Estado quer a gestão compartilhada do parque, mas prefeito não aceita se tiver que investir recursos
Vista do Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim: área de lazer e de preservação ambiental (Edu Fortes/AAN )
Governo do Estado e Prefeitura de Campinas não conseguiram chegar a um acordo e a transferência do Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim para a Administração municipal chegou a um impasse. O Estado quer a gestão compartilhada daquela área de lazer, mas o prefeito Jonas Donizette (PSB) não admite dividir a gestão se tiver que investir recursos para a recuperação do parque. Enquanto o consenso não chega, o Parque Ecológico continua sendo administrado pelo Estado.“Minha prioridade é a construção do Teatro Carlos Gomes. Quero decidir sobre o parque com calma, analisando prós e contras”, disse o prefeito. Em maio, por decreto do governador Geraldo Alckmin (PSDB), o parque foi cedido à Prefeitura por 99 anos, mas o prefeito decidiu não assumir a gestão enquanto não estiver definido que a administração completa ficará com o Município. “Se vamos pagar, é justo que a administração seja nossa”, afirmou. A previsão é que a Prefeitura gastará com a manutenção cerca de R$ 6 milhões anuais.O prefeito afirmou que está fazendo uma estruturação financeira para assumir os investimentos que serão necessários para recuperar aquela área e para garantir sua manutenção. A Prefeitura, disse, está em situação financeira difícil e não dá para assumir o parque já. “Quero ter um horizonte de gastos, para ir fazendo o que é necessário gradativamente”, informou.O prefeito disse também que, antes de receber a área, vai exigir que o Estado faça os investimentos necessários à recuperação do parque. “Quero assumir uma área em ordem, porque não teremos dinheiro para fazer investimentos imediatos na recuperação do Ecológico. Recebendo em ordem, nosso compromisso é garantir o custeio, fazer ações para a revitalização da área como espaço cultural e de lazer”, afirmou. Procurada nesta quinta-feira (22), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, atual administradora do parque, não se manifestou. O parqueCom uma área de 110 hectares e projeto paisagístico de Roberto Burle Marx, a implantação do Parque Ecológico visou a recuperação e repovoamento vegetal de uma área de 2,85 milhões de metros quadrados, com 1,1 milhão de metros quadrados aberto ao público, com espécies da flora brasileira, espécies nativas da região da bacia do Rio Piracicaba e algumas espécies exóticas, em especial as palmeiras.O parque ecológico abriga também exemplares tombados e restaurados da arquitetura campineira do século 19, como o casarão, a tulha e a capela da antiga Fazenda Mato Dentro, espaços que integram um Museu Histórico Ambiental e o desenvolvimento de diversos programas de educação ambiental.O parque possui ainda sete quadras poliesportivas, campos de futebol soçaite, quadra de bocha e malha, trilhas para caminhadas, pista de cooper, playground, áreas para piquenique, anfiteatro, e dois estacionamentos com capacidade para mil carros.Licitação das obras do teatro será publicada até dezembroO prefeito Jonas Donizette (PSB) informou que a licitação das obras do Teatro Municipal Carlos Gomes será publicada até o final do ano. O governo estadual repassará R$ 80 milhões e a Prefeitura fará a obra. O projeto arquitetônico foi elaborado pelo arquiteto Carlos Bratke e doado à Administração pelo Swiss Park. A pedido da Secretaria Municipal de Cultura, o projeto está passando por alterações. As modificações visam atender as necessidades de um teatro de ópera. Inicialmente, o desenho da sala seria no estilo elizabetano (em semicírculo) e a Prefeitura pediu para que o novo desenho tenha estilo italiano (em forma de ferradura), mais propício a apresentações operísticas. O projeto tem 18 volumes de plantas. Os R$ 80 milhões serão destinados à construção e aos equipamentos. Além da atualização da proposta arquitetônica, será necessário ainda elaborar o projeto executivo, que deverá conter um conjunto de informações técnicas necessárias e suficientes para a realização do empreendimento.A edificação contará com camarins, coxia, cabines para imprensa, camarotes, sanitários, saídas de emergência e estacionamento, além de uma acústica especial para óperas. O palco, de aproximadamente 306 metros quadrados, terá dois espaços abertos em sua parte inferior. Além do tradicional fosso para a orquestra, haverá uma espécie de hall para receber mostras e exposições. O projeto ainda possui outros seis pavimentos: quatro superiores e dois pisos técnicos. A obra vai exigir licenciamento ambiental, que será feito pela Prefeitura, porque o impacto será apenas na área. O local escolhido para abrigar o teatro fica em frente ao estacionamento do parque e será complementado com um paisagismo seguindo o projeto de Burle Marx. O auditório terá capacidade para 1,2 mil pessoas e sete pavimentos.