Grupo de garotas que participavam da segunda edição da caminhada de mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais fizeram as pichações e publicaram fotos nas redes sociais
Porta da entrada da basílica pichada: engenheiro fará avaliação (Leandro Ferreira/ AAN)
A Basílica Nossa Senhora do Carmo, alvo de pichações na noite de sábado, receberá na manhã de terça-feira a visita de um engenheiro que analisará o dano provocado na porta do patrimônio, e se será preciso tirar a estrutura de madeira de lei para reparo. Com os dizeres “aborto livre”, a pintura na porta soma-se a outras feitas na própria igreja e em comércios ao redor, no Centro de Campinas, por um grupo de garotas que participavam da segunda edição da caminhada de mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais. Nas redes sociais, integrantes do próprio movimento publicaram fotos ao lado das pichações. A ação de vandalismo revoltou fieis e o pároco, Cônego Jeronymo Antonio Furian, que na manhã de segunda-feira (27) contatou o engenheiro responsável pela obra de restauração, que está em fase final. “Ele informou que irá avaliar qual o dano da tinta na porta e se será preciso levá-la para um restauro específico”, disse. De acordo com ele, somente esse ano foram cerca de cinco pichações no patrimônio histórico da cidade. A pichação “Corpo Livre” também continuava na lateral da basílica. “O respeito vale para todos”, pontuou Furian. A basílica está em fase final de restauração e foi custeada com recursos dos paroquianos, que consumiu R$ 600 mil apenas na fachada entregue no final do ano passado. O busto de César Bierrenbach, uma banca de jornal da Praça Bento Quirino e a porta de um restaurante japonês, na Rua Sacramento, também foram alvos. No restaurante, o proprietário não quis se identificar, mas disse que providenciará o mais rápido a limpeza da porta de ferro, onde foi escrito “Mexeu com um foi contra todos”. “É uma barbaridade o que fizeram. Pedem respeito, mas eles mesmos não têm”, disse Rosália Firmino, de 52 anos. Taxistas daquela praça denunciaram à Guarda Municipal o ato de vandalismo, minutos após a sua ocorrência, por volta das 21h de sábado. No entanto, de acordo com um dos taxistas, os guardas municipais não teriam mostrado interesse em abordar o grupo de pichadoras — que à princípio seriam quatro garotas, com idades entre 15 e 18 anos —, mesmo que o profissional tivesse apontado para o grupo. Esse taxista afirma que ligou para a GM e que ela teria demorado mais de uma hora para chegar na praça. A corporação informou, em nota, que na central de controle não havia registro da chamada via 153. A GM confirmou que houve um atendimento realizado pelos guardas que faziam patrulhamento pela área central e que foram comunicados sobre o fato por um taxista. “Assim, como não houve flagrante e identificação das suspeitas, a ocorrência foi encerrada.” Nas redes sociais, grupos de ativistas do movimento que organizaram o “esquenta” para a Parada Gay publicaram fotos ao lado das pichações na igreja. Em uma delas, um grupo de três meninas fazia selfie em frente à porta pichada. Duas das publicações eram de garotas de cidades vizinhas.