NO 1˚ QUADRIMESTRE

Importações da RMC batem recorde da série histórica

O maior valor anterior havia sido registrado entre janeiro e abril de 2022

Edimarcio A. Monteiro/edimarcio.augusto@rac.com.br
09/05/2025 às 10:55.
Atualizado em 09/05/2025 às 12:11

O Aeroporto Internacional de Viracopos é o local que concentra as importações e exportações da região de Campinas (Kamá Ribeiro/Arquivo Correio Popular)

As importações da Região Metropolitana de Campinas (RMC) somaram US$ 5,53 bilhões (R$ 31,39 bilhões) no primeiro quadrimestre deste ano, recorde para o período desde o início da série histórica em 2013. De acordo com os dados da Comex Stat, plataforma de balança comercial do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o maior valor anterior havia sido registrado entre janeiro e abril de 2022, quando foi de US$ 5,2 bilhões (R$ 29,52 bilhões). O resultado de 2025 representou aumento de 14,02% em comparação aos quatro primeiros meses do ano passado, quando as compras feitas no exterior foram de US$ 4,85 bilhões (R$ 27,53 bilhões).

Para o economista Paulo Ricardo da Silva Oliveira, o desempenho indica dois sinais. O primeiro é que as indústrias da região, dependentes de insumos importados para produção, mantém a produção em alta. E também uma antecipação de compra diante das incertezas internacionais provocadas pela política de aumento de tarifas adotadas pelo governo dos Estados Unidos. “É exatamente esse movimento que a gente está captando, um movimento da indústria brasileira aquecida nesse início de 2025”, disse ele, que é professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) Campinas.

Para o especialista, o aumento das importações “pode ter sido um movimento de antecipação de compra dado o cenário de desconfiança”. De acordo com ele, é “natural” as empresas tentarem “se precaver e estocar mais”. Já as exportações da Grande Campinas ficaram em US$ 1,73 bilhão (R$ 9,82 bilhões), o segundo melhor resultado para o primeiro quadrimestre em 13 anos. As maiores vendas ao exterior no período ocorreram em 2023, quando foram de US$ 1,78 bilhão (R$ 10,1 bilhões). De acordo com os dados do Comex Stat, ela representaram uma elevação de 12,34% em relação ao US$ 1,54 bilhão (R$ 8,74 bilhões) do ano passado.

DE OLHO NO MERCADO

Com isso, o déficit da balança comercial da RMC foi de US$ 3,8 bilhões (R$ 21,57 bilhões) entre janeiro e abril, também novo recorde. O montante superou os US$ 3,54 bilhões (R$ 20,09 bilhões) registrados em 2022, maior valor anterior. Em relação aos US$ 3,31 bilhões (R$ 18,79 bilhões) de 2024, a diferença entre as importações e exportações teve aumento de 12,34%.

Uma multinacional do setor de autopeças instalada em Itatiba tem planos de incorporar um terceiro turno de produção este ano para se preparar para aumentar as vendas. “Estamos arrumando a casa para o futuro”, disse a diretora-geral da planta, Melissa Mattedi. “Queremos estar prontos para as demandas que virão”, completou. A empresa produz principalmente turbocompressores nessa unidade, inclusive para veículos eletrificados, sendo uma das principais fornecedoras para as montadoras e atua também com a venda para o mercado de reposição.

A unidade exporta principalmente para a América Latina, incluindo Argentina, México e Colômbia, mas também abastece outros países, como Estados Unidos, França e Índia. “Ainda existe muito espaço para crescer no mercado de turbocompressores. No Brasil, o turbo tem uma participação de cerca de 51% na produção de veículos novos. Na Europa, é de cerca de 70%”, disse a diretora-geral.

