Incêndio em casa de repouso provoca a morte de uma idosa

Dois incêndios causaram uma morte em uma casa de repouso, em Campinas, e destruíram oito moradias em uma área de ocupação, em Hortolândia. A vítima fatal foi Vânia Alípio de Andrade, de 63 anos, que morreu queimada, na madrugada de segunda-feira (23), no quarto onde residia na Firenze Residencial para Idosos, no bairro Botafogo, que foi interditada pela Defesa Civil. Treze moradores foram transferidos para outro imóvel que pertence à mesma empresa.

O fogo atingiu três cômodos da casa de repouso e foi controlado pelo Corpo de Bombeiros, que não conseguiu salvar a idosa. Não houve outros feridos. A causa do incêndio será investigada pela Polícia Técnica. Segundo os bombeiros, a vítima fumava e tinha acesso a isqueiro.

De acordo com a Polícia Militar, enfermeiros e outros residentes da casa de repouso afirmaram que chegaram a ouvir gritos de socorro e perceberam fumaça no quatro de Vânia. Uma testemunha disse aos policiais que chegou a tentar ajudá-la, mas não conseguiu.

Após controlar as chamas, os bombeiros foram informados que havia um corpo carbonizado em um dos quartos atingidos pelo fogo. Na segunda-feira de manhã, a Defesa Civil fez vistoria no imóvel e o interditou, apesar de não haver risco de desabamento. Segundo a Prefeitura, a Firenze está com o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) em dia e tem licença sanitária. A renovação do alvará está em fase de publicação pela Secretaria de Planejamento e Urbanismo (Seplurb).

Uma equipe da Vigilância acompanhou a realocação dos outros moradores da casa de repouso. De acordo com a Administração, o imóvel atingido pelo incêndio será liberado somente após a empresa colocar o local "em condições de estabilidade e segurança". Procurada pela reportagem do Correio Popular, uma pessoa que atendeu o telefone da Firenze - e se identificou apenas como psicóloga Leda - disse que "os responsáveis não têm nada a declarar."

Outros casos

A Vigilância Sanitária de Campinas, órgão da Secretaria Municipal de Saúde, orienta a população a procurar serviços devidamente regularizados para a institucionalização de idosos. No ano passado, o órgão interditou duas casas de repouso por irregularidades. Em novembro, a ação foi tomada contra o Residencial Geriátrico Vida Nova, no Jardim dos Oliveiras, por falta de licença sanitária. Os 14 moradores da Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) foram transferidos para outros locais.

A casa de repouso foi interditada pela primeira vez em 21 de outubro, após a Vigilância Sanitária receber denúncia de falta de água e alimentos e de quadro insuficiente de funcionários. Porém, a instituição entrou com recurso, que foi indeferido. O residencial somente teria a autorização de funcionamento liberada após regularizar a licença sanitária municipal.

A outra casa de repouso foi interditada no Parque Industrial, em maio, onde residiam 17 idosas. De acordo com a chefe de setor de Serviços de Saúde da Vigilância Sanitária, Ana Lúcia da Silva Montini, a interdição foi necessária porque, além de apresentar problemas estruturais, os processos de trabalho não atendiam minimamente aos padrões sanitários exigidos.

Ela explicou que, em Campinas, a lei complementar nº32/2010, exige que, além de responsável técnico de nível superior, esses estabelecimentos devem contar com um médico para acompanhamento periódico dos idosos. Como todas as idosas que residiam no local possuíam vínculos familiares, a instituição providenciou o retorno para as famílias. As denúncias de irregularidades em casas de idosos podem ser feitas para a Vigilância Sanitária através do telefone 3269-9187 ou pelo telefone 156, da Prefeitura.

Hortolândia

Na tarde de domingo (22), outro incêndio destruiu oito moradias em uma ocupação no bairro Recanto do Sol, em Hortolândia. Não houve vítimas, mas as famílias perderam móveis, eletrodomésticos, roupas e documentos. Segundo o secretário municipal de Segurança Pública, Joldemar Nunes Correa, a ocorrência teve início depois de uma mulher colocar fogo no próprio barraco,

"Soubemos que houve uma desavença familiar e a filha de um dos moradores ateou fogo no barraco e fugiu do local", afirmou. As chamas se alastraram rapidamente para as outras moradias por causa do material altamente inflamável, como folhas de compensado e madeira.

O combate ao incêndio teve a participação do Corpo de Bombeiros e equipes da Defesa Civil, com suporte do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e secretarias de Serviço Urbano e Assistência Social. Segundo a Prefeitura, o fogo se alastrou por uma área de 200 metros quadrados, que foi isolada pelos bombeiros.

A ocupação é formada por 144 moradias, mas os danos ficaram restritos a oito. Segundo a Prefeitura, somente uma família foi levada para abrigo. As demais foram para casa de parentes. De acordo com a Administração, os desalojados deverão receber auxílio-aluguel para se fixarem em outro imóvel, cestas básicas e serão atendidas pela Assistência Social. "Eu perdi tudo, perdi alimentos, só estou com a roupa do corpo", disse a moradora Lindalva Maria da Silva Pereira, uma das vítimas do incêndio.