PPG, instalada em Sumaré, adotou uma série de medidas para fazer com que todo o resíduo gerado na unidade tenha um destino sustentável
Técnicos operam equipamento de filtragem de resíduos adquirido pela empresa PPG: indústria de tintas atingiu a meta de “Aterro Zero” em sua unidade instalada na cidade de Sumaré (Rodrigo Zanotto)
Dois anos depois de anunciar a ampliação de sua fábrica na cidade de Sumaré, na Região Metropolitana Campinas, com investimentos que objetivavam aumentar a capacidade de produção, mas também mitigar os impactos ambientais que sua atividade provoca, a empresa PPG conquista o status de "Aterro Zero". Ou seja, todo o resíduo gerado, seja reciclável ou não, passa a ter um destino sustentável.
Na indústria, que atua no segmento de tintas, revestimentos e materiais e está localizada às margens da Rodovia Anhanguera, duas compactadoras, com capacidade de 6 toneladas cada, passaram a processar todo o lixo orgânico e resíduos não recicláveis. Os descartes orgânicos são provenientes do restaurante, banheiros e do setor de empacotamento. Ao atingir a capacidade, eles são enviados para uma empresa de tratamento de resíduos em Sorocaba. Lá, todo o material é preparado (triturado) e transformado em energia e combustível para alto-fornos da indústria cimenteira. Com a novidade, quase 29 mil quilos/ano de descarte deixam de ser levados aos aterros sanitários, reduzindo dessa forma o impacto ao meio ambiente. Os recicláveis são destinados às cooperativas locais.
O estudo para eliminar o uso de aterros sanitários para este tipo de descarte teve início em 2021 e a solução foi implementada este ano. A gerente de Meio Ambiente, Saúde e Segurança da PPG para a América Latina Sul, Mayra Wayss, explica que além de não enviar mais lixo, a iniciativa também contribui para reduzir a emissão de poluentes. Além do metano, gás incolor e inodoro comum em aterros e lixões, há ainda redução do dióxido de carbono (CO2), uma vez que o descarte deixa de ser transportado por caminhões. O CO2, também conhecido como gás carbônico, tem papel significativo na geração do efeito estufa. Antes de adquirir as compactadoras, o transporte era quase que diário para o envio dos resíduos ao aterro. Com o novo equipamento, a empresa conseguiu armazenar uma quantidade maior de resíduos e o envio é feito atualmente quatro vezes ao mês.
A meta da PPG é atingir 100% de resíduos de processamento destinados para reutilização, reciclagem e recuperação. "O projeto Aterro Zero no Brasil caminha para atingir essa meta, mas indo além: o objetivo é transformar também o resíduo não reciclável em energia. O projeto trouxe inúmeros benefícios ambientais, dentre eles a geração de energia a partir desse resíduo e a diminuição na emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) por reduzir o transporte até o destino", reforçou Mayra
"Para compreendermos a origem desse material, rastreamos todo resíduo não reciclável gerado. Em um primeiro momento, buscamos a redução; o segundo passo foi transformar esse material em energia", acrescentou a gerente. De acordo com a ela, objetivo da PPG é que, em breve, as demais unidades industriais da empresa no país, localizadas nos municípios de Américo Brasiliense (SP), Pinhais (PR) e Gravataí (RS), também obtenham o mesmo status.
Outra iniciativa adotada pela empresa em busca de uma operação mais sustentável foi a substituição de rebocadores movidos a diesel por modelos elétricos (Rodrigo Zanotto)
Entre outras iniciativas adotadas pela empresa em relação à sustentabilidade e redução de gases estão a troca da principal caldeira a óleo de baixo ponto de fluidez (BPF) por uma nova a gás (GLP), que proporciona energia mais limpa e eficiente (redução estimada de 380 toneladas de CO2 equivalentes/ano, causando um menor impacto ao meio ambiente); tratamento e reúso da água; substituição de caminhões de transporte movidos a diesel por rebocadores elétricos; e mais recente, o programa de incentivo no uso de etanol nos carros da frota, ainda em fase inicial.
No caso da água, a PPG faz tratamento do produto usado no processo de fabricação de tinta em pó, com total reaproveitamento. Na produção de tintas líquidas, estudos de processos puderam reduzir o montante de água usada nas limpezas de tanques e equipamentos de envase. Estão em testes várias tecnologias que conseguem uma limpeza eficaz com menor consumo de água.
Outra linha de frente de atuação quando o assunto é sustentabilidade e preservação do meio ambiente é a parceira com a Organização Não Governamental Junior Achievement, que acontece desde 2013 e já impactou mais de 18 mil alunos e professores da rede pública de ensino. Este ano um dos projetos teve o objetivo de incentivar os alunos a encontrarem soluções inovadoras para um desafio usando o Design Thinking (método para estimular ideação e perspicácia ao abordar problemas relacionados a futuras aquisições de informações, análise de conhecimento e propostas de soluções) e outras metodologias ágeis. Os funcionários da PPG se voluntariam para estarem com os alunos em sala de aula, compartilhando conteúdos e suas experiências do mercado de trabalho.
No final do ano passado, o desafio Innovation Camp foi realizado no complexo de Sumaré e envolveu 25 estudantes da Escola Estadual Luiz Campo Dall Orto Sobrinho. A questão proposta foi 'Como reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reúso no seu bairro/na cidade de Sumaré'.
A ideia mais inovadora foi a Sustentech, um site que conecta de forma digital quem quer descartar resíduos com quem precisa deles. O projeto promoveu o conceito de economia circular, que reutiliza de forma inteligente objetos, reduzindo o descarte e o acúmulo de resíduos. Outros projetos de destaque foram um aplicativo que coleta o resíduo na residência para fazer a destinação correta e uma ação de logística reversa para destinação de tintas.
O desafio escolhido para o Innovation Camp está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que visam acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir paz e prosperidade para todos.
Segundo Mayra, a sustentabilidade é um pilar para os negócios. "Na PPG, temos metas ousadas de ESG, que também estão relacionadas com os desafios globais causados pelas emissões de gases de efeito estufa e as mudanças climáticas. Estamos fazendo nossa parte, visando sempre inovações sustentáveis", disse. ESG é a sigla em inglês para "Environmental, Social and Governance", que significa "Ambiental, Social e Governança", ou seja, políticas de governança, responsabilidade social e com o meio ambiente, fatores que contribuem para o balanço das empresas.
Segundo ela, a indústria tem preocupação de longa data com a sustentabilidade nos mais de 70 países em que atua. A empresa lançou recentemente seu relatório global de sustentabilidade trazendo importantes avanços e uma atualização ambiciosa de suas metas para 2030. As metas de ESG para da PPG ainda incluem a redução nas emissões de gases de efeito estufa em suas operações em 50%, bem como redução de emissões em sua cadeia de valor em 30% no mesmo período. Até 2030, o Brasil tem como meta reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio de prevenção, redução, reciclagem e reúso.