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Hospital Ouro Verde tenta voltar à normalidade

Um ano e meio após suspensão do contrato da Vitale, unidade projeta capacidade plena em setembro

Gilson Rei
28/07/2019 às 13:42.
Atualizado em 30/03/2022 às 22:05

O Hospital Ouro Verde resgatou sua capacidade de internações e projeta recuperação plena na área cirúrgica em setembro. A expectativa é superar de vez o período caótico que envolveu a administração desastrosa da empresa OS Vitale — antiga gestora que teve o seu contrato suspenso pela Prefeitura em dezembro de 2017. Marcos Pimenta, presidente da Rede Mário Gatti, disse que o Hospital Ouro Verde recuperou 100% da capacidade de internação e 60% da capacidade cirúrgica. Segundo ele, houve mudança na gestão dos hospitais. “É um modelo inovador que permitiu otimizar os gastos na aquisição de insumos, serviços de limpeza, segurança e alimentação e, com isso, ampliar a contratação de profissionais de diversas áreas.” Pimenta lembrou que o novo modelo de gestão unificou os orçamentos: Hospital Ouro Verde, Hospital Mário Gatti, Unidade de Pronto Atendimento (UPAs) e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) dividem hoje um só orçamento: o da Rede Mário Gatti. “Assim foi possível otimizar os gastos, afinal, as aquisições em escala maior garantem descontos nas compras de insumos, produtos de limpeza e alimentação entre outros”, comentou. Em dezembro de 2017, quando a OS Vitale teve o seu contrato de administração suspenso, foi criada a Rede Mário Gatti, unificando a gestão nos serviços de atendimento médico da rede municipal. Segundo Pimenta, esta medida surtiu efeitos positivos. Dados demonstram que, comparando o período dezembro de 2017 a dezembro de 2018 com o primeiro quadrimestre de 2019 (janeiro a abril), houve um aumento de 31% do número mensal de internações e de 58% dos procedimentos cirúrgicos. Entre dezembro de 2017 e dezembro de 2018, o Hospital Ouro Verde apresentou um atendimento médio de 435 internações mensais e entre janeiro e abril deste ano, a média subiu para 570 internações mensais, o que significa um crescimento de 31%. Segundo Pimenta, essa era a média de internações mensais antes dos problemas de gestão da OS Vitale. Outro dado de crescimento está relacionado às cirurgias. O Ouro Verde apresentou a média de 293 cirurgias por mês entre dezembro de 2017 e dezembro de 2018 e saltou para 463 cirurgias mensais nos primeiros quatro meses deste ano — acréscimo de 58%. Nova Gestão Em março de 2018, a Prefeitura retomou a gestão integral do Hospital Ouro Verde, que passou a fazer parte da Rede Mário Gatti. Pimenta explicou que no Hospital Ouro Verde houve um processo de avaliação dos antigos serviços e do modo de operação. Depois, a Rede Mário Gatti iniciou a substituição das empresas prestadoras e de funcionários ligados à Vitale. No primeiro momento, foram priorizadas as áreas e serviços voltados aos atendimentos de urgência e emergência e o abastecimento emergencial de insumos. Na sequência foram realizadas contratações para as demais equipes assistenciais: anestesia, cirurgia geral, otorrinolaringologia, oftalmologia, neurologia clínica, cardiologia, multiprofissional, saúde mental, ortopedia, entre outras. Houve contratação também de profissionais de apoio assistencial (laboratório, patologia, imagem e laudos de exames) e apoio administrativo (segurança, alimentação, recepção, higiene, telefonia, gestão logística de distribuição, entre outros). Outra medida foi a centralização da aquisição de insumos (materiais e medicamentos). O presidente da Rede Mário Gatti destacou ainda que as contratações seguiram todo um critério de transparência. Dentre os processos já finalizados e em atividade, Pimenta destacou a contratação da equipe da especialidade de Oftalmologia. “Permitiu a reativação das cirurgias e já tem realizado mais de 200 cirurgias mensais de catarata. Além disso, a equipe faz a retaguarda para os atendimentos de urgências oftalmológicas”, comentou. Desvio pode ser de mais de R$ 40 mi Em dezembro de 2017, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou a Operação Ouro Verde para investigar desvios de verbas públicas envolvendo o hospital, que era administrado pela Organização Social (OS) Vitale Saúde. Os prejuízos provocados sob a gestão da Vitale superam a casa de R$ 40 milhões, segundo relatório elaborado pela Secretaria de Saúde da Prefeitura de Campinas e encaminhado ao Ministério Público. Os promotores apuraram que um grupo ligado à Vitale Saúde usava a entidade para obter vantagem patrimonial indevida por meio de consultorias simuladas e que havia indícios de superfaturamento na compra de medicamentos, insumos e prestação de serviços no hospital, além da suspeita de recebimento de propina por agentes públicos. A Vitale Saúde administrou o Hospital Ouro Verde por cerca de 18 meses e neste período recebeu repasses que somaram aproximadamente R$ 200 milhões. Em cinco anos de contrato os repasses chegariam a R$ 650 milhões. Em dezembro de 2017, o hospital sofreu intervenção em consequência de denúncias de desvios de recursos feitas pelo MP. 

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