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Indústria local aguarda antes de comemorar

Industriais da região de Campinas entendem que os processos das reformas Trabalhista e Tributária precisam ser acelerados para dar competividade

Daniel de Camargo
29/07/2019 às 14:30.
Atualizado em 30/03/2022 às 22:02

Industriais da região de Campinas entendem que os processos das reformas Trabalhista e Tributária precisam ser acelerados para dar competitividade à economia brasileira, especialmente depois do acordo de livre comércio fechado entre o Mercosul e a União Europeia. Segundo sondagem realizada pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Campinas, 48% dos empresários que participaram da pesquisa - o total de entrevistados não foi informado pela entidade - pensam assim. Outros 26% acreditam que o tratado vai beneficiar as exportações, enquanto 13% vislumbram que o pacto vai atrair investimentos internacionais para o Brasil. Mas 13% temem que o País seja inundado por produtos importados. O diretor de comércio exterior do Ciesp-Campinas, Anselmo Riso, frisa que os reais impactos nas indústrias da região de Campinas, que predominantemente ofertam produtos de alto valor agregado, só poderão ser projetados depois que for conhecido o texto final do acordo. Nesse contexto, o executivo ressalta que diversas indústrias de grande porte da região têm sedes na Europa - fato que pode facilitar o deslocamento de plataformas industriais para ambos os lados. “Somos a terra do Etanol. Os veículos elétricos não serão para o mundo inteiro. Pode ser que lá fora continue o desenvolvimento de veículos elétricos, e aqui fique a tecnologia do Etanol”, exemplifica. Depois de homologado, o acordo eliminará as tarifas de importação para mais de 90% dos produtos comercializados entre os dois blocos. Segundo o diretor do Ciesp-Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, os investimentos devem começar a ser avaliados assim que os empresários tomarem conhecimento dos detalhes do acordo. “As industrias certamente vão procurar novos representantes comerciais, farão pesquisas de mercado e, inclusive, comprarão pequenos lotes para que a qualidade dos produtos seja avaliada”, projeta. O governo federal espera que o acordo comece a ser efetivamente aplicado em até três anos. Primeiro passo Após 20 anos de negociações, o Mercosul e a União Europeia concluíram no último dia 28 as negociações do acordo comercial. Para o diretor de comércio exterior do, Anselmo Riso, o anúncio significa que as partes se consideram satisfeitas com os seus termos em seus aspectos técnicos e de acesso ao mercado - “o que é apenas o primeiro passo de um longo caminho a ser percorrido”. O próximo será uma revisão legal e a tradução para todas as línguas oficiais da UE. Só depois ele será assinado e ratificado por todos os estados membros participantes - quatro países do Mercosul e 28 da UE. O texto é composto por três pilares: diálogo político, cooperação e livre-comércio. O acordo significa a criação de um mercado consumidor de 730 milhões de pessoas, com um Produto Interno Bruto (PIB) agregado de US$ 21,2 trilhões. Balança fecha semestre com déficit A balança comercial das indústrias da região de Campinas registrou déficit de US$ 3,563 bilhões no 1º semestre. Segundo dados divulgados na semana passada pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Campinas, o valor cresceu 22,5% se comparado ao mesmo período de 2018, quando o saldo negativo foi de aproximadamente US$ 2,909 bilhões. Anselmo Riso afirma que o resultado não surpreende, considerando as características das empresas da região. Nos primeiros seis meses deste ano, as empresas da área de abrangência do Ciesp-Campinas, que contempla 19 municípios, importaram US$ 5,192 bilhões. Em contrapartida, exportaram US$ 1,629 bilhões. Somente em junho, as indústrias importaram US$ 885 milhões e exportaram cerca de US$ 266 milhões. No caso, um déficit de US$ 619 milhões. O levantamento apontou também que máquinas, aparelhos e materiais elétricos, aparelhos de gravação e reprodução, partes e acessórios totalizaram pouco mais de US$ 231 milhões em importações no mês passado. Os outros segmentos que mais se destacaram na compra de produtos do Exterior foram produtos químicos diversos e produtos químicos orgânicos, que somaram perto de US$ 177 milhões e US$ 175 milhões, respectivamente. Na outra ponta, veículos e material para vias férreas e suas partes, que envolvem aparelhos mecânicos, foram os que contabilizaram menor valor: aproximadamente US$ 501 mil em importações. No que diz respeito às exportações, o segmento que mais se destacou foi o de máquinas, caldeiras, aparelhos mecânicos e suas partes, que somou mais de US$ 44 milhões em vendas para outros países. Na sequência, aparecem os produtos químicos e derivados e produtos farmacêuticos, que mobilizaram US$ 33 milhões e próximo de US$ 23 milhões, respectivamente. Campinas Campinas foi responsável por aproximadamente um terço do valor movimentado pelo comércio exterior no 1º semestre na área de abrangência do Ciesp local. A maior cidade da região importou pouco mais de US$ 1,5 bilhão e exportou quase US$ 513 milhões.

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