‘CARROSSAUROS’

Idade média dos caminhões em Campinas é de 23 anos

Veículos velhos causam maior insegurança, poluição e consumo de combustível

Thiago Rovêdo/ thiago.rovedo@rac.com.br
25/10/2022 às 09:04.
Atualizado em 25/10/2022 às 09:04

Dono de um ferro-velho no Campo Belo, Jair Pereira não costuma fazer grandes viagens com seu caminhão de 48 anos de idade por se preocupar com a segurança (Gustavo Tilio)

A idade média da frota de caminhões de Campinas já superou a da capital paulista: enquanto na cidade é de 23 anos, em São Paulo está em 22, de acordo com o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP). Campinas empata nesse quesito com Guarulhos e registra média menor do que o Estado de São Paulo. Especialistas destacam que veículos mais velhos têm maior risco de acidentes, requerem grande manutenção, consomem mais combustíveis e geram maior poluição.

De acordo com o Detran-SP, a idade média dos 20.745 caminhões de Campinas é de 23 anos. Já a idade média dos 3.649 micro-ônibus do município é de 16 anos, enquanto na frota de 5.459 ônibus, é de 16 anos. 

O engenheiro e especialista em trânsito Rômulo de Assis Sampaio analisou que o maior risco de acidentes é causado pela má conservação desses veículos antigos, que geralmente não recebem a manutenção adequada. "Alguns proprietários estão com esses veículos porque não têm dinheiro para comprar carros novos. Como também dispõem de poucos recursos para repor as peças quebradas, acabam adquirindo equipamentos clandestinos, que pioram a condição do veículo", disse.

Guarulhos tem 20.962 caminhões registrados, com a idade média de 23 anos. No Estado todo, o Detran-SP soma 681.683 veículos dessa categoria com média de idade de 24 anos, enquanto que a capital tem 127.265 caminhões com média de 22 anos de fabricação, segundo o órgão estadual.

Sampaio explicou que veículos mais velhos consomem mais combustíveis, são mais poluentes e oferecem menor segurança para os condutores. "Além de causarem transtornos como congestionamentos motivados por quebras, queda na produtividade do motorista por causa do desconforto do caminhão e baixo desempenho do veículo", comentou.

Um levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) concluiu que a poluição originada do motor de um carro com mais de 15 anos de uso é 28 vezes maior que a de um veículo novo, com menos de 6 mil quilômetros rodados. E que portanto, ele precisa de uma manutenção maior e constante.

"Para que o caminhão circule, deve estar em conformidade com as leis que exigem vistorias anuais, para saber se está em condição de circulação, como as sinaleiras, o motor, os pneus, o sistema de segurança e vários outros parâmetros. Se não estiver, esse carro é recolhido ou multado", disse.

Programa federal

O Programa de Aumento da Produtividade da Frota Rodoviária no País (Renovar), criado recentemente, propõe a renovação de veículos de transporte rodoviário de mercadorias, ônibus, micro-ônibus e implementos rodoviários e a retirada de circulação dos veículos no fim de sua vida útil.

A nova legislação pretende conceder benefícios aos motoristas de caminhões com 30 anos ou mais e aos de ônibus e micro-ônibus a partir de 20 anos de fabricação e uso. Ao entregar o veículo para reciclagem, o proprietário receberá o valor de mercado, mais o da sucata.

O objetivo da nova lei é reduzir os custos da logística no País, aumentar a produtividade, a competitividade e a eficiência do transporte rodoviário, gerar impactos positivos na competitividade dos produtos brasileiros e contribuir para a diminuição dos níveis de emissão de poluentes pela frota rodoviária.

A adesão ao Renovar é voluntária e a implantação do programa será feita por etapas, sob operação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Os transportadores autônomos de cargas e os associados das cooperativas de transporte de cargas terão prioridade de acesso aos benefícios.

O Renovar será custeado por recursos de multas, do álcool etílico combustível (Cide-combustíveis) e do valor direcionado a pesquisas por parte das petroleiras. 

Quase 50 anos

Dono de um ferro-velho na região do Campo Belo, o comerciante Jair Pereira, de 74 anos, trabalha com um caminhão que tem 48 anos de idade. Ele contou que, por conta da idade do veículo, se preocupa muito com a segurança, então, não costuma fazer grandes viagens, dando preferência para corridas mais curtas.

"Eu o utilizo mais quando a carga é muito pesada, tanto que tenho um maquinário no caminhão só para conseguir colocar e tirar os produtos da caçamba. Também tenho outro caminhão menor, que uso para a maioria dos trabalhos aqui do ferro-velho", afirmou o comerciante.

O caminhão, fabricado em 1974, passa por manutenções rotineiras para que não seja um perigo ao motorista. Segundo Jair, sua maior preocupação são os freios e a parte elétrica, mas ele também sempre fica de olho na caçamba, pois tem receio dela não suportar o peso das cargas.

"Já trabalho nesse ramo há quase 40 anos, então posso dizer que tenho uma certa experiência. Sei o tipo de carga que pode prejudicar mais um veículo, por isso, fico atento com a manutenção. Tenho toda a documentação em dia, licença para funcionar e tudo mais, mas prefiro estar sempre precavido para evitar acidentes", afirmou.

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