Com a arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) caindo como consequência da queda do crescimento econômico, os municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC) sofrerão mais um golpe em 2017
Cidades ficarão com 10,8% do imposto, um crescimento de apenas 1,87% em relação a 2016 (Cedoc/RAC)
Com a arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) caindo como consequência da queda do crescimento econômico, os municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC) sofrerão mais um golpe em 2017. A região ficará com 10,8% do que for arrecadado no Estado com o imposto, um crescimento de apenas 1,87% em relação a este ano. Seis cidades vão perder participação na divisão e preparam a impugnação do Índice de Participação dos Municípios (IPM) divulgado ontem pelo governo do Estado. Esse índice define qual o percentual da arrecadação total do ICMS ficará com cada cidade. Hortolândia terá a maior perda, de 7,6%, seguida de Americana (5,28%), Engenheiro Coelho (5,15%), Monte Mor (3,95%), Santa Bárbara d’Oeste (3,18%) e Campinas (1,5%). Na contramão da crise, Jaguariúna vai dar um salto de 25,5% na divisão do bolo tributário. O IPM, segundo a Secretaria de Estado da Fazenda, foi apurado com base nas informações sobre a atividade econômica dos 645 municípios paulistas em 2015 para ser adotado durante todo o ano de 2017. As prefeituras têm 30 dias para apresentar pedidos de impugnação dos índices de valor agregado apontados no IPM. Campinas, que perde 1,5% na participação do bolo do ICMS, conforme o IPM preliminar divulgado ontem, vai recorrer. O secretário de Finanças Tarcísio Cintras disse que já tem uma equipe trabalhando para tentar recuperar pelo menos o percentual deste ano na partilha. O problema de Campinas, segundo ele, foi queda do valor agregado por setores importantes da economia, como autopeças e telecomunicações. “É possível que com a retomada da economia, a arrecadação compense monetariamente a perda no percentual de participação. Mas vamos tentar reverter”, afirmou. Monte Mor já está elaborando recurso. O secretário de Finanças Eduardo Roberto Lima Jr. disse que já encaminhou ao setor responsável para que seja feito o recurso necessário para reverter essa situação. Hortolândia também vai recorrer. A Prefeitura avalia que a queda se deve aos efeitos da economia do País, que afetou empresas de grande porte nos segmentos de equipamentos, eletroeletrônicos, peças automotivas, medicamentos e ferroviário. Apesar da queda no índice, não houve de saída de empresas do Município, informou. Para a receita de 2017, a Administração analisa a possibilidade de equacionar essa queda com a evolução de outras fontes. Uma delas é a arrecadação do ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza), que já registra neste ano aumento real de 7% a 8%. As maiores quedas, segundo o economista Mario Luís de Oliveira, foram nas áreas onde a atividade industrial se retraiu ou onde houve migração da atividade para outras cidades. “A indústria é a principal formadora do valor adicionado da região e a crise econômica que atingiu o setor vai afetar a arrecadação das cidades no ano que vem também”, afirmou. “As cidades têm trabalhado muito para melhorar a atualização da Declaração para o Índice de Participação dos Municípios na Arrecadação do ICMS (Dipam) e também no aumento da riqueza gerada na cidade, o chamado valor adicionado. Mas temos muita deficiência nos mecanismos de combate à sonegação e há muitos buracos no trabalho de fiscalização dos tributos municipais”, avaliou o economista Carlos Augusto Chaves, consultor em política tributária. A legislação define que da arrecadação do ICMS, 75% cabem aos estados e 25% aos municípios. A parcela pertencente aos municípios é creditada obedecendo os seguintes critérios: três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações relativas à circulação de mercadorias e prestação de serviços e até um quarto de acordo com o que dispuser lei estadual. Os repasses do ICMS aos municípios são liberados de acordo com os respectivos IPM. O índice é definido a partir de critérios que levam em consideração a população, receita tributária própria, área agricultada, área ocupada pelos reservatórios de energia elétrica, área protegida e valor adicionado (fator que representa a diferença entre a compra dos insumos e a venda dos produtos acabados). Jaguariúna se destaca pelo crescimento O aumento da participação de Jaguariúna na partilha do ICMS que será arrecadado no próximo ano é resultado de uma política de atração de empresas adotado pela cidade desde 2013, segundo o prefeito Tarciso Chiavegatto. A cidade ficará com 0,53% do que for arrecado no Estado, 25,5% a mais do índice atual. “Nossa meta é chegar a 2020, com 0,78% da arrecadação. O ICMS é nossa principal receita.” O Programa de Desenvolvimento Empresarial de Jaguariúna, lançado em janeiro de 2013, atraiu para a cidade, segundo o prefeito, 700 empresas no período, sendo 30 indústrias — uma delas é a Sky, grande geradora de ICMS e que atraiu cerca de 500 empresas de softwares. A Sky está implantando o maior e mais moderno centro de transmissão do Brasil em Jaguariúna, um investimento de R$ 1 bilhão, que consolida seu posicionamento de maior operadora de TV por assinatura via satélite do País. (MTC/AAN)