após furto

Igreja reabre suas portas aos fiéis

A igreja teve o alambrado do pátio cortado, uma das paredes quebradas, o sacrário e o sensor de presença do sistema de alarme arrancados e três portas arrebentadas pelos criminosos

Jaqueline Harumi
26/11/2017 às 23:23.
Atualizado em 23/04/2022 às 01:19

Dez dias após ser depredada e furtada, a igreja da Comunidade Nossa Senhora de Nazaré, no Jardim do Lago, em Campinas, voltou a abrir as portas neste domingo (26) pela manhã, com Marcha da Cruz e missa que reuniu fiéis das seis comunidades da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompéia. Com 260 cruzes em mãos, cada qual com uma causa ou consequência da cultura da morte, os fiéis caminharam da Praça Opera Maria Tudor, na Avenida Adão Focesi, até igreja, na Avenida Dante Alighieri, onde houve “plantio” das cruzes no gramado e celebração. A igreja teve o alambrado do pátio cortado, uma das paredes quebradas, o sacrário e o sensor de presença do sistema de alarme arrancados e três portas arrebentadas pelos criminosos, que também furtaram, entre outros objetos litúrgicos, a âmbula — de metal revestido de ouro, a peça em que ficam as hóstias consagradas é avaliada em cerca de R$ 2,5 mil. Apesar da retomada das celebrações, a comunidade deixou de manter por ora as hóstias na Capela do Santíssimo. “A gente recuperou o que foi possível: a restauração do imóvel, como pintura, alvenaria, troca de portas e fechaduras, e a compra de alguns objetos sacros. Já encomendamos o sacrário, mas temos que fazer o sistema de tela externa e reorganizar o alarme. Tudo a caminho, quase terminado”, detalhou o padre Luiz Roberto Teixeira Di Lascio, que estima em R$ 12 mil o prejuízo. Grande parte do valor já foi doado pelos fiéis, que fizeram novas doações no ofertório de ontem, que incluiu rito penitencial, ato de desagravo e benção do templo. “Ninguém mexe na causa (do furto) e isso me fez refletir. As cruzes plantadas são as causas como a gente percebe: má distribuição de renda, corrupção, orgulho, avareza, o pecado que está nas estruturas pessoais e depois passa pelas outras estruturas. Isso vai corroendo o tecido social e atingindo as pessoas”, ressaltou Di Lascio. “O templo profanado não é restaurar a pedra, mas restaurar a pessoa que perdeu sua dignidade: se ela perde a dignidade, entra em qualquer mundo que a desfigura, pois perdeu a autoestima e o sentido de ser a imagem e semelhança de Deus. Ela se corrompe, se vendendo, e então entra para os grandes sistemas de narcotráfico, para as milícias, para grupos que estão a favor da cultura da morte”, comentou. Padre lança campanha pela ética Di Lascio lançou ontem a campanha Pai-Nosso – O Brasil é Nosso, “um movimento pela ética e moralização da política brasileira”, com distribuição de cartilha que propõe a oração do Pai-Nosso pelo menos em um horário do dia para estimular a reflexão das pessoas, que considera estarem “anestesiadas”, em “um mundo de consumo e consumidos entrando na dança da corrupção”, com generalização e banalização de tudo. “O pecado maior hoje é a fatalidade: 'ah, o Brasil sempre foi assim, sempre foi desse jeito', 'ele rouba, mas faz', 'assim vai ser', 'isso aqui vamos deixar assim', 'Deus toma conta'”, disse o padre.

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