HIDROXICLOROQUINA

Indústria aumenta produção de remédio

O remédio usado contra alguns tipos de malária apresentou, segundo pesquisadores de várias partes do mundo, resultados promissores contra a Covid-19

Daniel de Camargo
21/03/2020 às 11:42.
Atualizado em 29/03/2022 às 20:11

A indústria multinacional brasileira de produtos farmacêuticos EMS, com sede em Hortolândia, informou, em nota, que preocupada com a situação pandêmica, vai concentrar esforços para aumentar a produção da hidroxicloroquina e prevê fabricar 46 mil unidades até o próximo dia 30. O remédio usado contra alguns tipos de malária e doenças reumatológicas apresentou, segundo pesquisadores de várias partes do mundo, resultados promissores contra a Covid-19. Anteontem, os Estados Unidos pediram urgência à FDA, agência norte-americana que regula medicamentos, para avaliação do seu uso. No mesmo dia, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fez ressalvas, em nota, informando que ainda "não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da Covid-19. Portanto, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus", declarou o órgão, que acrescentou que a "automedicação pode representar um grave risco à saúde". A EMS reforça que está colaborando com as autoridades de saúde pública e já está em contato, desde o primeiro momento, com a Anvisa. “O aumento da produção de hidroxicloroquina é para garantir o abastecimento aos hospitais, principalmente, diante da repercussão das recentes publicações com ampla divulgação na mídia mundial”, diz trecho da nota. Segundo apurado, algumas farmácias de Campinas já estão desabastecidas do remédio e cientes de que seu direcionamento, momentaneamente, será feito para os hospitais. O texto da farmacêutica destaca que “os médicos são os únicos profissionais habilitados a prescreverem o uso adequado da medicação, seguindo os protocolos de medicina e direcionando o produto a quem mais precisa dele neste momento”. Atualmente, não existem vacinas nem tratamentos para a doença respiratória altamente contagiosa Covid-19, por isso, os pacientes só podem receber cuidados paliativos por enquanto. Mas um teste com 1,5 mil pessoas liderado pela Universidade de Minnesota foi iniciado nesta semana para verificar se a hidroxicloroquina pode evitar ou reduzir a severidade da doença. O medicamento para malária também está sendo testado na China, Austrália e França, e foi elogiado no começo desta semana pelo executivo-chefe da Tesla, Elon Musk, que se recuperou da malária no ano 2000 depois de usá-lo. Além de ter um efeito antiviral direto, suprime a produção e liberação de proteínas envolvidas nas complicações inflamatórias de várias doenças virais. Reitor da Escola de Medicina da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, Jakub Tolar comentou que a tentativa é para alavancar a ciência para ver se é viável fazer algo além de apenas minimizar os contatos. "Os resultados são prováveis em semanas, não meses", completou. A maioria das pessoas infectadas com a Covid-19 só desenvolve sintomas leves semelhantes aos da gripe, mas cerca de 20% podem ter doenças pré-existentes que podem levar a uma pneumonia, exigindo hospitalização. O vírus de disseminação rápida, que surgiu na China em dezembro de 2019, e, no momento, está em mais de 150 países, já infectou mais de 214 mil pessoas e matou mais de 8,7 mil em todo o mundo. Especialistas projetam que pode demorar um ano ou mais para se preparar uma vacina preventiva, por isso tratamentos eficientes são necessários com urgência. Na última terça-feira, uma equipe francesa disse que os resultados iniciais de um teste de hidroxicloroquina com 24 pacientes mostrou que 25% dos que receberam o remédio ainda portavam a Covid-19 depois de seis dias — a taxa foi de 90% entre os que receberam um placebo. Anvisa exigirá apresentação de receita A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu ontem passar a exigir apresentação de receita médica para liberação de medicamentos com hidroxicloroquina. O órgão afirma que a medida vai permitir que pacientes que já utilizam o medicamento não fiquem sem tratamento. "A falta do produto pode deixar os pacientes com malária, lúpus e artrite reumatoide sem os tratamentos adequados", diz a agência. (EC)

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