Incidência de casos aumenta 37,3%

Com 1.735 casos confirmados e 78 mortes registradas até ontem por Covid-19, Campinas chegou a uma incidência de 1.440,9 casos por milhão de habitantes, um crescimento de 37,3% na última semana. A taxa de letalidade se manteve em 4,9%. A incidência está abaixo da média do Brasil, de 2.433 casos confirmados por milhão de habitante, e do Estado, de 2.388, e também abaixo taxa de letalidade nacional, de 5,7%, e estadual, de 6,9%. Entre as cidades brasileiras com mais de um milhão de habitantes, Campinas mantém a menor taxa de letalidade fora das capitais. Incluindo as capitais, fica com maior letalidade acima de Belo Horizonte (2,8%), Porto Alegre (2,9%), Goiânia (3,08%) e Curitiba (4,08%). O ex-secretário de Saúde de Campinas, Odair Albano, avalia que a cidade tem pequeno número de casos, o que permite, de um lado, organizar os serviços ambulatoriais e hospitalares para que se possa tomar medidas que permitam o diagnóstico precoce, o que, segundo ele, ajuda bastante. Além disso, a cidade tem boa estrutura ambulatorial e hospitalar e equipes qualificadas em UTIs. Ele acredita que a taxa de letalidade possa, inclusive, ser menor, porque, como não há testagem em massa na população, pode haver um subdiagnóstico da Covid, porque muitos casos são assintomáticos. Assim, com mais casos confirmados, a relação entre mortes e infectados cai. Uma pesquisa da Universidade Federal de Pelotas apontou que Campinas pode ter oito vezes mais casos de Covid do que os notificados. "O que não sabemos é como será no futuro, se a cidade vai suportar o aumento de casos, e aí o sistema poderá sentir sobrecarga", afirmou. Albano observa que os resultados satisfatórios, em nível mundial, ocorreram quando foram criados atendimentos intermediários, os chamados hospitais de campanha, que passaram a atender pacientes que não precisam do hospital tradicional, nem de UTIs. "Os hospitais de campanha serão fundamentais quando o sistema estiver sobrecarregado", disse. Para o médico patologista clínico e gestor do Grupo Sabin, Alex Galoro, um fator que pode estar relacionado ao menor número de mortes é que a maior incidência da doença, em Campinas, é em pessoas com idade entre 30 e 39 anos, enquanto a taxa de letalidade é maior a partir dos 60 anos. "Estes números podem estar relacionados ao isolamento precoce, adotado por Campinas, estando os casos ocorrendo principalmente na população economicamente ativa", afirmou. Para Galoro, outro fator que afeta a taxa de letalidade da Covid-19 é a quantidade de testes realizados, pois a maior testagem permite o diagnóstico de mais casos e, consequentemente, diminui a taxa de letalidade, pois as mortes por síndrome respiratória são investigadas e, portanto, não variam significativamente. Outros indicadores, disse, como o número de mortes por milhão de habitantes e de casos por milhão de habitantes mostram que a circulação do vírus na região é baixa, quando comparada a outras cidades com mais de 1 milhão de habitantes. "A menor incidência do contágio pelo coronavírus pode explicar o menor número de mortes por milhão de habitantes, mas não explicaria, isoladamente, a menor taxa de letalidade, já que esta última considera apenas o total de pessoas acometidas pela doença" afirmou. A infraestrutura do SUS em Campinas, construída ao longo de décadas, disse, é um fator importante para este indicador. O sistema de monitoramento da Vigilância Epidemiológica, com o acompanhamento dos casos positivos e das pessoas que tiveram contato com eles, permite o diagnóstico precoce das complicações. Nestes casos, disse, a cidade possui também rede de hospitais especializados e acesso a UTIs, quando necessário. Vários estudos demonstraram que o atendimento precoce tem mais sucesso. BALANÇO COVID-19 CAMPINAS CONFIRMADOS - 1.735 SUSPEITOS - 381 RECUPERADOS - 1.342 ÓBITOS - 75 CAPITAL CONFIRMADOS - 65.038 SUSPEITOS - 194.413 RECUPERADOS - N/D ÓBITOS - 4.308 ESTADO DE SÃO PAULO CONFIRMADOS - 111.296 SUSPEITOS - N/D RECUPERADOS - N/D ÓBITOS - 7.667 *Informações da Prefeitura Municipal de Campinas e da Secretaria de Estado da Saúde