou. Para ele, manter as empresas fechadas não assegura a efetividade do isolamento social proposto. Considera que a medida não vem sendo respeitada como deveria e a obrigatoriedade do cumprimento da jornada de trabalho pode, inclusive, ajudar na prevenção do contágio. “As pessoas estão mais seguras no ambiente laboral, onde o empregador está observando a parte sanitária e evitando aglomerações”, disse. Nunes, entretanto, pondera. Diz que os profissionais cujas funções permitirem e assim quiserem podem continuar trabalhando em casa. Para respaldar seu ponto de vista, endossa o coro de muitos prefeitos, inclusive o de Campinas, Jonas Donizette (PSB), de que essa flexibilização deve ficar a cargo dos municípios, pois eles têm características singulares. “Não podemos tratar o Estado de São Paulo como uma coisa só”, afirmou. A quarentena e todas as ações para promoção do isolamento social, contextualiza Nunes, foram adotadas de modo a permitir que o sistema de saúde se aparelhasse para o enfrentamento da pandemia, evitando assim um colapso no atendimento. Em sua opinião, isso teria que ocorrer em até 40 dias. “Não existe um estudo informando quando a pandemia vai acabar: vamos ficar a vida inteira presos?”, finaliza. Contenção A última sondagem industrial do Ciesp-Campinas, informou que entre as principais medidas para contenção de gastos estão férias, banco de horas e redução da jornada de trabalho. No que diz respeito às ações implementadas pelo governo federal, quase 25% disseram que optaram por prorrogar o pagamento dos tributos, enquanto aproximadamente 10% estão participando do programa que ajuda no pagamento dos salários. A perspectiva futura não é boa para em torno de 74% dos associados, que projetam quedas no faturamento. Mais da metade dos industriais da região, 51,22%, não acredita numa retomada ainda neste ano. SAIBA MAIS Das 494 empresas associadas ao Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Campinas, 236 - praticamente a metade - estão instaladas em Campinas. As demais estão distribuídas em outros 18 municípios da região, entre eles, Amparo (13), Jaguariúna (22) e Sumaré (34). Oitenta e quatro são multinacionais e 410 nacionais. Juntas, essas empresas faturam em torno de R$ 41 bilhões por ano e empregam quase 100 mil pessoas.