procedimento intrauterino

Hospital faz cirurgia inédita na rede particular

Inédita na rede particular da cidade, o Hospital Samaritano de Campinas, inaugurado há 35 anos, foi pioneiro ao realizar uma cirurgia intrauterina

Da Agência Anhanguera
20/05/2018 às 14:37.
Atualizado em 22/04/2022 às 03:27
Equipe durante cirurgia intrauterina no Hospital Samaritano de Campinas: mãe e feto passam bem e receberam alta no dia seguinte à intervenção (Erika Almeida/Divulgação)

Equipe durante cirurgia intrauterina no Hospital Samaritano de Campinas: mãe e feto passam bem e receberam alta no dia seguinte à intervenção (Erika Almeida/Divulgação)

Inédita na rede particular da cidade até então, o Hospital Samaritano de Campinas, inaugurado há 35 anos, foi pioneiro ao realizar uma cirurgia intrauterina no dia 4 de maio, em uma paciente de 33 anos, grávida de 25 semanas. O procedimento visava a correção de uma mielomeningocele — defeito congênito no fechamento do tubo neural que compromete a medula —, o que reduziria os riscos de hidrocefalia no feto, que pode causar aumento na pressão intracraniana e inchaço do crânio. Contudo, Mauro Villa Real, do PHS Samaritano Saúde e diretor clínico da unidade de Hortolândia, explica que o problema não foi resolvido devido a uma dificuldade técnica, o que considerou uma infelicidade. Maurício Saito, membro titular da Academia Brasileira de Ultrassonografia e dirigente de Medicina Fetal de várias instituições, veio de São Paulo junto com sua equipe, exclusivamente para realizar a intervenção. O médico explica que, eles tentaram realizar a cirurgia “por meio de uma fetoscopia, quando são utilizados pontos com materiais específicos para o fechamento da abertura no tubo neural” no feto que tem também a síndrome de Arnold-Chiari, uma malformação do crânio que acontece na altura da junção entre o pescoço e a cabeça. A operação durou cerca de três horas. Mãe e feto passam bem e receberam alta no dia seguinte à intervenção. Bruno César Mariano, coordenador do Centro Cirúrgico, comenta que “um novo procedimento para a reparação do canal será realizado quando o bebê nascer”. Responsável pelo pré-natal, o ginecologista e obstetra Mauro Villa Real entende que a cirurgia integra um contexto de modernidade, pois “pode mudar o prognóstico” e, consequentemente, a história da vida, principalmente de uma criança. Para ele, o desdobramento foi positivo, apesar do objetivo planejado não ter sido atingido. Saito explica que a doença pode resultar em consequências graves para o bebê, deixando sequelas neurológicas como o retardo mental, por exemplo. “Os nervos expostos da coluna também podem ser lesionados pelo líquido amniótico. As complicações desta situação dependem do nível das vértebras comprometidas. A forma mais comum é a lombossacral, dessa forma podendo levar à falta de controle da urina, da evacuação intestinal e da sensibilidade da genitália, além da paraplegia dos membros inferiores (perda dos movimentos das pernas)”, completou. Espinha bífida A mielomeningocele é uma das três formas de apresentação da chamada espinha bífida, sendo considerada o modelo aberto, quando a medula e alguns nervos também estão expostos nas costas do bebê. As outras formas são a oculta e a meningocele. A primeira é assintomática e a segunda é caracterizada pelo nascimento notório somente das meninges da coluna. As causas da patologia não são conhecidas ao certo. O consenso é que, a exemplo de outras doenças, é originada de uma combinação de alguns fatores ambientais e genéticos, que incluem, entre outros, histórico familiar. SAIBA MAIS A mielomeningocele comumente implica em problemas neurológicos, resultando em sintomas e sinais como perda de controle intestinal, convulsões, fraqueza muscular das pernas, problemas ortopédicos, presença de pelos na parte posterior da pélvis, além da hidrocefalia.

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