EXPORTAÇÕES REGIONAIS

Indústria encerra 2022 com desempenho superior a 2021

m dez meses deste ano, setor vendeu ao exterior R$ 16,12 bilhões em produtos, cifra 1,32% superior ao resultado obtido ao longo de todo o ano passado

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
14/12/2022 às 09:01.
Atualizado em 14/12/2022 às 09:01
Terminal de cargas do Aeroporto Internacional de Viracopos, principal porta de escoamento dos produtos exportados pelas indústrias da região: setor registrou desempenho positivo este ano (Divulgação)

Terminal de cargas do Aeroporto Internacional de Viracopos, principal porta de escoamento dos produtos exportados pelas indústrias da região: setor registrou desempenho positivo este ano (Divulgação)

Em dez meses de 2022, as exportações das indústrias da região de Campinas superaram o resultado obtido ao longo de todo o ano passado. De janeiro e outubro deste ano, as vendas ao exterior somaram US$ 3,059 bilhões (R$ 16,12 bilhões), 1,32% a mais do que os US$ 3,02 bilhões registrados nos 12 meses de 2021, aponta o Panorama Regional de Comércio Exterior do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo - Regional Campinas (Ciesp) divulgado na terça-feira (13).

Na comparação de períodos iguais, o aumento chega a 26%, dado que no acumulado nos dez primeiros meses de 2021 as exportações foram de US$ 2,42 bilhões (R$ 12,75 bilhões). O diretor do Departamento de Comércio Exterior da entidade, Anselmo Félix Riso, aponta que o desempenho das vendas a outros países voltaram ao mesmo patamar de antes da pandemia de covid-19, fator que afetou fortemente a atividade industrial.

De acordo com o Ciesp, os principais produtos exportados pela região são máquinas, caldeiras, aparelhos mecânicos e suas partes, que em outubro geraram um faturamento de US$ 438,56 milhões (R$ 2,31 bilhões), cifra equivalente a 14% do total obtido com as exportações. Em segundo lugar aparecem os produtos plásticos e derivados, com US$ 274,25 milhões (R$ 1,44 bilhão), com uma participação de 9,1% do total; seguidos por produtos farmacêuticos - US$ 254,20 (R$ 1,33 bilhão) ou 8,4%.

No acumulado de janeiro a outubro deste ano, os municípios que mais exportaram na região são Paulínia (com participação de 27,8% do total), Campinas (27%), Sumaré (11,3%), Mogi Guaçu (9,3%) e Amparo (4,8%).

O panorama elaborado pelo Ciesp mostra que o melhor mês de exportações em 2022 foi agosto, com US$ 369,1 milhões (R$ R$ 1,94 milhão), que também registrou o melhor desempenho dos últimos 34 meses, como mostrou reportagem do Correio Popular publicada anteriormente.

Outubro foi o sexto mês consecutivo este ano em que as exportações das indústrias ficaram acima da casa dos US$ 300 milhões (R$ 1,58 bilhão). Em nenhum mês de 2021, que foi marcado pelo início da recuperação econômica da crise agravada pela covid-19, as empresas região atingiram essa marca. As vendas ao exterior em outubro somaram US$ 306,2 (R$ 1,61 bilhão), 13,5% a mais dos que os US$ 269,8 milhões (R$ 1,42 bilhão) do mesmo mês de 2021.

Perspectivas para 2023

Apesar do resultado positivo alcançado este ano, o diretor de Comércio Exterior do Ciesp prevê que vários fatores deverão prejudicar as exportações da região no próximo ano. "O panorama do comércio exterior para 2023 nos causa muita preocupação. Não só pela questão econômica e principalmente pelo quadro político que está se desenhando, no qual muitas empresas já vão sinalizar com possíveis aumentos, ou seja, mudanças em suas diretrizes econômicas, mas também nas questões do mercado internacional. As exportações brasileiras estão entrando mais na mira da defesa comercial dos países de destino", afirma Riso.

Atualmente, explica, estão em vigor 87 medidas protetivas, contra 58 aplicadas de 2020 até 30 de novembro passado. Com isso, há um maior número de barreiras para impedir a entrada de produtos brasileiros em outros países. "Ao todo, nós temos hoje aproximadamente 22 países e blocos que têm medidas de restrição para os embarques brasileiros", completa.

