IRREGULARIDADES

Hospital Mário Gatti sofre denúncia trabalhista

Sindicato acusa hospital de contratar pessoal com salário abaixo do piso e sem pagar almoço

Rodrigo Piomonte/ Correio Popular
24/04/2021 às 16:56.
Atualizado em 21/03/2022 às 21:45
O enfermeiro Jadielson Ferreira da Silva: “Trabalhei por três plantões sem carteira assinada” (Kamá Ribeiro/ Correio Popular)

O enfermeiro Jadielson Ferreira da Silva: “Trabalhei por três plantões sem carteira assinada” (Kamá Ribeiro/ Correio Popular)

O Sinsaúde protocolou uma denúncia no Ministério Público do Trabalho (MPT) da 15ª Região de Campinas contra a Rede Municipal Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar por diversas irregularidades trabalhistas, entre elas contratação de trabalhadores intermitentes com valor abaixo do praticado na enfermagem e jornada de 12 horas sem alimentação durante o combate a pandemia de covid-19 em leitos de enfermaria e Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

A denúncia foi protocolada na última terça-feira (20), depois do sindicato receber informações dos trabalhadores que atuam nas instituições administradas pela autarquia. A falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), déficit de funcionários no combate à covid-19 e a existência de funcionários trabalhando sem registro, além de descumprimento de direitos estabelecidos pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) estão também entre os apontamentos levados ao MPT.

Segundo informações do sindicato, a intenção da denúncia foi preservar o cumprimento da legislação trabalhista e da Convenção Coletiva. Para o sindicato, as instituições administradas pela Rede Mário Gatti, que são os hospitais Mário Gatti e Ouro Verde, a UPA São José e os PAs Anchieta, Campo Grande, Carlos Lourenço e SAMU, precisam fazer valer o respeito aos trabalhadores.

"Os trabalhadores da Saúde estão na linha de frente do combate à pandemia e precisam ser respeitados e valorizados. Condições de trabalho adequadas são essenciais para atender a população de forma digna", destaca a presidente do Sinsaúde, Sofia Rodrigues do Nascimento.

O sindicato apura informações de que as empresas subcontratadas pela Rede Mário Gatti para garantir que a rede mantenha o atendimento e combate à covid-19 têm feito contratos intermitentes com salários abaixo dos praticados na área de enfermagem, negando inclusive alimentação aos plantonistas de 12 horas.

O enfermeiro Jadielson Ferreira da Silva, 36 anos, que está há três anos na área, é um dos profissionais que relataram ao sindicato problemas na prestação de serviço de enfermagem para a Rede Mário Gatti.

"Eu fui contratado pela empresa Zanklech Serviços Médicos ltda, prestadora de serviço para a prefeitura, porém, quando fui começar o meu plantão iniciaram os problemas. Me deparei com a prestação de serviço diferente para o qual foi contratado. Fui contratado como enfermeiro e me colocaram como técnico de enfermagem. Trabalhei por três plantões sem carteira assinada e acabei dispensado por outro coordenador de equipe, diferente daquele que havia me contratado sem nenhum motivo justificado", disse.

Ele relatou ainda que ficou sabendo que não teria direito a alimentação durante o plantão apenas quando estava no trabalho. O enfermeiro trabalhou no hospital Mário Gatti, dando apoio aos leitos de UTI covid-19.

As empresas contratadas pela Rede Mário Gatti citadas na denúncia são Sankleche Serviços Médicos LTDA, Integralidade Médica LTDA, Unihealth Logística Hospitalar e Sistemas de Saúde e Fundação Santa Casa de Misericórdia de Franca. A reportagem não conseguiu retorno das empresas.

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