OUTROS DADOS

O desempenho no primeiro quadrimestre de 2025 foi atingido após as empresas da Região Metropolitana fecharem abril com as importações de US$ 1,43 bilhão (R$ 8,12 bilhões). O valor representou um aumento de 7,52% em comparação a igual período de 2024, quando foi de US$ 1,33 bilhão (R$ 7,55 bilhões). As exportações no mês passado foram de US$ 492,08 milhões (R$ 2,79 bilhões), o segundo melhor resultado em abril da série histórica. Ele foi inferior apenas aos US$ 498,19 milhões (R$ 2,82 bilhões) de 2022. Na comparação com igual mês do ano passado, quando as exportações foram de US$ 418,04 milhões (R$ 2,37 bilhões), o crescimento foi de 17,71%.

A balança comercial da RMC teve um saldo negativo de US$ 942,69 milhões (R$ 5,35 bilhões) em abril. Houve uma elevação de 2,47% em relação aos US$ 919,96 milhões (R$ 5,22 bilhões) do mesmo mês do ano passado. As exportações regionais em abril tiveram uma participação de 7,61% dos US$ 6,46 bilhões (R$ 36,37 bilhões) do Estado de São Paulo. Já as importações representaram 21,69% do total paulista, US$ 6,59 bilhões (R$ 37,41 bilhões). Foi a maior taxa desde 2013. Ela superou os 21,63% de abril de 2020, que era o recorde anterior.

Para o economista Paulo Oliveira, a política de tarifaço norte-americano acende um sinal de alerta para as empresas da Região Metropolitana de Campinas. “Embora no grosso das exportações brasileiras sejam de commodities para os Estados Unidos, algumas regiões, como Campinas, têm os Estados Unidos como parceiro comercial importante e exporta, sobretudo, bens industriais. A gente, por exemplo, chega a exportar para os Estados Unidos motores de avião, algumas peças da indústria que são de maior valor agregado”, afirmou.

CIDADES

Campinas exportou US$ 91,1 milhões (R$ 517,17 milhões) no mês passado, liderando as vendas ao exterior na RMC. A cidade teve uma participação de 18,52% do total da Região Metropolitana. Os principais produtos exportados pelo município foram óleos de petróleo ou de minerais betuminosos, bombas para líquidos, motores e gerados elétricos. Em abril, a segunda colocação ficou com Indaiatuba, com US$ 74,82 milhões (R$ 424,75 milhões), puxados principalmente por máquinas e equipamentos para construção e agricultura, automóveis, autopeças e centrifugadores.

Paulínia exportou US$ 69,07 milhões (R$ 392,11 milhões) e ficou com a terceira posição. Os principais produtos enviados pela cidade para o exterior foram medicamentos, inseticidas, coque de petróleo e polímeros de propileno. As cinco primeiras posições foram completadas por Sumaré (US$ 48,31 milhões) e Americana (R$ 43,92 milhões). Os principais destinos das exportações metropolitanas foram Estados Unidos, Argentina, México, Chile e Alemanha.

Já a origem das importações foram principalmente a China, Estados Unidos, Alemanha, Índia e Coreia do Sul. O resultado da balança comercial da RMC no mês passado seguiu a tendência do desempenho nacional. Em abril, as exportações brasileiras registraram alta de 0,3% na comparação com o mesmo período em 2024. Os produtos da indústria de transformação tiveram crescimento de 2,4%, chegando a US$ 350 milhões (R$ 1,87 bilhão). Por outro lado, a agropecuária teve uma que da 0,7%, e a indústria extrativa de 3,8%.

As importações tiveram aumento de 1,6% em abril ante o mesmo mês do ano passado, com avanço de US$ 20 milhões (3,3%) em agropecuária, queda de US$ 510 milhões (-31,5%) em indústria extrativa, e alta de US$ 860 milhões (4,4%) em produtos da indústria de transformação. A balança comercial brasileira registrou superavit de US$ 8,153 bilhões (R$ 46,28 bilhões) em abril. O resultado representou uma queda de 3,3% em relação ao mesmo período do ano passado, em meio à guerra comercial travada pelo presidente dos Estados Unidos. Donald Trump. O saldo foi alcançado com exportações de US$ 30,409 bilhões e importações de US$ 22,256 bilhões. No ano, o saldo positivo é de US$ 17,729 bilhões.

Siga o perfil do Correio Popular no Instagram.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por