Para o diretor do Ciesp, a intensificação está relacionada a uma reorganização da cadeia de produção e uma tentativa dos países de atrair para seus territórios as empresas hoje instaladas em outros pontos do mundo. Ele cita como exemplo a Argentina, que enfrenta uma forte crise econômica e tem adotado restrições em uma tentativa de gerar empregos internos. Riso também aponta como problemas que prejudicam as exportações as medidas restritivas por causa da covid-19 na China e os reflexos da guerra entre Rússia e Ucrânia.

"O cenário que hoje a gente visualiza para 2023 não é tão otimista quanto ao que tínhamos no mês de setembro. Teremos que aguardar mais a evolução dos quadros, não só do posicionamento econômico do novo governo para o Brasil, mas principalmente como será a reação do mercado internacional em relação ainda à continuidade da crise da Ucrânia e a ampliação dessas medidas restritivas", afirma Riso.

O panorama do Ciesp aponta que a região registrou de janeiro a outubro um saldo negativo de US$ 9,94 bilhões (R$ 52,37 bilhões) no comércio exterior, 22,2% superior aos US$ 7,4 bilhões (R$ 38,99 bilhões) do mesmo período em 2021. No entanto, o diretor da entidade lembra que isso é resultado do perfil da indústria regional, que é de produção de itens de alto valor agregado, necessitando importar matériasprimas para a fabricação.

Em outubro, as importações da região somaram US$ 1,35 bilhão (R$ 7,11 bilhões), 25,5% a mais do que o US$ 1,08 bilhão (R$ 5,69 bilhões) do mesmo mês de 2021. No acumulado nos dez primeiros meses de 2022 as importações somam US$ 12,1 bilhões (R$ 63,75 bilhões), contra US$ 9,83 bilhões (R$ 51,79 bilhões) em relação ao mesmo período do ano anterior, crescimento de 23,1%.

Cenário do Brasil

O diretor titular do Ciesp Campinas, José Henrique Toledo Corrêa, também apresentou a Sondagem Industrial de novembro com as perspectivas do empresariado para a economia em 2023 e traçou um cenário pessimista em função da posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 1º de janeiro próximo. "Nós teremos recessão, aumento do desemprego e queda da arrecadação", prevê.

Ele justifica que esse quadro será resultado de aumento da inflação, da taxa de juros e da carga tributária, o que afetará o desempenho das empresas e reduzirá os investimentos no país. Corrêa acrescenta que os indicadores da sondagem da entidade mostram isso. Ele cita que em novembro, 22% das empresas diminuíram a produção, contra 8% no mês anterior; 43% registraram queda no faturamento (o índice anterior era 11%), 50% dos entrevistados esperam queda no desempenho dos negócios em 2023 e 64% consideram que a economia nacional deverá piorar.

O diretor do Ciesp diz que muitas empresas estão dando férias coletivas em função da queda nas vendas após o resultado das eleições de outubro. Porém, o cenário mostrado pelo Ciesp é discrepante do desempenho da economia. Uma pesquisa divulgada na terça-feira pela Serasa Experian mostra que as vendas do comércio físico brasileiro cresceram 2,2% em novembro na comparação com outubro, que tinha registrado baixa de 0,6%. Esse é o maior aumento desde junho deste ano, quando o índice foi de 2,4%. Segundo a empresa, o crescimento nas vendas no mês foi puxada principalmente pelo setor de veículos, seguido por móveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos e informática. Os segmentos que apresentaram queda nas vendas, de acordo com a Serasa, foram tecidos, vestuário, calçados e acessórios (-3%) e material de construção (-3,4%).

"Os outros segmentos do varejo apresentaram resultados mistos, refletindo o cenário econômico ainda bastante desafiador para os comerciantes do país", avalia o economista da empresa, Luiz Rabi. A comparação entre novembro deste ano e o mesmo mês de 2021 mostrou um aumento de 4,4% nas vendas do comércio físico do país. O indicador é elaborado com base nas consultas mensais realizadas por cerca de 6 mil estabelecimentos comerciais aos registros da Serasa Experian.

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